Israelenses realizam maior protesto desde início da guerra em Gaza e pedem eleições antecipadas

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Dezenas de milhares de israelenses se reuniram em frente ao Parlamento de Jerusalém neste domingo, 31, na maior manifestação contra o governo desde que o país entrou em guerra contra o grupo terrorista Hamas. Os manifestantes pedem o governo para que entre em um acordo para libertar os reféns detidos em Gaza e que realize eleições antecipadas.

 

A multidão se estendeu por quarteirões ao redor do Knesset, como é conhecido o prédio do parlamento, e os organizadores prometeram continuar a manifestação por vários dias. Os manifestantes clamavam ao governo para cancelar o próximo recesso parlamentar e realizar novas eleições, quase dois anos antes do previsto.

 

Quase seis meses de guerra renovaram as divisões na sociedade israelense. O Hamas matou cerca de 1,2 mil pessoas durante o seu ataque em outubro e fez outras 250 reféns. Cerca de metade deles foram libertados durante um cessar-fogo em novembro, mas diversas outras tentativas de mediadores internacionais para haver outro acordo de cessar-fogo falharam.

 

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu prometeu destruir o Hamas e trazer todos os reféns para casa. Mas esses objetivos têm sido ilusórios. Embora o Hamas tenha sofrido grandes perdas, o grupo permanece ativo e as famílias dos reféns acreditam que o tempo está se esgotando.

 

"Depois de seis meses, parece que o governo entende que Bibi Netanyahu é um obstáculo", disse o manifestante Einav Moses, cujo sogro, Gadi Moses, é mantido refém. "Como se ele realmente não quisesse trazê-los de volta, que eles falharam nesta missão."

 

Netanyahu, em discurso transmitido pela televisão antes de ser submetido a uma cirurgia de hérnia neste domingo, 31, disse compreender a dor das famílias dos reféns. "Farei tudo para trazer os reféns para casa", disse ele.

 

Ele também disse que convocaria novas eleições - no que descreveu como um momento antes da vitória. Netanyahu também repetiu a sua promessa de uma ofensiva militar terrestre em Rafah, a cidade do sul de Gaza, onde mais de metade da população do enclave se abriga depois de fugir dos combates em outros locais. "Não há vitória sem entrar em Rafah", disse ele.

 

Os militares disseram que os batalhões do Hamas permanecem lá. Aliados e grupos humanitários alertaram para uma catástrofe com uma ofensiva terrestre em Rafah.

 

Premiê passa por cirurgia

 

Enquanto os protestos acontecem em Jerusalém, Netanyahu será submetido a uma cirurgia de hérnia, conforme anunciou seu gabinete. O ministro da Justiça, Yariv Levin, que tem o posto de vice-primeiro-ministro, assumirá as funções de Netanyahu durante a cirurgia, segundo o governo.

 

Os médicos descobriram que Netanyahu tem uma hérnia durante um exame de rotina no sábado, 30. O governo decidiu que o primeiro-ministro seria submetido a uma cirurgia no final do dia, depois de cumprir sua agenda, informou o gabinete.

 

Netanyahu, 74 anos, manteve uma agenda lotada durante a guerra de quase seis meses de Israel contra Hamas, e seus médicos disseram que ele está com boa saúde. No ano passado, porém, os médicos reconheceram que ele havia ocultado um problema cardíaco há muito conhecido depois de implantarem um marca-passo, em julho.

 

Ataque em hospital de Gaza matou 4

 

Também no domingo, um ataque aéreo israelense atingiu um acampamento no pátio de um hospital lotado no centro de Gaza, matando quatro palestinos e ferindo outros 17, incluindo jornalistas que trabalhavam nas proximidades.

 

Um repórter da Associated Press filmou o ataque e as consequências no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, onde milhares de pessoas se abrigaram. Os militares israelenses disseram ter atingido um centro de comando do grupo Jihad Islâmica.

 

Milhares de pessoas procuraram abrigo nos hospitais de Gaza, considerando-os relativamente protegidos contra ataques aéreos. Israel acusa o Hamas de agir dentro e ao redor de instalações médicas, o que as autoridades de saúde de Gaza negam.

 

Há quase duas semanas, as tropas israelenses realizam uma operação militar no hospital Al-Shifa, o maior de Gaza e dizem que mataram dezenas de terroristas, incluindo importantes agentes do Hamas.

Em outra categoria

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), posicionou-se contrário à camisa de cor vermelha como uniforme da seleção brasileira, diante da possível mudança que causou reações entre políticos. Em rede social, Motta publicou nesta terça-feira, 29, uma foto vestindo o uniforme de número 2, azul, reforçando sua preferência pela cor.

A polêmica envolvendo a cor da camisa da seleção começou quando o site inglês Footy Headlines, especializado em camisas de clubes de futebol, publicou que o segundo uniforme da seleção brasileira na Copa de 2026 seria da cor vermelha.

A mudança foi criticada por parlamentares ligados à oposição, pela associação da cor vermelha ao PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e à esquerda.

O deputado Zé Trovão (PL-SC) apresentou um projeto de lei (PL) na terça-feira para impedir a seleção brasileira de utilizar um uniforme vermelho. O parlamentar está entre os políticos que se manifestaram publicamente contra a possibilidade. A cor está associada a partidos e correntes de esquerda. O PL visa tornar obrigatório a utilização das cores oficiais da Bandeira Nacional (verde, amarelo, azul e branco).

Caso levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a se manifestar na noite da terça-feira, para afirmar que a cor do uniforme de número 2 ainda não foi definida.

A oposição na Câmara dos Deputados reuniu, na noite desta terça-feira, 29, o número mínimo de 171 assinaturas para poder protocolar o requerimento de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o esquema fraudulento de deduções indevidas em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A "CPI das Fraudes do INSS", de autoria de Coronel Chrisóstomo (PL-RO) foi uma reação após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação que identificou um esquema de cobranças irregulares que soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF.

No processo, 11 entidades associativas foram alvo de medidas judiciais. Em troca dos descontos mensais, elas afirmam que prestam serviços dos mais diversos tipos, como assistência funerária, consultas médicas e "maridos de aluguel" (reparos em residências).

Como mostrou o Estadão, os valores repassados pelo governo federal ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) - que tem o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Frei Chico, como vice-presidente - cresceram 564% de 2020 para 2024, a partir dos descontos nas mensalidades de aposentados e pensionistas do INSS

Como resultado, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão. Outros seis servidores públicos foram afastados de suas funções, como o diretor de Benefícios de Relacionamento com cidadão, o procurador-geral junto ao INSS, o coordenador geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente e o coordenador geral de Pagamentos e Benefícios.

"Não podemos permitir que sindicatos usem a estrutura pública para cometer abusos contra quem mais precisa de proteção", disse Chrisóstomo.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

A decisão de instaurar ou não a CPI caberá ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Até o momento, nenhuma comissão investigativa foi aberta desde que o novo comandante da Casa legislativa assumiu a função, em fevereiro deste ano.

O PSOL apresentou nesta quarta-feira, 30, consultas a comissões da Câmara dos Deputados para saber se o ex-deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) poderá ou não manter os direitos políticos após perder o mandato por faltas.

A reação do partido ocorre após decisão da Mesa Diretora da Casa, que acabou optando por essa solução em vez de julgar a cassação em plenário. Segundo o PSOL, o recurso pode ser usado para driblar a Lei da Ficha Limpa.

Como mostrou o Estadão, por esse meio, Chiquinho Brazão continua elegível e, caso não receba uma condenação até outubro de 2026, pode até mesmo lançar candidatura e participar do pleito do próximo ano.

O PSOL protocolou consultas à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ao Conselho de Ética da Câmara para saber se deputados que perderem em mandato por falta ficariam inelegíveis ou não.

As duas as consultas seguirão o rito regimental: serão designados relatores e o parecer será votado nos colegiados.

Para o PSOL, se deputados que perderem o mandato por faltas mantiverem os direitos políticos, esse recurso pode ser usado para driblar a inelegibilidade.

"Parlamentares sob risco de cassação poderiam se valer da ausência deliberada como estratégia para evitar punições mais severas, incluindo a inelegibilidade por oito anos prevista na Lei da Ficha Limpa", argumenta o partido.

Brazão, preso desde março de 2024, teve a cassação aprovada no Conselho de Ética desde agosto desse mesmo ano. Mesmo assim, com o caso pronto para julgamento, o plenário não deu o parecer final.

Isso permitiu que o parlamentar mantivesse a cadeira na Câmara, mesmo preso, até o dia 24 de abril deste ano, quando a Mesa Diretora decidiu pela perda do mandato por ter mais de 1/3 de faltas.

O Estadão mostrou que, desde que foi preso, Brazão e o gabinete custaram mais de R$ 1,8 milhão aos cofres públicos.

O parlamentar carioca foi preso preventivamente sob a acusação de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Se fosse cassado, segundo a Lei da Ficha Limpa, Chiquinho Brazão ficaria inelegível até 2035.