Eleições dos EUA: como funciona o método das 13 perguntas do 'Nostradamus' que prevê vencedor

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O historiador Allan Lichtman, apelidado nos Estados Unidos de "Nostradamus de previsões de eleições presidenciais", já tem a sua conclusão sobre quem vencerá as eleições americanas no dia 5 de novembro. Com o histórico quase perfeito em 40 anos, Lichtman chegou a resposta a partir do método desenvolvido por ele e pelo geofísico Vladimir Keilis-Borok em 1981.

 

O modelo ignora os métodos das pesquisas e dos pesquisadores e se baseia em 13 perguntas do tipo verdadeiro ou falso, criadas por Lichtman e Keilis-Borok a partir do histórico de 120 anos de eleições presidenciais nos EUA.

 

Segundo Lichtman, que atua na American University e foi um dos poucos a prever com precisão a vitória de Trump em 2016, as perguntas contêm as "chaves" para a Casa Branca. Cada pergunta é respondida isoladamente e conta a favor do partido governista caso seja verdadeira e a favor do opositor caso seja falsa. O vencedor é aquele que conseguir mais pontos no fim. Confira abaixo quais são:

 

1. O partido governante venceu as eleições de meio de mandato

 

Se o partido governante venceu as eleições de meio de mandato, a resposta é "verdadeira" e, nesta eleição, contaria a favor dos democratas. Mas o partido de Joe Biden perdeu as eleições de meio de mandato realizadas em 2022, apesar do desempenho acima do esperado. Como a premissa é falsa, Donald Trump tem vantagem nesta pergunta.

 

2. O atual presidente concorre a reeleição

 

Se o atual presidente concorre a reeleição, a resposta é "verdadeira". Essa chave mudou com a desistência de Joe Biden e entrada de Kamala Harris na disputa presidencial. Portanto, Lichtman a considera ponto para Trump.

 

Questionado se a pergunta é válida ante tantos questionamentos sobre o desempenho de Biden no debate e as críticas sobre sua idade, o historiador defendeu que sim. Não significaria, no entanto, que Biden venceria eleições. "Apenas teria como favor essa pergunta", disse.

 

3. O partido da Casa Branca evitou uma disputa nas primárias

 

Com a união dos Democratas em torno do nome de Kamala Harris após a saída de Biden, a premissa é verdadeira. Ou seja, vale como ponto para o partido.

 

4. Não há um terceiro partido na disputa

 

Com a desistência de John F. Kennedy Jr. de concorrer a presidência, nenhum outro partido obteve relevância além do Partido Republicano e do Partido Democrata nesta eleição. Por aparecerem com menos de 10% nas pesquisas de intenção de voto, os outros partidos na disputa são irrelevantes, segundo Lichtman.

 

Ou seja, com a premissa verdadeira, o ponto vale para Kamala Harris.

 

5. A economia de curto prazo está forte

 

O desemprego está baixo nos EUA e a economia não está em recessão. A inflação está perto da meta de 2%. A premissa, portanto, é verdadeira e conta a favor de Kamala Harris.

 

6. O crescimento econômico de longo prazo está forte

 

Assim como a resposta anterior, o governo de Joe Biden manteve índices econômicos positivos durante os últimos quatro anos. Segundo Lichtman, o importante é que sejam dados comparáveis as duas últimas gestões anteriores.

 

Comparando com a gestão de Donald Trump, os números médios do crescimento econômico dos EUA na gestão Biden são semelhantes. No governo Trump, a taxa média de crescimento anual entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021 foi de 2,3%. No governo Biden, até o momento, a média é de 2,2%, praticamente o mesmo.

 

Ou seja, a premissa é verdadeira. Ponto a favor de Kamala.

 

7. A Casa Branca fez grandes mudanças na política nacional

 

Biden implementou grandes mudanças na política americana durante o seu mandato, como o retorno aos Acordos de Paris sobre mudanças climáticas e a promoção de lei de chips semicondutores, a lei da redução da inflação e a lei de mudanças climáticas. Mais uma vez, a premissa é verdadeira.

 

8. Não há agitação social permanente durante o governo

 

Segundo Lichtman, a "agitação social permanente" são protestos que acompanham todo o ciclo de um governante. Biden sofreu este ano com os protestos massivos contra o apoio a Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, mas o historiador não os considera permanente. Ou seja, a premissa, para ele, é verdadeira. E conta mais um ponto a favor de Kamala.

 

9. A Casa Branca não está contaminada por escândalos de corrupção

 

Apesar de escândalos envolvendo o filho Hunter Biden, Lichtman afirma que a premissa é verdadeira para o governo Biden. O democrata não foi envolvido diretamente em nenhum escândalo de corrupção e teve críticas restritas a outras questões, como a sua idade e a sua condução no apoio a Israel na Faixa de Gaza. Ponto para Kamala Harris.

 

10. O candidato governista atual é carismático

 

A pergunta é uma das duas únicas a se referir diretamente aos candidatos das eleições presidenciais. Segundo Lichtman, para considerar o candidato carismático, é necessário que ele "seja uma pessoa única numa geração e candidato inspirador de forma ampla". Ele não considera Kamala Harris dentro desse quesito. Portanto, a premissa é falsa e o ponto vai para Donald Trump.

 

11. O candidato adversário atual não é carismático

 

Com a mesma definição anterior de carisma, Lichtman afirma que a premissa é falsa. Trump, diz o historiador, é visto como reverência por parte da sociedade americana, mas por uma base estreita, não de maneira ampla. A premissa, portanto, é verdadeira. Ponto para Kamala Harris.

 

12. O governo não tem fracassos na política externa

 

A crise no Oriente Médio com a guerra na Faixa de Gaza e a saída desastrosa dos militares americanos no Afeganistão são dois fracassos da gestão de Joe Biden na política externa. A premissa é falsa, e o ponto vai para Donald Trump.

 

13. O governo tem sucessos na política externa

 

O fortalecimento da Otan e a guerra econômica travada contra a China são vistas como pontos bem-sucedidos da política externa americana nos EUA. A premissa é verdadeira. O ponto é de Kamala Harris.

 

Com as perguntas respondidas, Kamala Harris tem 9 das 13 respostas a seu favor. E para Allan Lichtman isso é suficiente para ele poder falar que ela será a nova presidente dos Estados Unidos.

Em outra categoria

A casa em Rio do Sul (SC) de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, na semana passada, pegou fogo na manhã de ontem. Segundo informações do 15.º Batalhão de Bombeiros Militar de Santa Catarina, a ocorrência foi registrada por volta das 7h. A residência, de 50 metros quadrados, foi parcialmente destruída.

Ex-mulher de Francisco Wanderley, Daiane Dias, de 41 anos, estava na casa no momento do incêndio e, de acordo com os bombeiros, sofreu queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau em 100% do corpo. Ela foi retirada do local por vizinhos e encaminhada para o hospital. A assessoria do Hospital Regional Alto Vale afirmou ontem que ela seguia em atendimento.

O Batalhão de Bombeiros disse que a causa do incêndio só será confirmada após o trabalho da perícia. A Polícia Federal vai assumir a investigação sobre o caso. Em nota, a Polícia Civil informou que a principal hipótese é de tentativa de suicídio. "Segundo o que foi até então apurado, a ofendida (Daiane Dias) adquiriu produto inflamável no amanhecer de hoje (ontem) em um estabelecimento comercial da cidade, em seguida se deslocou até sua residência, local dos fatos, e provocou o incêndio, tendo permanecido no interior do imóvel", afirmou a polícia. "A principal hipótese até então verificada é a de tentativa de suicídio por parte de Daiane Dias."

Na esquina do terreno onde houve o incêndio há um outdoor anunciando os serviços do "Chaveiro França", que era o nome usado por Francisco Wanderley em Rio do Sul. Conhecido também como Tiü França, ele foi candidato a vereador nas eleições de 2020, pelo PL, mas não se elegeu.

Plano

Na quarta-feira da semana passada, Francisco Wanderley foi encontrado morto após uma sequência de explosões na Praça dos Três Poderes. O catarinense tinha 59 anos e estava na capital federal havia três meses. Ele alugava uma casa em Ceilândia, no entorno de Brasília, onde também foram encontrados explosivos por policiais.

Uma hora antes do ataque, Francisco Wanderley fez uma publicação nas redes sociais com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes da Câmara e do Senado. Em seu perfil no Facebook, reproduzia teorias conspiratórias anticomunistas populares na extrema direita americana.

Um dia depois do atentado, Daiane relatou, em depoimento à PF, que o plano de Francisco Wanderley era matar o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Em entrevista à GloboNews, ela declarou ainda que o ex-companheiro realizou pesquisas no Google para planejar o ataque.

O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), rescindiu o acordo de colaboração premiada da desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo, afastada do Tribunal de Justiça da Bahia, e do filho dela, o advogado Vasco Rusciolelli Azevedo, na Operação Faroeste.

O Ministério Público Federal (MPF) alegou que eles descumpriram as cláusulas do acordo e deixaram de colaborar com a investigação, "não comparecendo às audiências designadas, sem justificativa idônea".

Procurada pelo Estadão, a defesa informou que foi a desembargadora quem pediu a rescisão do acordo de colaboração, porque houve quebra de confidencialidade por parte das autoridades, e não o contrário.

Os advogados Oberdan Costa, Maria Luiza Diniz e Samara de Oliveira Santos Léda, que representam a magistrada, também informaram que vão recorrer. "Não foi ela quem iniciou a quebra do contrato, mas, ao que parece, será ela a responsabilizada", afirmam (leia a íntegra da nota ao final da matéria).

Sandra Inês foi a primeira desembargadora a fechar um acordo de delação no Brasil. Os anexos citam 68 pessoas, entre magistrados, advogados, empresários e até políticos.

Segundo a decisão, as provas entregues pela desembargadora e pelo filho seguem válidas e poderão ser usadas inclusive contra os dois. Com a rescisão, ambos perdem os benefícios negociados e o valor já recolhido a título de multa.

O ministro Og Fernandes afirmou que, após assinarem o acordo de colaboração premiada e já começarem a obter benefícios, como a flexibilização de suas prisões preventivas, Sandra Inês e o filho "deixaram de efetivamente colaborar com as autoridades públicas na investigação dos fatos narrados" e demonstraram "resistência injustificada" em honrar os compromissos assumidos.

Neste mês, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça abriu uma ação penal contra a desembargadora e o filho dela por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Deflagrada em 2019, a Operação Faroeste começou investigando sentenças favoráveis à grilagem de terras no Oeste da Bahia, que teriam movimentado fortunas. Com o avanço do inquérito, surgiram suspeitas de corrupção também em acordos de recuperação judicial e processos envolvendo débitos de empresas solventes.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS OBERDAN COSTA, MARIA LUIZA DINIZ E SAMARA DE OLIVEIRA SANTOS LÉDA, QUE REPRESENTAM A DESEMBARGADORA

A desembargadora Sandra Inês foi quem primeiramente solicitou a rescisão do acordo de colaboração, devido à quebra de confidencialidade por parte das autoridades, e não o contrário. Não foi ela quem iniciou a quebra do contrato, mas, ao que parece, será ela a responsabilizada.

Em interceptação telefônica, a desembargadora, conversando com pessoas que a polícia alega serem suas comparsas, afirmou: "jamais usei minha caneta para negociatas". Até o momento, a acusação não justificou por que uma suposta vendedora de decisões faria tal declaração a quem, segundo a acusação, colaboraria em um esquema. Se essa afirmação fosse falsa, a quem e com que propósito ela mentiria? Ademais, não há evidências financeiras que comprovem o recebimento dos valores milionários mencionados, e o dinheiro em espécie sequer estava em sua casa.

Além disso, há parcialidade objetiva do julgamento, considerando a nomeação da delegada que a investigou para o gabinete do STJ que a julga, o que gerou inclusive desconforto entre ministros da Corte. No Brasil, um juiz é impedido de julgar uma causa na qual atuou como promotor de justiça (art. 144 do CPC). Por que, então, é tolerado que uma delegada investigadora participe do julgamento? Não é crível a imparcialidade de quem construiu a acusação, e é a lei quem o diz.

Também é pública a descoberta recente de que decisões da Operação Faroeste, essas sim, foram vendidas.

A defesa já prepara um questionamento processual contra a decisão de rescisão.

Daiane Dias, de 41 anos, ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França - responsável pelo ataque a bombas na Praça dos Três Poderes -, sofreu queimaduras após a casa do ex-marido ser incendiada na manhã deste domingo, 17, em Rio do Sul, Santa Catarina. Encaminhada ao hospital, ela é apontada pela Polícia Civil como a principal suspeita de ter provocado o incêndio durante uma tentativa de suicídio. A Polícia Federal informou que assumirá a investigação.

"Os fatos atinentes ao incêndio estão sendo apurados pela Polícia Civil e a principal hipótese até então verificada é a de tentativa de suicídio por parte de Daiane Dias, 41 anos, ex-companheira de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como "Tiü França", pessoa envolvida recentemente nos episódios ocorridos em frente ao Supremo Tribunal Federal", afirmou a Polícia Civil em nota enviada ao Estadão.

Foi Daiane quem revelou, em depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira, 14, que o plano de Tiü França era assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Em entrevista à GloboNews, Daiane também confirmou que disse aos agentes da PF em Santa Catarina que Francisco Wanderley chegou a realizar pesquisas no Google para planejar o atentado. Ela contou ainda que, ao receber os registros das pesquisas feitas pelo ex-marido, o questionou: "Você vai mesmo fazer essa loucura?".

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, confirmou as declarações feitas por Daiane, mas ressaltou que a investigação ainda apura se o alvo era, de fato, o ministro do Supremo. "O que posso dizer é que nossa equipe já está em campo coletando informações para que a gente traga a maior quantidade possível de informações e provas para que possamos, em curto espaço de tempo, trazer uma resposta definitiva sobre o episódio", disse.

Segundo o 15º Batalhão de Bombeiros Militar de Santa Catarina, a ocorrência foi registrada por volta das 7h. A residência, com 50 metros quadrados, foi parcialmente destruída pelas chamas, e foram necessários cerca de oito mil litros de água para controlar o incêndio.

De acordo com o boletim do batalhão de Bombeiros, Daiane sofreu queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau em 100% do corpo, e foi retirada do local por vizinhos. "A causa do incêndio só é confirmada após o trabalho de perícia, que se for acionado pelo dono do imóvel, pode levar até 30 dias para o laudo", diz a nota dos Bombeiros. A Polícia Civil informou ao Estadão que agentes permanecem no local realizando diligências.

Na esquina do terreno onde houve o incêndio há um outdoor anunciando os serviços do "Chaveiro França", que era o nome usado por Francisco Wanderley Luiz na cidade catarinense. Ele foi candidato a vereador em 2020, pelo PL, partido hoje do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas obteve apenas 98 votos e não se elegeu.

Relembre o caso

Tiü França foi encontrado morto após uma sequência de explosões na Praça dos Três Poderes, no início da noite da última quarta-feira, 13. O homem de 59 anos estava na capital federal há três meses, e alugou uma casa em Ceilândia, no entorno de Brasília, onde também foram encontrados explosivos.

No dia do atentado, Wanderley tentou acessar o Supremo Tribunal Federal (STF) com explosivos e, momentos antes, entrou na Câmara dos Deputados, acessando o Anexo IV e um banheiro da Casa. Cerca de uma hora antes das explosões, ele publicou em suas redes sociais críticas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos presidentes da Câmara e do Senado.