Trump ganha primeiro debate na eleição nos EUA e Biden demonstra fragilidade

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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ganhou o primeiro debate presidencial americano nesta quinta-feira, 27, em uma noite marcada pela fragilidade do presidente Joe Biden, que demonstrou nervosismo nas respostas e chegou a se perder no raciocínio em alguns momentos da discussão. Enquanto Trump deu uma série de declarações falsas durante a noite, Biden chegou a congelar em uma resposta na qual parecia perder o raciocínio. Segundo a imprensa americana, o desempenho de ruim Biden preocupa a cúpula democrata.

Trump se saiu melhor nas perguntas sobre os temas que mais prejudicam Biden: economia e imigração, mas teve um desempenho negativo quando foi questionado sobre defesa da democracia americana e sua condenação judicial no caso em que foi acusado de ocultar pagamentos secretos à atriz pornô Stormy Daniels, com o intuito de influir no resultado das eleições de 2016.

Já o presidente americano aumentou os temores relacionados à sua idade, com hesitações e paradas durante a fala, mas foi melhorando ao longo do debate, com algumas críticas a Trump. O democrata também se saiu melhor quando ressaltou a sua posição sobre o aborto. Nos comentários finais, no entanto, ele novamente pareceu perder a linha de raciocínio.

Economia

Biden começou sendo questionado sobre a situação da economia sob a sua administração, principalmente em relação à alta inflação, que está prejudicando o custo de vida dos americanos. O democrata afirmou que criou muitos empregos em seu primeiro mandato e baixou os preços da gasolina.

Já Trump apontou que Biden é o pior presidente da história dos Estados Unidos e ressaltou os números da economia durante o seu governo. O republicano disse que sua presidência foi prejudicada pela pandemia da covid-19 e que ele nunca teve o crédito merecido por recuperar a economia americana mesmo durante condições difíceis relacionadas à crise sanitária.

O ex-presidente também destacou que os empregos criados por Biden foram para imigrantes ilegais e prometeu impor tarifas comerciais contra países como a China, além de cortar impostos.

Aborto

Trump foi perguntado sobre suas posições em relação ao aborto e afirmou que é favorável ao procedimento em ocasiões que há ameaça à saúde da mãe. O republicano afirmou que "todo mundo, até os democratas", eram a favor de derrubar a jurisprudência que legalizava o aborto a nível federal, o que não é verdadeiro.

A Suprema Corte americana derrubou o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país. Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos, posição defendida por Trump.

O presidente americano foi questionado sobre suas posições em relação ao aborto e ele apontou que quer restaurar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade.

Guerra na Ucrânia

Os dois políticos foram questionados sobre a guerra na Ucrânia. Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, Biden tem sido o principal aliado de Kiev, com ajuda financeira e militar.

Já o ex-presidente Trump é critico das cifras enviadas por Washington à Ucrânia e ressaltou durante o debate que, se eleito, acabaria com a guerra antes de iniciar o seu segundo mandato, que começaria no dia 20 de janeiro de 2025, em caso de vitória republicana.

Trump apontou que a incompetência de Biden em lidar com a retirada militar americana do Afeganistão fez com que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, optasse pela invasão da Ucrânia. O republicano disse que ele é o único político americano que Putin respeita. Pressionado se aceitaria os termos de paz do presidente russo, Trump afirmou que não.

O republicano completou afirmando que Biden deveria fazer com que os países europeus pagassem pela guerra. Trump relembrou a sua relação fria com a Otan quando era presidente. Durante sua administração, o republicano apontou diversas vezes que os países europeus da aliança deveriam investir mais em defesa.

Na réplica, Biden disse que Trump estava "maluco" e que apoiar Kiev era necessário porque Putin deseja atacar outros países da região que fazem parte da Otan, como a Polônia. O democrata também ressaltou que Trump queria sair da aliança militar.

Durante a questão, o presidente americano atacou duramente Trump, afirmando que ele era um "otário e perdedor", em referência a uma declaração que Trump teria dado sobre veteranos de guerra mortos em conflito. A frase foi revelada por John Kelly, ex-chefe de gabinete do presidente em um livro sobre seu período no governo. O republicano nega ter dito a frase.

Guerra entre Israel e Hamas

Trump foi questionado sobre como lidaria com a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, mas preferiu continuar discutindo o conflito entre Moscou e Kiev.

Já Biden apontou que conta com o apoio do G-7 e do Conselho de Segurança para seu plano de cessar-fogo e que garantiu a segurança de Israel ao coordenar a defesa junto com aliados ocidentais após o ataque do Irã, no dia 13 de abril.

Problemas judiciais de Trump

O democrata relembrou os problemas judiciais de Trump ao apontar que estava debatendo com uma pessoa que havia sido condenada pela Justiça. Um júri de Manhattan condenou o ex-presidente Donald Trump em maio por falsificar registros de negócios para encobrir um pagamento secreto de dinheiro a uma estrela pornô após supostamente ter tido um caso com ela. Ele foi acusado de dezenas de outros crimes em três outros casos: dois federais e um na Geórgia.

Trump afirmou que "nunca fez sexo com uma atriz pornô" e atacou Biden ao relembrar a condenação do filho do presidente, Hunter Biden, por porte ilegal de arma.

Este foi um dos momentos em que Biden saiu melhor, e Trump diminuiu a sua retórica disciplinada que havia sido mostrada em momentos anteriores do debate.

Eleitorado afro-americano

No início do segundo bloco do debate, Biden foi questionado sobre políticas para o eleitorado afro-americano, que o apoiou massivamente em 2020 e está decepcionado com ele. O democrata reconheceu falhas, sobretudo na economia e apontou que o alto custo de vida prejudica famílias afro-americanas.

O eleitorado afro-americano vota majoritariamente no Partido Democrata desde 1964, quando o então presidente Lyndon Johnson, um democrata, sancionou a Lei dos Direitos Civis. Na Geórgia, o Estado que recebeu o primeiro debate presidencial, o peso da comunidade negra é grande, já que os afro-americanos representam 33% da população total do Estado, segundo o censo americano. Em 2020, a comunidade negra da Geórgia alavancou a surpreendente vitória de Biden no Estado, a primeira de um democrata desde 1992.

Mas o eleitorado está decepcionado e pesquisas mostram que Trump conta com pelo menos 20% de apoio entre os negros adultos do país. Se estes resultados se concretizarem em novembro, o ex-presidente americano se tornará o republicano com a maior votação da população afro-americana desde Richard Nixon em 1960, que ocorreu antes da aprovação da Lei dos Direitos Civis.

O ex-presidente americano ressaltou os seus feitos durante seu governo em relação aos afro-americanos e hispânicos e ressaltou que as pesquisas mostram que a sua campanha está obtendo ganhos com esta faixa do eleitorado.

Imigração

Durante todo o debate Trump criticou as políticas migratórias de Biden. Ele mencionou diversas vezes o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no câmpus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado.

Biden acusou os republicanos de não apoiarem uma legislação que poderia reforçar a fronteira americana por razões eleitoreiras. O republicano apontou que faria uma deportação em massa de imigrantes ilegais em seu primeiro dia de governo.

Idade dos candidatos

Questionado sobre ter 86 anos ao final de um possível segundo mandato, Biden afirmou que ele pode ser velho, mas suas ideias não são. Ele também apontou que Trump é apenas três anos mais novo que ele.

Sobre sua idade, Trump diz que passou em testes de cognição e passou nos dois, mas que Biden não passaria. "Ele não consegue jogar golfe. Ele me convidou para uma partida de golfe e não conseguiria jogar", afirmou o republicano. Neste momento, os dois iniciaram a primeira discussão direta sobre quem jogaria golfe melhor.

Respeito ao resultado da eleição

Trump afirmou que aceitaria o resultado da eleição se o pleito fosse "justo". "Se a eleição for legal e justa, sim", diz ele. "Eu nem queria disputar a eleição. Eu poderia estar em outro lugar, mas ele é muito ruim e meus números são muito bons."

Já Biden explorou o fato de que o republicano segue questionando o resultado das eleições americanas de 2020, que foram vencidas pelo democrata.

Considerações finais

Nas considerações finais, o democrata congelou mais uma vez, mas conseguiu completar o raciocínio sobre a cobrança de impostos em relação à classe média. Para ele, a cobrança é muito alta com os pobres e a classe média e é muito pequena em relação aos mais ricos.

Já o republicano afirmou que Biden promete muito e não cumpre e voltou a atacar a retirada do Afeganistão sob o governo democrata. Ele criticou também a atuação americana nas guerras na Ucrânia e em Gaza e exaltou seus cortes de impostos.

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O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o início dos pagamentos do programa Pé-de-Meia e confirmou a gratuidade dos 41 medicamentos do Farmácia Popular, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, nesta segunda-feira, 24. As falas ocorrem em meio à queda na popularidade do petista, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Lula destacou que os pagamentos do programa Pé-de-Meia começam a ser feitos nesta terça-feira, 25. O benefício, no valor de R$ 1.000, será pago a estudantes que concluíram o ensino médio e atenderam aos critérios do programa. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e que a iniciativa já atende mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

O programa prevê o pagamento mensal de R$ 200 aos estudantes que frequentam as aulas regularmente, podendo chegar a um total de R$ 9.200 para aqueles que concluírem o ciclo escolar e realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. A partir de agora, todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. O presidente destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 24, que não tem motivos para ser impedido de participar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

A defesa do ex-presidente informou que vai pedir o impedimento dele. O requerimento terá como base uma queixa-crime movida por Dino contra Bolsonaro em 2021.

"Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", disse o ministro a jornalistas antes de uma palestra na PUC de São Paulo.

"O Supremo é composto por 11 ministros. Todos chegaram lá do mesmo modo. Todos os ministros foram escolhidos por presidentes da República e aprovados no Senado. Existem ministros indicados por cinco presidentes da República diferentes", acrescentou.

Flávio Dino afirmou ainda que o julgamento "vai se dar de acordo com as regras do jogo previstas na lei e no regimento interno, com isenção e com respeito à ampla defesa".

A expectativa é que a votação sobre o recebimento da denúncia ocorra na Primeira Turma do STF, o que também contraria a defesa de Bolsonaro. O ex-presidente quer ser julgado no plenário. Hoje, pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

"Todos os outros casos criminais estão sendo julgados nas turmas. Isso já vem de alguns anos. Então, para haver uma mudança nisso, seria preciso rever o regimento interno", declarou. "Pode mudar de novo? Pode. Mas isso depende da presidência. E os advogados podem fazer os pedidos que entenderem necessários."

Relator dos processos sobre a distribuição de emendas, que pressionam o Congresso para dar mais transparência aos repasses, Flávio Dino disse que espera avançar em um consenso na reunião prevista nesta semana.

"O que é importante é compreender que existe um sentido de cumprimento da Constituição. E a minha expectativa é positiva, no sentido de que novos passos serão dados, o que não significa que os processos vão ser finalizados."

Mais cedo, o ministro esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Durante a palestra aos calouros do Largo do São Francisco, rebateu as críticas por decisões "ativistas". "Nenhum ministro do Supremo foi visto de toga ou sem ela, de capa ou sem ela, correndo na Praça dos Três Poderes atrás de processos", disparou Dino.

O ministro defendeu que o volume de direitos previstos na Constituição de 1988 e de políticas públicas constitucionalizadas, somado ao rol de atores legitimados a acionar o STF, abre caminho para a intervenção do tribunal em diferentes assuntos sociais, políticos e econômicos.

"Os tempos são outros, e obrigaram a que o STF, esse terceiro poder, outrora desconhecido, se tornasse de algum modo partícipe da vida das pessoas, e isto não é derivado de uma deformação moral, ou de uma opção individual dos atuais jogadores do Supremo", disse aos calouros.

O ministro afirmou também que, quando é acionado, o STF não poder se omitir, caso contrário se tornará uma instituição "acovardada, omissa, prevaricadora".

Dino adereçou, por exemplo, a decisão em que ele determinou que o município de São Paulo retomasse a cobrança de serviços cemiteriais e funerários em valores anteriores à concessão dessas atividades à iniciativa privada.

"Eu só posso falar nos autos ou em palestra, então me perdoem o desabafo. O que é mais fundamental do que o direito de uma família conseguir sepultar com dignidade o seu ente querido, sem ser submetido a uma situação de vexame? O que pode ser mais fundamental do que isto?"