Por que Taiwan sofre tanto com terremotos e tem tanto preparo para lidar com eles?

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Na quarta-feira, 3, Taiwan foi atingida pelo terremoto mais forte dos últimos 25 anos. Pelo menos nove pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas, edifícios e estradas foram danificados e dezenas de trabalhadores em pedreiras ficaram isolados.

 

Fortes terremotos não são novidade para Taiwan, mas seu impacto sobre os 23 milhões de moradores da ilha altamente tecnológica vem sendo relativamente contido graças ao excelente preparo contra os tremores de terra, segundo os especialistas.

 

Segue uma visão mais detalhada sobre o histórico de terremotos em Taiwan:

 

Por que tantos tremores?

 

Taiwan fica ao longo do "Círculo de Fogo" do Pacífico, a linha de falhas sísmicas que circunda o Oceano Pacífico, onde ocorre a maioria dos terremotos do mundo.

 

Essa região é especialmente vulnerável aos tremores em razão da tensão acumulada pela interação entre duas placas tectônicas, a Placa das Filipinas e a Placa Euroasiática, que pode levar a liberações repentinas na forma de terremotos.

 

A paisagem montanhosa da região também pode ampliar o tremor do solo, levando a deslizamentos de terra. Vários desses deslizamentos aconteceram na costa leste de Taiwan, perto do epicentro do terremoto de quarta-feira, no condado de Hualien, e os destroços caíram sobre túneis e rodovias, esmagando veículos e causando várias mortes.

 

Taiwan está equipada para lidar com terremotos?

 

O terremoto de quarta-feira teve uma intensidade de 7,2, segundo a agência de monitoramento de terremotos de Taiwan, enquanto o Serviço Geológico dos EUA estimou em 7,4. Ele danificou vários edifícios em Hualien, mas causou apenas pequenos prejuízos na capital Taipé, embora tenha sido percebido com intensidade ali.

 

O tremor aconteceu em meio à hora do rush matinal, mas atrapalhou apenas discretamente a rotina comum. Poucos minutos depois, os pais estavam novamente levando as crianças a pé para a escola, e os trabalhadores conduziam seus carros até o escritório.

 

"O preparo de Taiwan contra terremotos está entre os mais avançados do mundo", diz Stephen Gao, sismólogo e professor da Universidade de Ciência e Tecnologia do Missouri. "A ilha implementou códigos de construção rigorosos, uma rede sismológica de nível internacional, e amplas campanhas de conscientização do público sobre segurança contra terremotos."

 

O governo reavalia continuamente o nível de resistência sísmica exigido dos edifícios novos e dos já existentes, o que pode aumentar os custos de construção, e oferece subsídios aos moradores dispostos a verificar a resistência de seus prédios.

 

Após um terremoto ocorrido em 2016 em Tainan, na costa sudoeste da ilha, cinco pessoas envolvidas na construção de um prédio de apartamentos de 17 andares, a única grande estrutura a desabar, matando dezenas, foram condenadas à prisão por negligência.

 

Taiwan também está investindo em treinamentos para terremoto em escolas e locais de trabalho, e mídias públicas e celulares frequentemente transmitem avisos sobre terremotos e segurança.

 

"Essas medidas aumentaram significativamente a resiliência de Taiwan aos terremotos, ajudando a mitigar o potencial de dano catastrófico e perda de vidas", diz Gao.

 

O terremoto de 1999 foi um sinal de alerta

 

Taiwan e as águas do entorno registraram aproximadamente 2 mil terremotos com magnitude igual ou superior a 4,0 desde 1980, e mais de 100 terremotos com magnitude acima de 5,5, segundo o Serviço Geológico dos EUA.

 

O pior terremoto da ilha nos últimos anos ocorreu em 21 de setembro de 1999, com magnitude de 7,7. Ele causou 2.400 mortes, feriu cerca de 100 mil pessoas, e destruiu milhares de edifícios.

 

Foi também um grande sinal de alerta que levou a importantes reformas administrativas para melhorar a resposta a emergências e a mitigação de desastres, segundo Daniel Aldrich, professor de ciência política e políticas públicas na Universidade Northeastern.

 

"Os observadores criticaram duramente a resposta de Taiwan ao terremoto de 21 de setembro de 1999, alegando que as equipes médicas de emergência levaram horas para chegar, as equipes de resgate não tinham treinamento adequado, e as operações entre os órgãos do governo não estavam bem coordenadas", listou ele, por e-mail. Como resultado, o governo aprovou a Lei de Prevenção e Proteção contra Desastres, e criou dois centros nacionais para lidar com a coordenação e o treinamento em caso de terremotos.

 

"Acho que estamos vendo os resultados nesse tremor mais recente", diz.

Em outra categoria

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou, neste sábado, 28, o pedido da defesa de Daniel Silveira para restabelecer a liberdade do ex-deputado federal.

Daniel Silveira foi preso pela Polícia Federal (PF) na última terça-feira após ordem de Moraes, segundo quem o ex-deputado descumpriu as condições impostas para que ele pudesse deixar a prisão, benefício que havia sido concedido dias antes.

A defesa do ex-deputado classificou a decisão como "desproporcional, arbitrária, ilegal e irracional", alegando que ela reflete um "espírito persecutório" e constitui "abuso de autoridade". Os advogados também afirmaram que todas as justificativas foram apresentadas, mas desconsideradas pelo relator.

Na decisão deste sábado, Moraes diz que as alegações dos advogados de Silveira, que incluem suposto desconhecimento sobre as regras para a liberdade condicional, revelam "má-fé" ou "desconhecimento da legislação".

"Somente absoluta má-fé ou lamentável desconhecimento da legislação processual penal podem justificar as alegações da defesa. Essa mesma restrição judicial (Proibição de ausentar-se da Comarca e obrigação de recolher-se à residência no período noturno, das 22h00 às 6h00, bem como nos sábados, domingos e feriados), recentemente, foi determinada em mais de 1.100 casos relacionados aos crimes de 8/1, tendo sido todas observadas integralmente e sem qualquer confusão de entendimento", diz Alexandre de Moraes ao rejeitar os embargos da defesa de Silveira.

A Associação Amazonense de Municípios (AAM) cumpriu ainda nesta sexta-feira, 27, a determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e publicou uma nota dizendo que não houve a "retirada" de recursos de emendas parlamentares destinadas à Saúde, mas sim um bloqueio temporário.

Nesta sexta-feira, Dino respondeu a um ofício protocolado pela entidade, que questionou o bloqueio e alegou haver uma "retirada" de verbas, o que, segundo a organização, estaria prejudicando os serviços de saúde no Amazonas.

Em resposta, o ministro disse que a transferência dos recursos "pode e deve" ser feita a qualquer momento, assim que cada município ou Estado abra uma conta específica para o recebimento daquela emenda, e detalhou o passo a passo de como deve ser feita.

Sobre a correção da informação, Dino deu 24 horas para a entidade esclarecer a sociedade amazonense, por meio de nota à imprensa e publicada em seu site. No novo comunicado, a associação copiou e colou partes da determinação do ministro, e acrescentou um "alerta" sobre o "curto prazo dado para o cumprimento" da exigência das contas, o que, segundo alega, "afetou negativamente a execução orçamentária e financeira dos municípios, especialmente em um período de transição de mandato".

A suspensão das emendas em questão foi consequência do descumprimento de decisão judicial de agosto, que determinava a abertura de contas específicas para o recebimento desses recursos, o que garantiria maior rastreabilidade. Dino sustentou que o bloqueio foi uma sugestão técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), visando evitar o mau uso das emendas parlamentares na Saúde.

Dino ainda reiterou que o bloqueio se refere exclusivamente a emendas parlamentares. "Esclareço que não houve nem há bloqueio de recursos oriundos de outras fontes inerentes ao SUS. Os Fundos podem ser usados normalmente. As medidas em foco referem-se exclusivamente a emendas parlamentares federais[...]", explicou. Na mesma determinação, o ministro deu o prazo de 10 dias úteis para que a Advocacia-Geral da União (AGU) explique porque as contas não foram abertas.

Na última segunda-feira, 23, Dino suspendeu pagamentos de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares, alegando falta de transparência. Nesta sexta-feira, 27, Câmara dos Deputados argumentou à Corte que seguiu a legislação vigente para os repasses e pediu a revogação das medidas determinadas por Dino.

O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) autorizou nesta sexta-feira, 27, a instauração de um processo para rescindir os contratos com as empresas de ônibus UpBus e Transwolff, acusadas pelo Ministério Público de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O despacho, publicado no Diário Oficial do município na noite da sexta-feira, esclarece que o processo será conduzido pela Secretaria Municipal de Transportes e que a decisão caberá ao Chefe do Executivo. As empresas serão notificadas e terão o prazo de 15 dias para se defenderem. Caso a Prefeitura decida pela perda da validade dos contratos, novas contratações serão lançadas.

"Esse é o início do processo, agora abre prazo para defesa e após, dependendo da defesa, se decreta a caducidade. A Procuradoria do Município está fazendo tudo com muita cautela, com prazo para defesa, direito ao contraditório… visando instruir bem o processo", disse Nunes ao Estadão.

As defesas das duas empresas não foram encontradas para comentar a decisão da Prefeitura. O espaço segue aberto.

Desde o ano passado, as duas empresas são investigadas pela Operação Fim da Linha, que revelou as possíveis ligações com PCC. O presidente de uma delas, a UPBus, Ubiratan Antônio da Cunha, foi preso na última sexta-feira, 20, por descumprir medidas cautelares no bojo da mesma Operação.

Em fevereiro, o Estadão revelou que após as acusações terem se tornado públicas, em 2022, com prisões efetuadas e apreensões de bens, as companhias, mesmo assim, receberam R$ 827 milhões em repasses da Secretaria Municipal de Transportes e assinaram oito novos contratos para operar o sistema.

No total, sete companhias de ônibus foram ou estão sendo investigadas pela Polícia e pelo Ministério Público por suspeita de elo com o crime organizado. Juntas, são responsáveis por transportar 27,5% dos passageiros de ônibus da capital, e receberam R$ 2 bilhões da prefeitura de SP apenas em 2023.

Relembre o caso

A investigação do Ministério Público aponta para uma "infiltração" do PCC no setor de transportes, por meio do controle de empresas de ônibus operado por uma rede de laranjas e CNPJs fantasma. Duas das maiores empresas de ônibus de São Paulo foram acusadas de terem sido criadas com o dinheiro do PCC: a UPBus, supostamente controlada por integrantes da cúpula do PCC e seus parentes; e a Transwolff, a terceira maior empresa do setor na cidade, com 1.111 veículos circulando.

Como mostrou o Estadão em abril, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica apontaram, após quatro anos de investigação, para a existência de um cartel montado pelo crime organizado para se apossar do chamado Grupo Local de Distribuição do sistema municipal de transportes.

A Justiça determinou o afastamento de 15 acionistas da UPBus e seis da direção da Transwolff e da cooperativa Cooperpam. Na ocasião, também foi determinado que a Prefeitura fizesse uma intervenção nas duas empresas.

Poucos dias após a Operação Fim da Linha, Nunes afirmou que a Transwolff não iria mais administrar o sistema de ônibus aquáticos na represa Billings, na zona sul de São Paulo. A investigação foi amplamente usada por oponentes contra o então candidato a reeleição durante a campanha pela Prefeitura da capital paulista neste ano.