Em agosto, o Museu das Culturas Indígenas (MCI) realiza uma série de atrações especiais dedicadas às vozes, saberes e protagonismos dos povos originários, com destaque para o Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08). A agenda inclui apresentações culturais, encontros formativos, contações de histórias e rodas de conversa que evidenciam a diversidade das culturas indígenas em diferentes territórios, contextos e gerações. O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.
A presença indígena no Brasil antecede a formação do próprio país e segue viva, múltipla e em constante transformação. Hoje, são 305 povos indígenas falantes de 274 línguas, distribuídos em territórios rurais, urbanos e retomados. As culturas indígenas influenciam profundamente a sociedade brasileira, por meio de elementos como o uso de plantas medicinais, técnicas de cultivo, palavras do nosso vocabulário cotidiano, modos de cozinhar e festas populares, que carregam saberes milenares.
Para fortalecer a compreensão dos direitos e a importância dos povos indígenas no mundo foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 09 de agosto. Na data, o MCI recebe o Coletivo Bayaroá Kuruá, formado por estudantes indígenas da Unicamp para uma apresentação, às 15h, sobre a riqueza sonora de instrumentos tradicionais como o japurutu (flauta longa de paxiúba), kapiwayá (bastão de embaúba), kariçu (flauta de pã) e mawako (instrumento de percussão). Os integrantes de diferentes etnias do Alto Rio Negro compartilham com o público formas de preservar e difundir saberes ancestrais.
OFICINAS E ENCONTROS FORMATIVOS
Em 14 de agosto, o MCI realiza duas atividades formativas voltadas a educadores e profissionais da cultura. Às 10h, ocorre a oficina virtual Abordagem Triangular: teoria e prática, dedicada à metodologia da arte-educação sistematizada por Ana Mae Barbosa, baseada na articulação entre fazer artístico, apreciação estética e contextualização histórica.
Encontros reúnem profissionais do setor museológico e indígenas. Foto: Gabie Pereira/MCI
A atividade integra o Programa Conexões Museus, iniciativa do Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP) para qualificação do setor museológico no estado de São Paulo.
Na mesma data, às 14h, é realizado o I Encontro de educação museal na perspectiva indígena, com a presença de equipes educativas do MCI, do Museu Akãm Orãm Krenak e do Museu Índia Vanuíre, para discutir práticas educativas que promovam o diálogo de saberes com protagonismo indígena e para transformar a mediação cultural em uma prática plural e representativa.
JORNADA DO PATRIMÔNIO – EXPERIÊNCIA SENSORIAL NA MATA ATLÂNTICA
Em 16 de agosto, às 10h, o MCI realiza a atividade Jornada do Patrimônio - “Tempo em sentidos”, uma experiência sensorial pela Trilha do Pau-Brasil, no Parque da Água Branca. A proposta é vivenciar os sentidos do tempo a partir da conexão entre natureza, cultura e ancestralidade. A experiência será conduzida por Sônia Ara Mirim, da etnia Xucuru-Cariri, ativista e mestra de saberes no MCI em conjunto com a equipe educativa do parque. A caminhada parte do museu rumo à Trilha do Pau-Brasil, em uma imersão na Mata Atlântica, compreendida como patrimônio material (bioma que sustenta um ecossistema inteiro) e imaterial (berço de culturas e modos de vida dos povos indígenas).Com cerca de 500 metros de extensão, a trilha está localizada dentro do Parque da Água Branca, um verdadeiro refúgio verde em meio à cidade de São Paulo. O percurso faz parte do Guia de Áreas Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil-SP). A atividade integra a 11ª edição da Jornada do Patrimônio, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura que, em 2025, traz o tema “Tempo em sentidos”, promovendo vivências sensoriais para refletir sobre a memória, a cidade e o patrimônio.
EDUCAÇÃO E INFÂNCIA NO CONTEXTO INDÍGENA
Neste mês, o programa de formação de professores realizado pelo MCI promove dois encontros para educadores e profissionais das áreas de ensino. Em 21 de agosto, às 18h, a atividade propõe reflexões sobre os modelos de infância a partir da experiência dos povos Mehinako e Iny (Karajá), com a participação de Kawakani Mehinako e Yriwana Teluira, mestres de saberes do programa educativo, com mediação de Paula Guajajara.
Mestre de saberes recebem educadores para atividade sobre infância. Foto: Gabie Pereira/Acervo MCI
Em 30 de agosto, às 15h, o tema será Ser Pankararu na cidade, com os educadores Edney Nascimento e Santiago Monteiro, que abordam a migração indígena para o contexto urbano e a reinvenção das práticas culturais em novos territórios, a fim de desmistificar estereótipos. Há uma grande presença de comunidades Pankararu estabelecidas nas zonas sul e oeste da cidade, como no Real Parque e em bairros do entorno do Jaraguá. Em seus territórios, seguem rituais, festas, práticas espirituais e redes de parentesco. Em meio ao concreto urbano, mantêm viva a tradição do toré, reafirmam o pertencimento indígena e atuam em espaços de cultura, educação e luta por direitos.
CIRCUITO CLANDESTINO: JARAGUÁ É GUARANI
Em 23 de agosto, às 15h, o MCI recebe a 6ª etapa do Circuito Clandestino Jaraguá é Guarani 2025. Com a presença de Araju Ara Poty, liderança Guarani Mbya da Terra Indígena Jaraguá, a atividade conta com uma roda de conversa sobre a trajetória de luta pela demarcação dos territórios na região noroeste de São Paulo. O circuito é uma iniciativa do Coletivo Salve Kebrada, que celebra uma década de atuação com ações artísticas e políticas no território Jaraguá.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Para encerrar o Agosto Indígena, em 30 de agosto, às 11h, o programa de contação de histórias do MCI apresenta a narrativa de Kamalu-hái, personagem central da cosmologia do povo Waurá, considerada a "dona do barro" e responsável por ensinar a cerâmica ao seu povo. A história é narrada por mulheres das aldeias Piulewene e Ulupuwene, do Parque Indígena do Xingu, como maneira de transmitir oralmente a preservação cultural.
E MAIS!
Artesãs e artesãos dos povos Bororo, Guarani, Huni Kuin, Pataxó, Fulni-ô, Guajajara, Terena, entre outros, comercializarão uma grande diversidade de artefatos tradicionais na Feira de Artes Manuais Indígenas, montada na área externa do MCI.
Das 9h às 18h, o espaço promoverá artistas indígenas para incentivar e ampliar oportunidades socioprodutivas e econômicas.As exposições em cartaz celebram as riquezas e a diversidade cultural dos povos originários:
- Hendu Porã’rã - escutar com o corpo: uma imersão sensorial na cultura do povo Guarani a partir de linguagens ancestrais e contemporâneas.
- Ygapó - Terra Firme: em um espaço imersivo somos convidados a tirar os sapatos para caminhar sobre as folhas da Mata Atlântica e entre o corpo de uma árvore partida ao meio.
- Mymba’i, pedindo licença aos espíritos, dialogando com a Mata Atlântica: um chamado para a reflexão sobre os impactos das ações humanas e a urgência de cuidar da natureza.
- Nhe'ẽ ry - onde os espíritos se banham: explora dimensões espirituais, territoriais e simbólicas da relação dos povos indígenas com a Mata Atlântica
- Ocupação Decoloniza – SP Terra Indígena: ocupa as áreas externas com grafismos Guarani e murais de onças, criados por artistas indígenas. As obras trazem olhares decoloniais sobre o espaço urbano e destacam a resistência, a luta por direitos e o papel feminino, como parte do movimento de retomada artística indígena contemporânea.
- Cobertura Lilases: combina arquitetura contemporânea, sustentabilidade e saberes tradicionais. Inspirada na elegância e simetria da família botânica das plantas lilales, a obra é construída com bambu e utiliza técnicas de encaixes, amarrações manuais e ferragens invisíveis.
Museu das Culturas Indígenas anuncia programação especial no Agosto Indígena
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