Grupo de sobreviventes da bomba atômica no Japão ganha Nobel da paz

Internacional
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O Prêmio Nobel da Paz de 2024 foi concedido nesta sexta, 11, à organização japonesa Nihon Hidankyo, um movimento popular que representa sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki e advoga contra a proliferação de armas atômicas. A presidência norueguesa do comitê destacou o trabalho do grupo em coletar depoimentos de sobreviventes para educar o público sobre os horrores da guerra nuclear.

 

"A premiação do Nihon Hidankyo é por seus esforços em favor de um mundo sem armas nucleares e por ter demonstrado, através de testemunhos, que as armas nucleares nunca mais deveriam ser utilizadas", afirmou o presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Jorgen Watne Frydnes.

 

A Nihon Hidankyo foi fundada em 1956, em resposta aos ataques americanos com bombas atômicas no fim da 2.ª Guerra, em agosto de 1945. A organização se divide entre ações de pressão pelo controle de arsenais nucleares e em representar os interesses e a memória dos chamados "hibakushas", os sobreviventes dos únicos ataques nucleares já realizados até hoje.

 

Escalada retórica

 

"Nunca sonhei que isso pudesse acontecer", afirmou o copresidente da Nihon Hidankyo, Tomoyuki Mimaki, um sobrevivente dos bombardeios atômicos. "Por favor, vamos abolir as armas nucleares enquanto estamos vivos. Esse é o desejo de 114 mil hibakushas."

 

Mimaki também criticou a escalada da retórica atômica em várias partes do mundo, diante de conflitos ativos, principalmente no Oriente Médio e na Europa. Ele comparou a situação das crianças em Gaza ao Japão, há 80 anos, e argumentou que a escolha pelo uso de armas atômicas teria um impacto em cadeia.

 

"Dizem que graças às armas nucleares o mundo mantém a paz. Mas as armas nucleares podem ser usadas por terroristas", declarou o japonês. "Por exemplo, se a Rússia as usar contra a Ucrânia, ou Israel contra Gaza, não terminará aí. Os políticos deveriam saber dessas coisas."

 

Elogios

 

Líderes mundiais e organizações pacifistas comemoraram o reconhecimento dado ao grupo japonês. Após o anúncio, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o fim de todas as armas nucleares, que ele descreveu como "dispositivos de morte".

 

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, classificou como "extremamente significativo" que o grupo fosse condecorado. "Esta organização tem trabalhado por muitos anos para a abolição das armas nucleares", disse.

 

A Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares parabenizou a Nihon Hidankyo e descreveu os hibakushas como "sobreviventes inspiradores" que "trabalharam incansavelmente para aumentar a conscientização sobre os impactos catastróficos das armas nucleares e pressionar por sua eliminação total".

 

Henrik Urdal, diretor do Instituto para Estudos da Paz, com sede em Oslo, afirmou que a entrega do prêmio à Nihon Hidankyo acontece em um "momento crucial". "Os países estão modernizando seus arsenais nucleares e as ameaças de uso por potências tradicionais e emergentes estão aumentando assustadoramente", disse. "Em uma era em que sistemas de armas automatizados e guerra conduzida por IA estão surgindo, o apelo ao desarmamento não é apenas histórico, mas uma mensagem importante para o nosso futuro."

 

A Nihon Hidankyo atua ativamente pressionando governos e participando de conferências internacionais, como as revisões do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). A organização também defende o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN) e luta para fortalecer o tabu internacional contra o uso dessas armas, que está atualmente sob ameaça.

 

Além do ativismo antinuclear, o Nihon Hidankyo oferece apoio aos hibakushas, lutando por melhorias no acesso a cuidados de saúde e compensações financeiras pelas doenças causadas pela radiação. A organização também se solidariza com outras vítimas de testes nucleares em diferentes partes do mundo, promovendo um movimento global de desarmamento.

 

Ameaças

 

O presidente do Comitê do Nobel considerou "alarmante" que o "veto ao uso de armas nucleares", declarado em resposta aos bombardeios atômicos de agosto de 1945, esteja agora ameaçado. Segundo a organização do prêmio, o grupo japonês organiza uma oposição generalizada às armas nucleares em todo o mundo, ao compartilhar suas histórias pessoais, criar campanhas educativas com base em suas próprias experiências e emitir alertas contra a disseminação e o uso de armas nucleares.

 

"Nenhuma bomba atômica foi usada em guerras nos últimos 80 anos. Os extraordinários esforços da Nihon Hidankyo e de outros representantes dos hibakushas contribuíram para o estabelecimento do tabu nuclear", disse Frydnes. "É, portanto, alarmante que hoje este tabu contra o uso de armas nucleares esteja sob pressão." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta quinta-feira, 17, que prefere que sua esposa, Michelle Bolsonaro, não se envolva em campanhas políticas, embora ela considere a possibilidade de concorrer ao Senado.

De acordo com o ex-presidente, Michelle não tem discutido a ideia de lançar candidatura. "A não ser para mim, ela confessa que ela gostaria talvez se candidatar ao Senado pelo Distrito Federal", afirmou.

O ex-presidente foi questionado sobre a possibilidade de Michelle disputar a Presidência da República, caso ele não consiga reverter sua inelegibilidade. Além de negar essa hipótese, Bolsonaro ressaltou que não gostaria de vê-la participando de uma campanha eleitoral.

"Não quero ver minha esposa - se ela decidir, é outra história - envolvida em campanha", comentou.

Apesar de ter mencionado que Michelle não fala sobre uma candidatura futura, Bolsonaro destacou que ela tem consciência da responsabilidade do cargo Executivo, seja em nível federal ou municipal.

O ex-presidente fez essas declarações em João Pessoa (PB), onde participou de um evento da campanha de seu ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), que disputa o segundo turno das eleições para prefeito da capital paraibana contra Cícero Lucena (PP).

Segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira, 17, Lucena lidera com 51% das intenções de voto, contra 31% de Queiroga. O número de eleitores indecisos é de 2%, enquanto 9% planejam votar em branco, nulo ou se abster. A margem de erro é de 3%.

A pesquisa ouviu 852 pessoas em João Pessoa entre os dias 14 e 16 de outubro, com um nível de confiança de 95%. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o código PB-07476/2024.

Nas eleições municipais deste ano, 775 municípios brasileiros não elegeram nenhuma mulher para a Câmara Municipal, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso significa que aproximadamente um em cada sete municípios não contará com representação feminina no Legislativo local. O número, apesar de ainda ser significativo, diminuiu com relação à última eleição, de 2020, quando 929 cidades ficaram sem nenhuma vereadora.

Neste ano, o Estado de Minas Gerais liderou a eleição de vereadoras, com 1,3 mil mulheres escolhidas nas urnas. Em seguida vem São Paulo, com 1,2 mil. Roraima teve o menor número de representantes, elegendo apenas 40 mulheres para os Legislativos municipais. O Amapá vem logo atrás, com 41 eleitas, segundo o TSE.

O porcentual de mulheres eleitas para as Câmaras Municipais no Brasil teve um avanço tímido nesta eleição. Em 2020, 83,87% das cadeiras foram ocupadas por homens e 16,13% por mulheres. Agora, os homens representam 81,76% dos vereadores, enquanto a participação feminina subiu para 18,24%.

Proporção

Nas capitais, o aumento foi um pouco mais expressivo. A proporção de vereadoras passou de 17% no último pleito para 21% neste ano. Cinco cidades atingiram ou superaram a marca de 30% de cadeiras ocupadas por mulheres: São Paulo (36%), Curitiba (32%), Porto Alegre (31%), Boa Vista (30%) e Cuiabá (30%).

O aumento mais expressivo no número de mulheres eleitas para o cargo de vereador ocorreu em Cuiabá, onde a representatividade feminina saltou de 8% para 30% das cadeiras. São Paulo, cidade com o maior colégio eleitoral do País, terá também a maior proporção de vereadoras entre as capitais, com 36% das vagas ocupadas por mulheres.

Entre os cinco nomes mais votados na capital paulista, dois são de mulheres: Ana Carolina Oliveira (Podemos), mãe de Isabella Nardoni - assassinada em 2008, aos 5 anos -, conquistou quase 130 mil votos e foi a segunda mais votada, enquanto Amanda Paschoal (PSOL), com 108 mil votos, ficou na quinta posição. A candidata do PSOL teve a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) como principal cabo eleitoral.

Potencial

Outras capitais também tiveram vereadoras liderando o ranking de votação para os respectivos Legislativo. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, se destacou com duas mulheres entre as mais votadas: Samantha Iris, em Cuiabá, e Priscila Costa, em Fortaleza. Em Belém, Silvane (MDB) também garantiu seu lugar na Câmara Municipal como a vereadora mais votada, assim como a petista Karla Coser, em Vitória.

"Considerando tanto o porcentual de mulheres no País, que é mais da metade da população, quanto o potencial em relação às candidaturas, percebemos que esse aumento ainda não é significativo", afirmou Tauá Pires, diretora de Incidência do Instituto Alziras, organização sem fins lucrativos que atua para ampliar e fortalecer a participação de mulheres na política brasileira.

"Para dar um exemplo, aqui no Estado de São Paulo, embora a gente tenha tido essa ampliação, ainda seguimos com 78 cidades sem nenhuma mulher vereadora", destacou a diretora do Alziras.

Prefeituras

A especialista também avaliou como pouco promissor o resultado da eleição deste ano para os Executivos municipais. Anteriormente, 12,07% das prefeituras eram comandadas por mulheres; após o primeiro turno de 2024, esse número subiu para 13,23%. Tauá ressaltou que o desfecho do segundo turno será importante para analisar o avanço na pauta da diversidade nestas eleições, já que há sete mulheres disputando prefeituras de capitais.

As cidades com candidatas no segundo turno são Curitiba, Porto Alegre, Aracaju, Natal, Campo Grande, Palmas e Porto Velho. Campo Grande se destaca por ser a única com duas mulheres concorrendo diretamente. No último pleito, apenas Cinthia Ribeiro, em Palmas (TO), e Adriana Lopes, em Campo Grande (MS), foram eleitas.

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 17, mostra que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) perdeu 10 pontos na intenção de votos entre as mulheres, com uma diferença de oito pontos em relação ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) .

Há 10 dias do segundo turno das eleições municipais, o emedebista conta com 47% das intenções de voto das eleitoras. Na semana passada, o apoio feminino era de 53% . Boulos, por sua vez, registra 39% das escolhas das mulheres. Na pesquisa anterior, o psolista somava 35%.

Entre os homens, o prefeito conta com a pretensão de votos de 55%, no último levantamento os eleitores de Nunes correspondiam a 57%. Já o deputado soma agora 27% do eleitorado masculino, antes, somava de 30%.

Segundo o Datafolha, a margem de erro para os dados por gênero é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Preferência dos jovens e dos mais velhos

A pesquisa também traz dados sobre a popularidade dos candidatos entre diferentes faixas etárias. Entre os eleitores de 16 a 24 anos, Boulos aparece com 43% das intenções de voto, e Nunes com 41%. O prefeito perdeu uma vantagem de 15 pontos desde o último levantamento. A margem de erro para a categoria é de nove pontos para mais ou para menos.

O atual prefeito também perdeu 10 pontos entre os eleitores acima de 60 anos. Atualmente, Nunes registra 53% dos votos, e Boulos soma 32%. A margem de erro para o grupo é de seis pontos.

Entre os respondentes de 25 a 34 anos, Nunes retém 47% das pretensões e Boulos 35%. Neste segmento, a margem de erro é de sete pontos, ou seja, é considerado um empate técnico.

Na faixa etária de 35 a 44 anos, o prefeito sai na dianteira, com 51%, contra 32% do deputado. A margem de erro é de seis pontos.

O emedebista também está em vantagem entre eleitores de 45 a 59 anos, com 54% das intenções de voto contra 31% para o candidato do PSOL. A margem de erro considera também é de seis pontos.

Nos números gerais, o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) registra 51% das intenções de voto, enquanto Boulos fica com 33%.

A pesquisa Datafolha foi realizada de forma presencial com 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral com o protocolo SP-05561/2024.