Israel planeja ofensiva no Líbano; EUA alertam para risco de escalada

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Israel e o Hezbollah estão se aproximando de uma guerra em grande escala após meses de hostilidade crescente e um aumento da pressão sobre o governo israelense para proteger sua fronteira norte. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse ontem que Israel está preparado para tomar "medidas muito fortes". Os EUA alertaram que uma escalada irá deteriorar a segurança de Israel, já em guerra com o Hamas na Faixa de Gaza, no sul.

 

O Hezbollah intensificou seus ataques com drones e foguetes, atingindo importantes instalações militares israelenses. Civis também têm sido alvo. Ontem, um ataque envolvendo dois drones deixou 11 feridos. A autoria da ação foi reivindicada pelo grupo.

 

Israel tem escalado sua resposta com ataques contra instalações do Hezbollah no Vale do Bekaa, no sul do Líbano, bem como contra oficiais militares seniores do grupo. Trata-se do pior combate entre os dois inimigos desde a guerra de um mês em 2006.

 

Sem um cessar-fogo em Gaza e um acordo subsequente com o Hezbollah que atenda às demandas de Israel, autoridades israelenses disseram ao Wall Street Journal que uma ofensiva é inevitável.

 

"Estamos preparados para uma ação muito intensa no norte", disse Netanyahu, ontem, durante uma visita a uma base militar na fronteira.

 

Benny Gantz, um ministro no gabinete de guerra, disse que Israel retornaria os residentes ao norte do país até 1.º de setembro - quando as aulas se reiniciam - "seja por meio de um acordo ou por uma escalada".

 

O Hezbollah, designado como uma organização terrorista pelos EUA e aliado do Irã, um país de maioria xiita assim como o grupo, abriu uma frente de batalha com Israel um dia depois dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, em apoio aos palestinos em Gaza. Segundo seus líderes, a campanha não se encerrará até que Israel cesse o conflito.

 

Relutante em abrir uma segunda frente, Israel inicialmente respondeu ao Hezbollah com ataques retaliatórios. Mas nas últimas semanas, ambos os lados dizem que houve um aumento acentuado nas hostilidades.

 

Incêndios florestais provocados por ataques de drones e foguetes do Hezbollah se espalharam pelo norte de Israel entre domingo, 2, e terça-feira, 4. Apesar de contidos, suas imagens incitaram pedidos em Israel para que, após oito meses de guerra de baixa intensidade que removeu mais de 60 mil israelenses de suas casas, o governo inicie uma ofensiva.

 

Pressão

 

"Eles estão queimando aqui, precisamos queimar todos os redutos do Hezbollah e destruí-los. Guerra!", disse Itamar Ben-Gvir, o ministro de Segurança Nacional de Israel, de extrema direita. Ele deu a declaração durante uma visita a Kiryat Shmona, uma cidade israelense afetada pelo incêndio.

 

Os EUA e a França vêm trabalhando na criação dos contornos de uma solução diplomática, transitando entre Israel e Líbano por meses. "Não queremos ver essa escalada, que só levaria a mais perdas de vidas tanto para israelenses quanto para libaneses e prejudicaria gravemente a segurança e a estabilidade de Israel na região", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.

 

As conversas visam mover as forças do Hezbollah alguns quilômetros mais ao norte e enviar o Exército libanês ou forças internacionais para a área, para forçar a remoção dos militantes da zona de fronteira, de acordo com diplomatas informados sobre as conversas. Autoridades libanesas não responderam a um pedido de comentário.

 

Recuar as forças manteria o Hezbollah fora do alcance de mísseis antitanque israelenses e impediria que o grupo pudesse levar adiante sua ameaça de longa data de invadir e conquistar o norte de Israel.

 

O Hezbollah, também um partido político poderoso no Líbano, diz que não concordará com nenhum acordo até que a guerra em Gaza seja interrompida. "Pedimos um cessar-fogo em Gaza e não pretendemos ampliar a guerra, mas se Netanyahu decidir expandir o conflito, não será um passeio no parque", disse Hassan Fadlallah, membro do bloco parlamentar do Hezbollah. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o julgamento que discute o Marco Civil da Internet e a responsabilidade das redes sociais por conteúdos publicados por terceiros será retomado neste semestre. A análise foi suspensa em dezembro por pedido de vista do ministro André Mendonça. "Isso é uma das nossas prioridades. Certamente vai ser julgado nesse semestre", disse em conversa com jornalistas na noite desta quinta-feira, 27.

Os três votos apresentados até agora estabelecem níveis diferentes de responsabilidade para as redes. Gilmar, que ainda não votou, avalia que a Corte deve manter em algumas situações a exigência de decisão judicial para remoção dos conteúdos, como nos casos de crimes contra a honra e debate parlamentar, para preservar a liberdade de expressão.

"Eu posso estar no plano das críticas normais, ainda que com palavras duras e ásperas. O debate parlamentar tem a discussão sobre a imunidade. Então, é uma das exceções, quer dizer, o crime contra a honra certamente vai, mais das vezes, exigir decisão judicial. Agora, há outros casos que mundo afora estão sendo reconhecidos, como pedofilia e pornografia infantil", afirmou.

Para Gilmar, alguns temas que devem ter consenso no plenário é no caso de crimes contra o Estado de Direito, terrorismo ou incentivo ao terrorismo e situações de crimes que podem ser identificados de forma mais objetiva, como venda de drogas. Nesses casos, o ministro acredita que a Corte vai estabelecer um regime de responsabilização mais duro.

O voto de um dos relatores, Luiz Fux, propôs que as empresas sejam obrigadas a remover conteúdos com injúria, calúnia e difamação (crimes contra a honra) assim que foram notificadas. Se não removerem, as plataformas podem ser multadas.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), já pautou o julgamento em que o plenário vai decidir se confirma a decisão do ministro Flávio Dino que aprovou o plano apresentado pelo Congresso para a indicação das emendas parlamentares, destravando os recursos.

A votação será no plenário virtual. Nessa modalidade, não há debate entre os ministros. Os votos são registrados em uma plataforma online. O julgamento terá início nesta sexta-feira, às 0h, e se estende pelo carnaval, até o dia 5 de março.

O processo foi pautado com urgência a pedido de Flávio Dino. O ministro pediu uma sessão extraordinária para os colegas se posicionarem sobre o tema, já que sua decisão monocrática teve efeito imediato. Dessa forma, a decisão final será do colegiado.

Em decisão na quarta-feira, 26, Dino homologou o plano de trabalho apresentado pelo Executivo e pelo Legislativo para dar mais transparência e rastreabilidade às emendas parlamentares. Ele também liberou parcialmente o pagamento dos recursos.

O ministro afirmou na decisão que os questionamentos formulados por ele foram respondidos "com a indicação das medidas executadas e a demonstração do planejamento de ações futuras". Entre os principais resultados mencionados, ele cita a reformulação do Portal da Transparência, a abertura de contas específicas para transferências fundo a fundo de recursos para a saúde e a realização de auditorias pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) apresentou nesta quinta-feira, 27, um projeto de lei para impedir a entrada de estrangeiros que atentem contra instituições e autoridades brasileiras. O parlamentar justificou a proposta citando a decisão do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que aprovou um projeto que barra a entrada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no país.

Para o deputado, a medida representa uma "ameaça direta à soberania brasileira e à liberdade de expressão no país". "Torna-se, assim, indispensável estabelecer mecanismos baseados no princípio da reciprocidade de modo que se responda proporcionalmente a atos legislativos de outros países que, em essência, possam constituir afronta à independência e à autoridade das nossas instituições", escreveu.

O projeto altera a Lei de Migração, incluindo um parágrafo na legislação sancionada em 2017 no País. "A proposta visa salvaguardar a integridade institucional dos Três Poderes brasileiros e proteger a soberania do Estado diante de ações estrangeiras que venham a limitar, de modo unilateral e punitivo, a livre circulação de magistrados, parlamentares e outros em virtude de decisões que proferem no exercício de suas funções", explica Paulinho da Força.

Para passar a vigorar, o texto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal e então, sancionado pelo presidente Lula.

O projeto que impede a entrada de Moraes nos Estados Unidos foi apresentado em setembro do ano passado, depois da rede social X ter sido bloqueada no Brasil por determinação do ministro, ao não cumprir exigências previstas na legislação brasileira para operar no País. Nesta quarta-feira, 26, o Comitê da Câmara dos Estados Unidos, que possui atuação semelhante à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara brasileira, aprovou o projeto.

O dispositivo "No Censors on our Shores Act" (Sem Censura em nosso Território), prevê que autoridades estrangeiras que atuarem contra a liberdade de expressão de cidadãos americanos sejam impedidas de entrar nos Estados Unidos ou possam ser deportadas.

Moraes fez um discurso nesta quinta-feira, 27, em defesa da soberania do Brasil e contra o "imperialismo". Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor", afirmou na sessão.