Primeiro-ministro da Eslováquia baleado: entenda o que se sabe até agora sobre o atentado

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O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi baleado cinco vezes na quarta-feira, 15, no ataque mais grave a um líder europeu em décadas. As autoridades disseram que o ato foi uma tentativa de assassinato com motivação política, alimentando temores de que a política cada vez mais polarizada da Europa possa levar à violência.

Fico passou uma cirurgia de emergência depois de ser gravemente ferido em uma cidade no centro da Eslováquia. Funcionários do hospital e do governo disseram nesta quinta-feira, 16, que a condição de Fico se estabilizou durante a noite, mas permanece grave.

Um suspeito do assassinato do primeiro-ministro foi acusado do crime, segundo o ministro do Interior do país, descrevendo-o como um "lobo solitário" que se radicalizou após as eleições presidenciais do mês passado. A polícia prendeu o atirador, Juraj Cintula, de 71 anos, que seria ultranacionalista e simpatizante de um grupo paramilitar pró-Rússia.

Como o atentado aconteceu?

Vídeos da cena indicam que Fico foi baleado na Praça Banikov, no centro da cidade de Handlova, onde o primeiro-ministro realizou uma reunião do governo.

O agressor é visto nos vídeos parado com outras pessoas atrás de uma barreira de metal antes de dar um passo à frente e atirar em Fico.

Fico caiu para trás em um banco após ser atingido, e os agentes de segurança o empurraram para dentro de um carro preto. O primeiro-ministro foi transportado de avião para um hospital em Banska Bystrica, uma cidade perto de Handlova, segundo autoridades eslovacas.

Qual é a condição de Fico?

A condição de Fico estabilizou durante a noite e os médicos estavam realizando mais procedimentos em um esforço para melhorar o seu estado de saúde, segundo o vice-primeiro-ministro Robert Kalinak na manhã desta quinta-feira 16, em uma coletiva de imprensa fora do hospital onde o primeiro-ministro está sendo tratado.

Miriam Lapunikova, diretora do hospital, disse que Fico passou por cinco horas de cirurgia devido a vários ferimentos. Ela disse que o estado dele continuava "verdadeiramente muito grave" e que ele permanecia na unidade de terapia intensiva.

Quem é o atirador?

Autoridades do país europeu apontaram que um suspeito foi indiciado pelo atentado. As autoridades não identificaram o suspeito, mas afirmaram que as evidências iniciais mostravam que o ato tinha "claramente" motivação política.

"Pela primeira vez nos 31 anos da nossa república democrática soberana, aconteceu que alguém decidiu expressar uma opinião política não numa eleição, mas com uma arma na rua", escreveu Matus Sutaj Estok, ministro do Interior da Eslováquia, no Facebook.

A polícia prendeu o atirador, Juraj Cintula, de 71 anos, que seria ultranacionalista e simpatizante de um grupo paramilitar pró-Rússia.

Quais foram as reações?

Na Eslováquia, a tentativa de assassinato aumentou a polarização em um cenário político já dividido, com os aliados de Fico acusando os oponentes de terem "sangue nas mãos". Lubos Blaha, representante do partido de Fico, Smer, disse que os opositores e o que ele chamou de "a mídia liberal" "construíram uma forca" para o primeiro-ministro.

No exterior, o atentado rendeu condenações de líderes mundiais, incluindo o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Putin elogiou Fico, que expressou opiniões pró-Rússia, e disse que "este crime monstruoso não tem justificativa". Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria e aliado de Fico, disse que estava "profundamente chocado com o ataque hediondo contra o meu amigo".

As condenações também vieram dos Estados Unidos e da União Europeia. O presidente americano Joe Biden chamou o atentado de "ato horrível de violência", e Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, chamou o ataque de "vil" nas redes sociais.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, que tem enfrentado a diminuição do apoio da Eslováquia apesar de ter entregue caças à Ucrânia quando a guerra começou, também condenou o ataque.

Quem é Robert Fico?

Fico, que é primeiro-ministro há mais tempo do que qualquer outro líder eslovaco, apresentou-se como um lutador do homem comum e um inimigo das elites liberais. Tal como Orbán, da Hungria, Fico se opõe à imigração de fora da Europa e à ajuda à Ucrânia.

Começou a sua carreira política de três décadas na esquerda, mas ao longo dos anos abraçou opiniões políticas de direita, tal como o seu partido, o Smer.

Fico serviu anteriormente como primeiro-ministro de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018. Ele foi deposto em meio a protestos de rua em 2018 pelo assassinato de um jornalista que investigava a corrupção no governo, mas foi reeleito no ano passado após uma campanha em que ele assumiu posições pró-Rússia, prometeu conservadorismo social, nacionalismo e generosos programas de assistência social.

Os seus críticos descreveram alguns dos planos de Fico como tentativas de devolver a Eslováquia aos tempos repressivos soviéticos e criticaram os esforços do seu governo para reformar a televisão estatal.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou neste sábado, 8, a advogada Verônica Abdalla Sterman para uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM). A indicação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), no Dia Internacional da Mulher.

A advogada precisa ser sabatinada pelo Senado e ter o nome aprovado pela Casa para assumir a vaga no tribunal superior responsável por julgar crimes militares.

Caso tenha o nome chancelado, Verônica Sterman assumirá cadeira na Corte destinada à advocacia que será aberta em abril, com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente do tribunal.

O nome de Verônica Sterman era defendido pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e pela nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

A advogada defendeu Gleisi e o ex-marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, em casos da Operação Lava Jato.

A petista fez uma publicação no Instagram sobre a nomeação da advogada. "Parabéns Verônica! Parabéns presidente", escreveu Gleisi na rede social, neste sábado.

Pressão

A indicação para a vaga é de livre escolha do presidente da República, desde que requisitos sejam cumpridos, como ter mais de 35 anos de idade e notável saber jurídico. Lula, contudo, era pressionado para escolher uma mulher.

Publicamente, a ministra Maria Elizabeth Rocha, que assumirá a presidência do STM na próxima quarta-feira, fez um apelo ao presidente.

"Estou aqui clamando ao presidente para que eu tenha uma companheira que possa, junto comigo, defender as questões de gênero. Muitas vezes, por eu ser a única na Corte, minha voz é pouco ouvida. Mas não me rendo à homogeneidade", declarou a ministra durante entrevista à CNN Brasil no último dia 1.º.

Se for aprovada pelos senadores, Verônica Sterman será a segunda mulher nomeada ministra da Corte superior.

Maria Elizabeth Rocha foi a primeira ministra indicada para o STM desde 1808, quando o tribunal foi criado por d. João VI. Ela também foi nomeada por Lula, em 2007, para a vaga destinada à advocacia.

Preterida

Verônica Sterman é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com mestrado em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP). Aos 40 anos, é sócia do escritório da Abdalla Sterman Advogados.

Em agosto do ano passado, a advogada foi preterida por Lula na indicação para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3). Na ocasião, ele escolheu Marcos Moreira, apadrinhado de Luiz Marinho, ministro do Trabalho.

Lula é alvo e críticas por priorizar homens nas indicações para os tribunais superiores. Neste terceiro mandato, por exemplo, o petista escolheu Cristiano Zanin e Flávio Dino para cadeiras no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um vídeo publicado no Instagram, o presidente disse esperar que a Corte tenha compreensão para diferenciar o que é crime militar do que é crime comum.

"Eu tenho certeza de que você e a Maria Elizabeth vão mudar a história do STM. Um STM que tenha a compreensão do que é crime militar e do que é crime comum. Eu acho que vai ser bom para a sociedade, para o STM e para as mulheres", afirmou o petista, ao lado da advogada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo informou neste sábado, 8, que atualmente o total 45,6% dos servidores federais ativos são mulheres, um aumento de 3,21% em relação a 2022. Em ponto porcentual, o aumento foi de 0,8 p.p.

Até o início de 2025, eram 261,4 mil servidoras, do total de 572,8 mil ativos.

Os dados foram compilados pelo Observatório de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Já entre os cargos de direção e assessoramento criados pelo atual governo, 76% são ocupados por mulheres, segundo o estudo, em um total de 1,2 mil postos criados.

Essas ocupações estão incluindo coordenadorias-gerais, diretorias, assessorias especiais, secretarias e equivalentes. No geral, há 11,4 mil funcionários no setor público nesses cargos, sendo apenas 39,2% ocupados por mulheres.

Com voto da ministra Carmén Lúcia neste sábado, 8, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar réus os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção pelo uso indevido de emendas parlamentares.

Além de Cármen Lúcia, os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, que é relator do caso, também votaram a favor de aceitar a denúncia ofertada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta que o trio cobrava uma propina de 25% dos recursos destinados para o município de São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, capital maranhense.

Os parlamentares negam irregularidades no direcionamento dos recursos. As defesas pediram ao STF a rejeição da denúncia por falta de provas.

Os ministros Flávio Dino e Luiz Fux, que completam a Primeira Turma, ainda não apresentaram seus votos. O julgamento corre até o dia 11 de março no plenário virtual do STF.

Segundo a denúncia da PGR, baseada em investigação da Polícia Federal (PF), os três parlamentares teriam pedido propina de R$ 1,66 milhão em troca de R$ 6,67 milhões destinados ao município na área da saúde.

Entre as provas coletadas pela PF, estão conversas em que os deputados mencionam reuniões para cobrar pagamento de comissões, além da organização de agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os nomes dos três deputados foram antecipados em outubro do ano passado pelo Estadão.

Na época, foi revelado que a PF encontrou, no celular de Maranhãozinho, uma troca de mensagens com os outros dois deputados e também com o empresário Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, sobre a negociação de emendas para o município.

A investigação que levou à denúncia dos parlamentares é um desdobramento de uma operação iniciada no Maranhão em dezembro de 2020.

Na ocasião, um prefeito do Estado denunciou à PF que Pacovan cobrava propina e dizia que atuava para parlamentares.

A PF apreendeu, entre os papéis desse investigado, uma lista com nomes dos parlamentares denunciados.