O ator Hilton Cobra, reconhecido por sua trajetória no teatro e papéis de destaque na TV e cinema, fará sua estreia no palco do Theatro Municipal de São Paulo com o premiado monólogo "Traga-me a Cabeça de Lima Barreto!", em homenagem ao escritor carioca. A peça, que está há sete anos em cartaz com mais de 250 apresentações para cerca de 35 mil espectadores em 140 cidades de 19 estados, chega à capital paulista em novembro, mês da Consciência Negra, para única apresentação no dia 3 de novembro, às 17h.
Uma jornada de sucesso
O espetáculo já percorreu todas as regiões do país e vem conquistando público e crítica com sua abordagem vigorosa, crítica, sensível e atual, ao tratar de temas como racismo e eugenia. "Traga-me a Cabeça de Lima Barreto!" tem texto do diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, criado especialmente para comemorar os 40 anos de carreira de Hilton Cobra e direção de Onisajé (Fernanda Júlia). A performance de Hilton Cobra como Lima Barreto tem sido celebrada por sua intensidade, trazendo à vida o legado deste importante escritor brasileiro.
Sobre a peça
A peça apresenta uma imaginária sessão de autópsia na cabeça de Lima Barreto, conduzida por um Congresso de Eugenistas no início do século XX. Após a morte de Lima Barreto, os médicos eugenistas determinam a exumação do corpo, a fim de responder à seguinte pergunta: “Como um cérebro, considerado inferior pelos eugenistas da época, poderia ter produzido e publicado obras literárias de qualidade, se a arte nobre e da boa escrita deveria ser um privilégio das raças consideradas superiores?”. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.
A narrativa ganha força com trechos dos filmes “Homo Sapiens 1900” e “Arquitetura da Destruição” – ambos cedidos gentilmente pelo cineasta sueco Peter Cohen – que mostram fortes imagens da eugenia racial e da arte censurada pelo regime hitlerista. O cenário, de Marcio Meirelles – um manifesto de palavras – contribui para a força cênica juntamente com o figurino de Biza Vianna, a luz de Jorginho de Carvalho, a direção de movimento de Zebrinha, a música de Jarbas Bittencourt e a direção de vídeos de David Aynan. Os atores Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Frank Menezes, Harildo Déda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade – todos amigos e admiradores do trabalho de Cobra, emprestam suas vozes para a leitura em off de textos de apoio à cena.
Hilton Cobra
Em cena, Hilton Cobra captura o espírito inconformado de Lima Barreto, oferecendo ao público uma performance autêntica e repleta de referências ancestrais. Cobra é um ator baiano, radicado no Rio de Janeiro, onde fundou em 2001 a Cia dos Comuns – coletivo artístico formado por atores e atrizes negras e negros, dedicado à pesquisa teatral negra e ampliação do espaço de atuação de artistas e técnicos negros nas artes cênicas. A companhia tem sido responsável por produções aclamadas que abordam temas cruciais para refletir a contemporaneidade e o racismo, como os espetáculos "A roda do mundo" (2001), "Candaces - A reconstrução do fogo" (2003, vencedor do Prêmio Shell de melhor música), "Bakulo - Os bem lembrados" (2005) e "Silêncio" (2007). Além das produções teatrais, o grupo também se destaca pela realização de projetos como o Fórum Nacional de Performance Negra e a mostra "Olonadé - A cena negra brasileira", reafirmando seu compromisso com a valorização e difusão da cultura negra no Brasil.
Recentemente Hilton Cobra viveu o personagem Cata Ouro na telenovela “Fuzuê” (TV Globo, 2024) e pode ser visto na segunda temporada na série original Globoplay "Vicky e a Musa", onde interpreta o diretor teatral Orlando Gutierrez.
A apresentação de "Traga-me a Cabeça de Lima Barreto!" tem apoio cultural do Theatro Municipal de São Paulo.
Hilton Cobra estreia no Theatro Municipal de SP com “Traga-me a Cabeça de Lima Barreto!” em homenagem ao escritor carioca
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