Eleição no Irã é marcada por apatia e discussões sobre relação com Ocidente e programa nuclear

Internacional
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Os iranianos foram às urnas nesta sexta-feira, 28, em uma eleição relâmpago para substituir o presidente Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero, com a eleição dominada pelo debate sobre o programa nuclear iraniano, a relação com o Ocidente e uma profunda apatia do eleitorado.

A votação ocorreu em meio às tensões mais amplas tomaram conta do Oriente Médio por causa da guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza. Em abril, o Irã lançou seu primeiro ataque direto a Israel por causa da guerra em Gaza, enquanto milícias que Teerã apoia e para as quais fornece armas na região - como o Hezbollah libanês e os rebeldes Houthi do Iêmen - estão envolvidos na luta e intensificaram seus ataques.

Enquanto isso, o Irã continua a enriquecer urânio em níveis quase suficientes para produção de armas, e mantém um estoque grande o suficiente para construir - caso escolha fazer isso - várias armas nucleares.

O único candidato reformista da corrida prometeu nos últimos dias buscar "relações amigáveis com o Ocidente" em um esforço para energizar apoiadores. Os eleitores enfrentam uma escolha entre candidatos linha-dura e o pouco conhecido reformista Masoud Pezeshkian, um cirurgião cardíaco. Como tem sido o caso desde a Revolução Islâmica de 1979, mulheres e aqueles que pedem mudanças radicais foram impedidos de concorrer, e a votação não terá supervisão de monitores internacionalmente reconhecidos.

"Se Deus quiser, tentaremos ter relações amigáveis com todos os países exceto Israel," disse o candidato de 69 anos ao responder a uma pergunta sobre uma nova repressão às mulheres sobre o uso obrigatório do lenço na cabeça, ou hijab, menos de dois anos após a morte de Mahsa Amini em 2022, que desencadeou manifestações nacionais e uma resposta violenta das forças de segurança. "Nenhum comportamento desumano ou invasivo deve ser realizado contra nossas meninas, filhas e mães," ele disse.

Os comentários de Pezeshkian vieram depois que ele e seus aliados foram alvo de um aviso velado do líder supremo do país, o Aiatolá Ali Khamenei, sobre sua abordagem sobre os Estados Unidos. Os comentários de Pezeshkian, feitos após ele votar, eram uma tentativa de aumentar o comparecimento nas urnas, já que a apatia pública se tornou generalizada na República Islâmica após anos de problemas econômicos e protestos em massa sem efeito.

Ele parecia esperar que invocar a possibilidade de o Irã sair de seu isolamento motivasse pessoas de outra forma desiludidas com a política iraniana. Um comparecimento maior geralmente ajuda os que, como Pezeshkian, fazem parte do movimento reformista que busca mudar a teocracia xiita de dentro para fora.

Embora Khamenei, de 85 anos, tenha a última palavra em todos os assuntos de Estado, os presidentes podem inclinar as políticas do país em direção à confrontação ou negociação com o Ocidente. No entanto, dado o comparecimento recorde de baixo nas eleições recentes, permanece incerto quantos iranianos participarão da votação de sexta-feira.

Um maior comparecimento poderia aumentar as chances de Pezeshkian, e o candidato pode ter contado com as redes sociais para disseminar suas declarações, já que todos os canais de televisão no país são controlados pelo Estado e administrados por linha-duras.

Houve chamados para um boicote, incluindo da laureada com o Prêmio Nobel da Paz presa, Narges Mohammadi. Hossein Mousavi, um dos líderes dos protestos do Movimento Verde de 2009 que permanece em prisão domiciliar, também se recusou a votar com sua esposa, disse sua filha.

Também houve críticas de que Pezeshkian representa apenas mais um candidato aprovado pelo governo. Uma mulher em um documentário sobre Pezeshkian exibido pela TV estatal disse que sua geração estava "caminhando para o mesmo nível" de animosidade com o governo que a geração de Pezeshkian tinha na revolução de 1979.

A corrida presidencial iraniana está sendo disputada por Pezeshkian contra dois linha-duras, o ex-negociador nuclear Saeed Jalili e o presidente do parlamento, Mohammad Bagher Qalibaf, e também um clérigo xiita, Mostafa Pourmohammadi, que permaneceu na corrida apesar de pesquisas desfavoráveis.

Pezeshkian alinhou-se a figuras como o ex-presidente Hassan Rouhani, que fechou o acordo nuclear histórico de 2015 com potências mundiais.

As múltiplas crises do Irã

Mais de 61 milhões de iranianos com mais de 18 anos estão aptos a votar, com cerca de 18 milhões deles entre 18 a 30 anos. A lei iraniana exige que um vencedor obtenha mais de 50% de todos os votos. Caso isso não aconteça, os dois candidatos com maior número de votos avançarão para um segundo turno uma semana depois. Houve apenas uma eleição presidencial com segundo turno na história do Irã, em 2005, quando o linha-dura Mahmoud Ahmadinejad venceu o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.

Para os clérigos governantes do Irã, a participação pública nas eleições é importante para manter a legitimidade do regime. A eleição ocorreu enquanto o Irã lida com múltiplas crises, incluindo uma economia debilitada e tensões com Israel.

Uma eleição tranquila e previsível com alta participação eleitoral é importante tanto para a estabilidade do regime quanto para sua legitimidade. A televisão estatal na sexta-feira transmitiu imagens de longas filas fora das seções eleitorais.

Khamenei foi mostrado depositando seu voto em Teerã. "Alguns estão indecisos", disse ele sobre os eleitores elegíveis, aparentemente abordando relatos de que alguns iranianos planejam se abster do voto. "Não há justificativa para estar indeciso", acrescentou. "A continuidade da República Islâmica depende da participação e comparecimento do povo".

No início desta semana, Khamenei pediu um comparecimento eleitoral "máximo", dizendo que as eleições "ajudam a República Islâmica a superar seus inimigos". Ele também alertou o público contra o apoio a candidatos que "pensam que todos os caminhos para o progresso passam pela América", uma referência velada a Pezeshkian.

Desde que foi estabelecido, o governo islâmico do Irã enfatizou as eleições para sustentar sua autoridade, mesmo que mantivesse um sistema amplamente teocrático que concede poder político e religioso ao clero xiita.

"É uma contradição que está no coração do sistema desde sua fundação", disse Naysan Rafati, analista do Irã no International Crisis Group, e que "tornou-se cada vez mais evidente nos últimos anos".

O Irã já se orgulhou de alta participação eleitoral, que alcançou 70% quando o Presidente Hassan Rouhani foi reeleito em 2017, segundo a mídia estatal. Mas desde então, os números despencaram, com cerca de 40% dos eleitores elegíveis participando nas eleições parlamentares deste ano - um recorde histórico de baixa para a República Islâmica.

Nesse período, o Irã enfrentou turbulências políticas, sociais e econômicas, incluindo o desmantelamento de seu acordo nuclear com as potências mundiais e o retorno das sanções comerciais dos EUA que prejudicaram a economia. Seu general mais proeminente, Qasem Soleimani, foi morto em um ataque aéreo dos EUA perto do aeroporto de Bagdá, aumentando os medos de uma guerra mais ampla. E, internamente, três ondas de protestos em massa - sobre aumentos de preços, medidas de austeridade e os rígidos códigos morais do país - foram recebidos com repressões mortais pelas forças de segurança iranianas.

"Eu acho que as pessoas que vão votar estão ou conectadas ao sistema, o que significa que estão felizes com como as coisas estão, ou são muito ingênuas", disse uma proprietária de padaria de 38 anos em Teerã antes da votação.

Ela falou sob condição de anonimato por medo de represália das autoridades, dizendo que a última vez que votou foi em 2009. Naquele ano, oficiais anunciaram que o candidato linha-dura Mahmoud Ahmadinejad havia ganhado a presidência por uma grande margem, provocando grandes protestos nas ruas liderados pelos reformistas do Irã. As autoridades reprimiram severamente os líderes dos protestos, enviando-os para a prisão ou para o exílio. A proprietária da padaria disse que perdeu a esperança na capacidade de influenciar mudanças.

"Para ser honesta com você, eu não confio em nenhum deles", ela disse sobre a classe política do Irã. "Acho que é bobo ter esperança."

Outros seguiram um trajeto semelhante, incluindo Arash, um trabalhador da construção de 38 anos em Teerã. Ele disse que ficou desiludido com a resposta do governo aos protestos mais recentes em 2022, quando a inquietação em todo o país irrompeu após a morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini de 22 anos.

Arash, que falou sob condição de ser identificado apenas pelo seu primeiro nome por preocupação com sua segurança, disse que foi preso por participar das demonstrações. E o humor entre seus amigos esta semana foi de "extrema raiva".

"Há essa visão apocalíptica de que deveríamos votar no candidato mais linha-dura e talvez isso piorasse a situação", mobilizando pessoas para derrubar o governo, ele disse.

Arash não concorda necessariamente que essa é a melhor estratégia e disse no início desta semana que ainda poderia votar, mas não porque ele pensa que algo vai melhorar. Em vez disso, ele acredita que uma participação eleitoral mais ampla tornará mais difícil para o governo falsificar os resultados.

Segundo Rafati, as autoridades não tomaram nenhuma medida para abordar as preocupações subjacentes que estão afastando as pessoas das urnas.

"Eles gostariam de ter o melhor dos dois mundos. Eles gostariam de poder apontar para uma alta participação e poder reivindicar legitimidade popular", disse ele. "Enquanto ao mesmo tempo restringem os candidatos permitidos a poucos escolhidos a dedo que, mesmo pelos próprios padrões exclusórios do sistema, tornou-se muito, muito restrito."

Se nenhum candidato alcançar 50%, uma segunda rodada entre os dois concorrentes com mais votos será realizada na próxima semana. Mas uma eleição de segundo turno poderia significar mais incerteza, um resultado que o líder supremo provavelmente quer evitar, disse Suzanne Maloney, vice-presidente e diretora de política externa na Instituição Brookings, onde sua pesquisa se concentra no Irã.

"Uma segunda rodada poderia impulsionar a mobilização dos iranianos interessados em reforma ou mesmo em resultados mais ambiciosos de uma maneira que poderia ser ameaçadora ao controle absoluto do sistema", ela disse. Muitas das "restrições" que o Irã introduziu ao processo eleitoral - como a rigorosa avaliação de candidatos - visam minimizar a imprevisibilidade que a votação traz para o espaço político, disse Maloney. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O governo Lula é mal avaliado por 49,1% dos deputados federais, segundo o levantamento do Ranking dos Políticos, divulgado nesta quarta-feira, 12. Entre os senadores, a gestão petista é rejeitada por 46,2%.

O levantamento mostrou que quase metade da Câmara dos Deputados avalia o governo como ruim ou péssimo. O porcentual de deputados que consideram a administração ótima ou boa é de 28,2%. Outros 22,7% avaliam como regular. No Senado Federal, 30,8% dos representantes possuem uma avaliação positiva da gestão de Lula, enquanto 23% consideram regular.

A pesquisa ouviu 110 deputados federais de 18 partidos e 26 senadores de 11 siglas diferentes entre os dias 11 e 12 de fevereiro.

Os parlamentares também foram questionados sobre como eles avaliam a relação do governo com o Congresso Nacional. Para 64,5% dos deputados, o relacionamento com o petista é ruim ou péssimo. No Senado, 53,8% também consideram a relação negativa.

Os resultados mostram que o governo Lula enfrenta dificuldades na articulação política. Durante o anúncio do novo crédito consignado privado, no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 12, Lula disse que "não quer mais" ter distância dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e que é necessário mostrar que os chefes do Executivo e do Legislativo tenham o mesmo compromisso, de defender a soberania e o bem-estar do País.

O presidente ainda afirmou que colocou uma "mulher bonita" na articulação política porque quer ter uma boa relação com os presidentes do Congresso, se referindo à nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Gleisi assumiu a pasta responsável pela articulação política na segunda-feira, 10.

A pesquisa ainda buscou ouvir os parlamentares sobre projetos em tramitação no Congresso e propostas do governo Lula. Na Câmara, 50% dos deputados concordam com a tramitação do projeto de anistia aos condenados pelos Atos de 8 de Janeiro, enquanto 41,8% são contra. Entre os senadores, 46,2% são favoráveis à anistia, contra 38,5% que se opõem. O resultado se manteve quando comparado ao último mês.

Sobre o aumento da isenção do Imposto de Renda, 49,1% dos deputados apoiam a medida. No Senado, a proposta tem o apoio de 50% dos parlamentares. A estratégia do governo Lula é utilizar o projeto para ampliar a popularidade da gestão.

O levantamento também pediu uma avaliação sobre a atuação de Fernando Haddad no comando do ministério da Fazenda. O desempenho do ministro é aprovado por 30% da Câmara e 46,2% do Senado.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Frei is desde o início de 2025. No entanto, segundo levantamento realizado pela empresa de análise de dados Bites com exclusividade para o Estadão/Broadcast de janeiro de 2023 até fevereiro deste ano, as postagens com maior engajamento do republicano desde o início do mandato continuam sendo as que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece ou é mencionado.

Tarcísio vinha em queda em tração na média de engajamento semanal até janeiro de 2024 - o indicador de Bites interpreta as interações em cada mídia social para medir a capacidade dos perfis de engajar as redes num cenário específico. Mas, desde então, subiu e estabilizou-se num mesmo patamar de 10,4% de interação, que ainda é bem abaixo dos alcançados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que possui 35,3%, e pelo do ex-presidente, que atinge 54,2%. O porcentual refere-se à fatia que cada um tem diante do total de interações que eles conseguem juntos.

Assim, desde o começo do ano, o chefe do Executivo paulista deixou um pouco de lado o tom institucional, característico da forma de se comunicar até pouco tempo atrás. Ao sentir-se mais à vontade no cargo, a comunicação passou a publicar conteúdos com referências a filmes populares e personagens queridos pelo público que consome TV aberta.

Tratando-se de um ponto de atenção do governo estadual - pelo fato de segurança pública ser a área em que a gestão possui a pior avaliação de acordo com a pesquisa Quaest (34% avaliam como ruim e 29%, como boa) -, Tarcísio fez diversas publicações associando a Polícia Civil aos Power Rangers e ao Chapolin Colorado. O tema passou a ser um dos mais recorrentes em suas redes sociais, visando melhorar a sua imagem.

"É hora de 'morfar' (referência à transformação das personagens)! Os Power Rangers da nossa Polícia Civil estão dando mais um show neste carnaval!", disse o governador em uma legenda. "O crime não contava com a astúcia da polícia de São Paulo", escreveu em outra.

Além dos conteúdos de policiais fantasiados durante o feriado de carnaval, a equipe de Tarcísio também publica vídeos editados com cortes do filme De Volta para o Futuro, enquanto ressalta que o governo paulista está "à frente do tempo" e de olho "no futuro". Inclusive, essa é uma das bandeiras mais reiteradas do governador nas agendas, ao promover as obras no Estado e as privatizações dos serviços públicos do plano SP na Direção Certa.

Outro assunto recorrente, que também é frequentemente usado em falas públicas do governador, é a volta do jogador de futebol Neymar Jr. ao time do Santos. "Eu disse nas minhas conversas com o presidente Lula que a Baixada Santista está em festa [...] e não é só pela volta do Neymar", afirmou o governador no evento de lançamento do edital para concessão do túnel Santos-Guarujá.

Especialista vê tentativa de crescer sozinho após impulso de Bolsonaro

De acordo com o cientista político e professor de Comunicação Política na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Paulo Niccoli Ramirez, a figura de Tarcísio nas redes, em um primeiro momento, esteve muito atrelada à popularidade de Bolsonaro, sem a qual, "com certeza", ele não teria sido sequer eleito. A tentativa do governador agora é crescer sozinho, seguindo a tendência que funciona com outros políticos como o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

"O que há hoje é uma disputa pelo chamado mercado da atenção. Esse tipo de linguagem atrai o eleitorado jovem. Atrai mais atenção, criando uma imagem mais carismática e mais próxima do cotidiano do eleitor", afirma Ramirez. "Diante de um cenário em que se busca mais a 'moderação' do discurso, seus assessores buscam trabalhar de maneira mais lúdica."

No entanto, o professor ressalta que a estratégia adotada pode se voltar contra o governo. Para ele, o que realmente melhorará a opinião pública sobre a gestão Tarcísio em relação à segurança pública será a postura efetiva adotada a partir daqui. "O tiro pode sair pela culatra porque pode ser visto como um paradoxo ou mau tom. Algo como 'o governo tem uma polícia violenta ao mesmo tempo em que cria uma imagem lúdica e falsa de que haveria eficiência'", diz.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo não respondeu.

Tarcísio ainda está distante de Lula e Bolsonaro nas redes

Segundo o estudo da Bites, o tom humorístico ainda não puxou significativamente as interações para cima. "Tarcísio passou a mencionar mais as ações da polícia, o que contribui para aumentar interações. Embora elas ainda não cheguem perto do volume que publicações sobre Bolsonaro e Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) tiveram, que ainda são os que mais fizeram sucesso em 2025", afirma o levantamento. Os conteúdos em questão se referem à ocasião em que Tarcísio indica o ex-presidente como "seu candidato" para 2026 apesar de inelegibilidade do capitão reformado e o episódio em que o governador colocou o boné do movimento americano de extrema-direita "Make America Great Again".

No cenário comparativo mapeado desde janeiro de 2023 até fevereiro de 2025, o governador de São Paulo apresenta uma totalidade de 121 milhões de interações, enquanto Lula possui 411 milhões e Bolsonaro tem 631 milhões.

No Instagram, por exemplo, o ex-presidente é o político de direita - e do País - mais seguido, com 26,3 milhões. Já o presidente petista é o líder mais seguido da esquerda, com seus 13,3 milhões. Enquanto isso, Tarcísio mantém-se distante, com 4,9 milhões, atrás de outros nomes da direita como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e seus 17,1 milhões, e o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), que possui 12,7 milhões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 12, que colocou uma "mulher bonita" na articulação política porque quer ter uma boa relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

"É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Porque uma coisa que quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês", disse o petista, se referindo à nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Gleisi assumiu a pasta responsável pela articulação política na segunda-feira, 10.

A deputada licenciada assumiu o cargo no início da semana. No discurso de posse, Gleisi disse que chegou no governo para "somar" e garantiu que vai dialogar "com as forças políticas do Congresso e com as expressões da sociedade, suas organizações e movimento".

Durante o anúncio do novo crédito consignado privado, no Palácio do Planalto, Lula disse ainda que "não quer mais" ter distância de Motta e Alcolumbre e que é necessário mostrar que os chefes do Executivo e do Legislativo têm o mesmo compromisso, de defender a soberania e o bem-estar do País.

"Não quero que alguém ache que o presidente da República está distante do presidente da Câmara, está distante do presidente do Senado. Temos que mostrar para a sociedade que nós somos, em lugares diferentes, pessoas com o mesmo compromisso de defender a soberania do país, o bem-estar do brasileiro", afirmou.

O presidente aproveitou para rebater críticas, dizendo que alguns ex-ministros de outros governos "querem dar palpite" sobre a economia agora, quando tinham inflação de 80% ao mês nas suas gestões. Ele fez um afago ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que tem a "felicidade" de tê-lo à frente da pasta.

Lula acrescentou que Haddad "nem sempre é o mais feliz" ao pegar o microfone e tem de tentar "passar charme" quando fala. Mas elogiou o trabalho do ministro, destacando que o governo já fez 24 ações para tratar da economia e que mudanças na política econômica levam tempo. "Se todos colaborarem, vamos terminar governo com Haddad passando pela história como melhor ministro da Fazenda que Brasil já teve".