Palestinos retornam para cidade destruída no sul de Gaza após saída israelense

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A retirada das tropas terrestres israelenses do sul da Faixa de Gaza no fim de semana permitiu que milhares de palestinos regressassem à cidade de Khan Yunis na segunda-feira, 8, para tentar salvar o que sobrou da vasta destruição deixada pela ofensiva de Israel. Eles encontraram a cidade, a segunda maior de Gaza, irreconhecível, com milhares de edifícios destruídos ou danificados.

 

Homens, mulheres e crianças percorreram ruas, reduzidas a terra escavada por tratores, em busca de suas casas nos escombros do que antes eram blocos de apartamentos e empresas. Em outros quarteirões, os edifícios ainda estavam de pé, mas eram estruturas ocas, carbonizadas e cheias de buracos, com os andares superiores parcialmente destruídos e pendurados.

 

"Eu não consegui reconhecer o lugar", disse um trabalhador humanitário palestino sob condição de anonimato. "Nem mesmo as ruas estão mais lá", acrescentou, em entrevista por telefone. "Não apenas demolido, mas distorcido de uma forma que ninguém conseguia reconhecer."

 

Antes da guerra, a cidade era o lar de 400 mil pessoas e funcionava como um centro econômico no sul da Faixa de Gaza. No começo do conflito, passou a abrigar também os palestinos que seguiram a ordem para deixar o norte, antes que as forças israelenses avançassem com a incursão terrestre na Cidade de Gaza em resposta ao ataque terrorista do Hamas.

 

Em dezembro, contudo, Israel enviou tropas para Khan Yunis, sugerindo que Yehiya Sinwar, um líder do Hamas e arquiteto do atentado de 7 de outubro, poderia estar escondido em sua cidade natal, apontada por Tel-Aviv como reduto do grupo terrorista.

 

Rafah

 

As cenas de destruição em Khan Yunis evidenciaram o que tem sido um dos ataques militares mais destrutivos e letais do mundo nas últimas décadas, que deixou vastas áreas da Faixa de Gaza inabitáveis para os seus 2,3 milhões de habitantes. O cenário também adiantou o que poderia acontecerá em Rafah, no extremo sul de Gaza, onde metade da população desabrigada do enclave está atualmente amontoada, se Israel prosseguir com os planos de invadi-la.

 

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, intensificou sua promessa de invadir Rafah. "Isso vai acontecer. Há uma data", disse ele na segunda-feira, em uma mensagem de vídeo, sem dar mais detalhes.

 

Ele falou enquanto negociadores israelenses estavam no Cairo discutindo os esforços internacionais para mediar um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas. Em paralelo, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, disse que "a guerra continua e está longe de acabar".

 

Muitos dos milhares que entraram em Khan Yunis a pé e em carroças na segunda-feira estão abrigados em Rafah desde que fugiram de suas casas. A saída das tropas lhes deu a oportunidade de ver os destroços das suas moradias e recuperar alguns bens. Mas com a cidade agora inabitável, eles disseram que tinham poucas chances imediatas de voltar.

 

Magdy Abu Sahrour ficou chocado ao ver sua casa em Khan Yunis destruída. "Onde é minha casa, onde é minha casa? É uma situação trágica", disse, parado diante dos escombros.

 

Estima-se que 55% dos edifícios na área de Khan Yunis - cerca de 45 mil construções - foram destruídos ou danificados, de acordo com os últimos números de dois investigadores nos EUA que têm utilizado imagens de satélite para monitorar a destruição na cidade - Corey Scher, da City University de Nova York, e Jamon Van Den Hoek, da Oregon State University. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fará nesta segunda-feira, 24, pronunciamento em rede nacional de televisão. A declaração será às 20h30 desta segunda (pelo horário de Brasília) e terá duração de 2 minutos e 18 segundos, segundo ofício enviado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A mesma fala será veiculada em rede nacional de rádio na terça-feira às 6h30.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou nesta segunda, 24, que terá forte participação na corrida eleitoral de 2026, seja como candidato da direita à Presidência da República, seja como apoiador de algum nome ainda não escolhido. Zema, porém, apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como o "mais viável" da direita, caso esteja elegível.

"No ano que vem, vocês vão me ver muito sendo candidato ou apoiando candidato à Presidência", disse em debate na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro."

Pouco depois, indagado sobre a possibilidade de Bolsonaro buscar o retorno ao Palácio do Planalto, apontou: "O presidente Bolsonaro, com toda certeza, caso elegível, seria o candidato mais viável da direita. Acho que todos os governadores de direita tem plena ciência disso e, na minha opinião, estariam apoiando. Então, é aguardarmos a definição sobre o que vai acontecer com o processo dele ou não", afirmou, frisando que a Justiça tem sido "pródiga em condenar e descondenar ao sabor do momento".

Sobre a própria candidatura, Zema despistou: "Eu não tenho nenhum plano de poder pessoal. Tenho muitas atividades às quais eu posso me dedicar". "O que eu quero é contribuir se o candidato for um outro governador, uma outra pessoa que a direita se uniu para apoiar".

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedirá a anulação do acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Um dos principais argumentos dos defensores do ex-presidente é que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito da tentativa de golpe de Estado, ameaçou a família do militar para pressioná-lo a fechar a delação.

"O ministro marcou uma audiência para salvar a delação. Pode isso? O juiz da causa pode dizer para o colaborador que se ele não falar a verdade ele vai ser preso e perde a imunidade para a sua filha, para sua mulher e para o seu pai? O juiz pode fazer o papel de instrução no processo acusatório? Precisamos discutir isso", afirmou o criminalista Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, em entrevista à GloboNews.

Uma eventual anulação da delação de Cid pode abrir brechas para contestações processuais futuras, além de descredibilizar a investigação da Polícia Federal (PF) que implicou 40 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro e militares de alta patente, em um plano de ruptura institucional. Dos 40 indiciados pela PF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas ao STF na terça-feira, 18. A defesa de Bolsonaro disse, em nota, que a denúncia da PGR é "inepta" e que a delação do tenente-coronel é "fantasiosa".

Os defensores de Jair Bolsonaro afirmam que Cid foi coagido a depor sob ameaça de prisão e de retaliação aos seus familiares. A versão, porém, esbarra nos próprios termos com os quais o tenente-coronel fechou seu acordo de colaboração homologado pela Justiça em agosto de 2023.

Com a divulgação dos depoimentos na última quarta-feira, 19, após a derrubada do sigilo, revelou-se que Cid fez quatro exigências para realizar a delação: perdão judicial ou prisão de no máximo dois anos; restituição de bens e valores apreendidos; segurança para ele e sua família; extensão de benefícios para pai, mulher e filha.

Caso Cid descumprisse o acordo, as contrapartidas da delação estariam ameaçadas, além de caber o decreto de prisão preventiva. Esse foi o alerta realizado por Moraes na audiência com o tenente-coronel em 21 de novembro.

Dois dias antes, em 19 de novembro, a PF deflagrou a Operação Contragolpe, que revelou a existência de um plano de assassinatos e sequestros de autoridades públicas. As diligências indicaram que Mauro Cid conhecia o esboço, denominado de "Punhal Verde e Amarelo", mas não revelou sua existência durante seus depoimentos.

Dessa maneira, o tenente-coronel descumpriu seu acordo com a Justiça. O termo de delação prevê que o investigado não minta às autoridades. A omissão de informações também não é permitida. Em audiência com Cid, Moraes relembrou que a delação não prevê somente "benefícios", mas também "obrigações". "Das obrigações, a maior delas é falar a verdade. É não se omitir, não se contradizer. Não há na colaboração premiada esta ideia de que 'só respondo o que me perguntam'", disse o relator do inquérito.

Moraes ditou os benefícios pleiteados por Cid, inclusive o tópico relativo à blindagem da família do militar. "Eventual rescisão (da delação) englobará, inclusive, a continuidade das investigações e a responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior", avisou Moraes.

O relator não se referia à proteção pessoal dos familiares de Cid, e sim aos benefícios pleiteados pelo tenente-coronel aos seus parentes implicados em outras investigações da Polícia Federal.

O inquérito da PF sobre fraudes no cartão de vacinas de Jair Bolsonaro revelou que a falsificação também foi acionada pelo ex-ajudante de ordens em favor de Gabriela Cid, sua esposa, e de três filhas do casal.

Já Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, foi indiciado pela PF no caso das joias, revelado pelo Estadão. A investigação revelou que Lourena Cid, sob instruções do filho, agiu para converter em dinheiro os presentes concedidos ao Brasil e apropriados por Jair Bolsonaro.