A tensão entre Israel e o Hezbollah cresceu neste domingo, 22, após a milícia xiita radical libanesa lançar 150 foguetes e drones contra o território israelense e o vice-líder do grupo, Naim Kassem, declarar que se iniciava uma "guerra aberta e decisiva". Há promessa mútua de escalada entre os dois lados, o que eleva a chance de o conflito no Líbano passar a uma guerra regional.
A maioria dos foguetes disparados pelo Hezbollah foi interceptada por Israel, mas alguns atingiram cidades do distrito de Haifa, danificando carros e casas, e ampliando a área de Israel sob ataque da milícia. Em geral, os ataques do Hezbollah não chegam tão longe.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse ontem que tomará "toda e qualquer ação que for necessária" para diminuir a ameaça representada pelo Hezbollah.
A ofensiva da milícia apoiada pelo Irã ocorre em resposta aos ataques israelenses no Líbano entre sexta-feira, 20, e sábado, 21, que mataram ao menos 37 pessoas, incluindo o comandante do grupo, Ibrahim Akil.
A milícia afirmou que os ataques marcam apenas o início da nova fase da "guerra decisiva" contra Israel. "Assim como estamos feridos, vocês também estarão," disse Kassem durante o funeral de Akil.
A série de bombardeios do Hezbollah levou ao acionamento de sirenes de alerta aéreo em várias cidades do norte de Israel, obrigando moradores a buscar abrigo. Em Kiryat Bialik, em Haifa, um foguete atingiu uma área residencial, ferindo ao menos três pessoas e provocando incêndios em carros e edifícios.
O Hezbollah afirmou ter usado mísseis Fadi 1 e Fadi 2 - um tipo de armamento que ainda não havia usado.
Preocupação
Israel respondeu à ofensiva do Hezbollah com cerca de 400 ataques a alvos militantes no sul do Líbano ainda ontem, segundo o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Nadav Shoshani. "Hoje vimos fogo que atingiu mais profundamente Israel do que antes", afirmou. Netanyahu prometeu agir para restaurar a segurança no norte.
O governo dos Estados Unidos expressou preocupação com a escalada do conflito. O porta-voz de segurança nacional, John Kirby, afirmou que os EUA estão empenhados em buscar uma resolução pacífica.
Os dois lados trocam ataques de forma mais intensa desde a explosão de pagers e walkie-talkies de integrantes do Hezbollah durante a semana passada, em uma operação atribuída a Tel-Aviv.
Outra versão
O presidente de Israel, Isaac Herzog, negou ontem que o país seja responsável pelas detonações. Em entrevista à emissora britânica Sky News, Herzog disse que o Hezbollah tem "muitos inimigos" e rejeitou qualquer ligação com as explosões.
Herzog também apontou que Israel não tem o interesse em entrar em guerra com a milícia libanesa, mas admitiu que a tensão está alta. O presidente criticou o Irã, acusando o país de querer "conquistar todo o Oriente Médio e entrar na Europa" e reforçou que Israel tem o direito de se defender de "ameaças existenciais".
Durante a entrevista, Herzog também foi questionado se Netanyahu é a pessoa certa para costurar um acordo com o grupo terrorista Hamas que garanta a volta dos reféns israelenses. A ofensiva em Gaza, iniciada após os ataques terroristas de 7 de outubro do ano passado, continua.
O presidente afirmou que vai trabalhar com qualquer primeiro-ministro e para que um acordo com o Hamas seja possível, o líder do grupo, Yahya Sinwar, precisa estar disposto.
O Hezbollah já afirmou que continuará dando apoio ao Hamas e reforçou novamente ontem que só vai interromper sua ofensiva a Israel quando o conflito em Gaza for encerrado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Hezbollah amplia alcance de ataques contra Israel com foguetes e drones
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