Crise climática já mata e reflete desigualdade social, alerta pesquisadora

Meio Ambiente
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As mudanças climáticas não são mais uma ameaça distante, mas uma realidade cruel que já ceifa vidas e aprofunda as desigualdades sociais, conforme constata a Dra. Greyce Lousana, presidente executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) em um alerta que ganha ainda mais relevância no ano da COP30 no Brasil, que ocorrerá em Belém de 10 a 21 de novembro.

"A crise climática já chegou, não é um problema do futuro. É de agora. A gente já está morrendo por isso, os animais estão sofrendo e perdendo suas vidas, o meio ambiente já está afetado", enfatiza a especialista, desmistificando a ideia de que os impactos são apenas projeções para as próximas gerações. Casos de óbitos de idosos por altas temperaturas e a crescente frequência de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, são exemplos concretos dessa realidade.

Para a pesquisadora, a ciência desempenha um papel fundamental na compreensão e mitigação desses desafios. "Cientistas não acreditam naquilo que as pessoas acham. Nós temos que provar nossas crenças e ideias. O que a ciência faz é olhar para o que estamos vendo hoje e fazer projeções", explica a Dra. Greyce. Ela exemplifica a necessidade de aprofundar estudos sobre o "exposoma", que avalia a totalidade das exposições ambientais e seus impactos na saúde humana.

Um ponto crítico levantado pela presidente da SBPPC é a seletividade dos impactos. As consequências da crise climática não atingem a todos igualmente, escancarando um abismo social. "Quando a gente fala de adaptação, ela tem relação direta com a classe social e econômica. Quem vai conseguir sobreviver? Quem tiver acesso à água e ao ar-condicionado, por exemplo. E essas pessoas são a minoria da população mundial", ressalta, apontando a urgência de políticas públicas que considerem a vulnerabilidade das populações de baixa renda.

 

Educação e Políticas de Estado: Chaves para o Futuro

 

Diante desse cenário, a Dra. Greyce Lousana destaca a necessidade emergencial de ações efetivas que unam ciência, educação de base e políticas públicas de longo prazo. A educação, em particular, é vista como um pilar para a construção de novas gerações mais conscientes. "Se você deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes, talvez sua filha te repreenda, porque ela já vem sendo orientada sobre a crise hídrica. Há uma esperança nesse encontro de gerações", acrescenta, apontando para a conscientização como um motor de mudança.

A SBPPC, segundo sua presidente, atua ativamente para "pressionar os governos no sentido de que isso é real e precisamos ampliar esse diálogo, criar políticas de Estado, não uma política de governo, porque a gestão muda e alteram as políticas muito rapidamente". A instituição busca lembrar os profissionais da área de seu compromisso ético: "Fizemos um juramento no dia da formatura, que iríamos defender a saúde das pessoas, dos animais, do meio ambiente, e buscaríamos o tempo todo o equilíbrio de todos esses ecossistemas".

A Dra. Greyce conclui com um apelo à responsabilidade individual e coletiva, convidando cada cidadão a refletir sobre o consumo e o descarte de produtos. "Embora a situação seja grave, ainda há esperança na união entre conhecimento científico, conscientização popular e novas gerações mais sensíveis às questões ambientais”, finaliza, reforçando que a solução passa pela ação conjunta e consciente de todos.