Arte Subdesenvolvida estreia no CCBB RJ - mais de 130 obras

Cultura
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A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados "subdesenvolvidos". No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época estará presente na mostra Arte Subdesenvolvida, que ficará em cartaz entre 19 de fevereiro e 05 de maio de 2025, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). Com a curadoria de Moacir dos Anjos e produção da Tuîa Arte Produção, a exposição terá entrada gratuita, mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site do CCBB.

 

O conceito de subdesenvolvimento foi corrente por cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. "Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido", reflete o curador Moacir dos Anjos. "Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida", complementa.

 

A mostra, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, esculturas, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentosSão peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio - MAR

 

Após a temporada carioca, a exposição segue para o CCBB Brasília, ainda em 2025.

 

PRINCIPAIS DESTAQUES

Peças de grande importância para a cultura nacional estão presentes em Arte Subdesenvolvida. Duas obras de Cândido PortinariEnterro (1940) e Menina Ajoelhada (1945), fazem parte do acervo da exposição. Muitas pinturas do artista figuram o desespero, morte ou fuga de um território marcado pela falta de quase tudo.

 

Outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. Ela é composta por dois sacos cheios com arroz e feijão, alimentos típicos de qualquer região do Brasil, envoltos por um laço preto. Esse laço é símbolo do luto, como aponta a artista. O público também terá acesso a uma série de fotografias da artista intitulada Aos Poucos.

 

Outro ponto alto da mostra é a obra Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000, de Randolpho Lamonier. "A materialização dos sonhos tem diversas formas de representação, que inclui um grande volume de obras têxteis, desenhos e anotações feitos pelas próprias pessoas entrevistadas, objetos da cultura vernacular e elementos que remetem à linguagem publicitária", ressalta o artista. "Entre os elementos que compõem a obra, posso listar, além dos têxteis, neons de LED, letreiros digitais, infláveis, banners e faixas manuscritas, até conteúdos sonoros com relatos detalhados de alguns sonhos", completa Lamonier.

 

Assim como em SP e BH, lúdica e viva, a instalação multimídia realizará também um inventário de sonhos de consumo dos cariocas, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. Vai ocupar toda a Rotunda do CCBB Rio e, como explica o curador Moacir dos Anjos, "faz uma reflexão, a partir de hoje, sobre questões colocadas pelos artistas de outras décadas". 

 

Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza. 

 

No período em que a exposição ficará em cartaz no CCBB RJ serão realizadas atividades educativas integradas, como a palestra "Arte e subdesenvolvimento no Brasil" com o curador e pesquisador Moacir dos Anjos. O evento discutirá os modos como a arte brasileira reagiu à condição de subdesenvolvimento no país entre as décadas de 1930 e início da de 1980. E como ela incorporou, temática e formalmente, os paradoxos dessa condição. Discussão que importa para entender a recente virada política na arte brasileira contemporânea. A palestra conta com tradução simultânea em LIBRAS.

 

O SUBDESENVOLVIMENTO EM DÉCADAS 

A exposição será dividida por décadas. No primeiro eixo, Tem Gente com Fome, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. "São de 1930 e 1940 os artistas e escritores que começam a colocar essa questão em pauta", afirma o curador Moacir dos Anjos.

 

No segundo eixo, Trabalho e Luta, haverá uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, entre outras regiões do Brasil onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho. 

 

Já o terceiro bloco se divide em dois. Em Mundo e Movimento "a política, a cultura e a arte se misturam de forma radical", explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião. "Nessa época houve muita inventividade que acabou sendo tolhida depois da década de 1960", completa o curador.

 

O último eixo da mostra, O Brasil é Meu Abismo, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. "São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto", finaliza o curador. 

 

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A atualização deste ranking mostra o Thermas Water Park São Pedro (SP) como o 7º mais visitado da América Latina em 2022, saltando uma posição entre os listados, e o 4º no Brasil. O relatório produzido pela TEA informa que o parque aquático do interior paulista foi o que mais cresceu em relação ao ano referência de 2021, com alta de 67%.

 

Com 2 prêmios importantes e tornando São Pedro internacionalmente conhecida, a CEO do Grupo JS Andrade, Silvia Andrade, falou sobre este importante momento do parque. "Estamos investindo nos últimos anos com mais infraestrutura, segurança e diversão. Na época pandêmica fomos na contramão do momento econômico e mantivemos nosso foco, fortalecendo nosso propósito de encantar pessoas. O turismo regional é muito importante e sabemos que o parque é um dos grandes atrativos. Acreditamos em São Pedro e continuaremos trabalhando pelo desenvolvimento turístico regional", destacou.

 

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Para abrilhantar tudo isso, a gastronomia é marcada desde luxuosos jantares servidos nos hotéis como a comida caipira feita em fogão à lenha nos restaurantes e pousadas. E para quem gosta da sobremesa, o doce de Jaracatiá, fruta típica da região, colhida apenas no mês de fevereiro, é algo que o turista não pode deixar de experimentar.

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