O crescimento acelerado de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) vem transformando a forma como empresas, governos e usuários se relacionam com o mundo digital. No entanto, esse avanço também acende um alerta global: como garantir o uso ético dos dados pessoais em uma era em que algoritmos decidem desde o que vemos nas redes sociais até diagnósticos médicos e concessões de crédito?
No Brasil, a discussão ganhou força com a expansão de ferramentas baseadas em IA generativa, como assistentes virtuais, sistemas de recomendação, reconhecimento facial e softwares de monitoramento. Especialistas apontam que, embora a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tenha sido um avanço importante, ela ainda não dá conta da complexidade dos novos sistemas automatizados. O uso de dados sensíveis por aplicativos e plataformas segue sendo feito, muitas vezes, sem o devido consentimento claro do usuário.
“O desafio não é apenas regular a coleta de dados, mas entender como algoritmos processam essas informações de forma opaca e potencialmente discriminatória”, afirma a pesquisadora Fernanda Leite, do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio). Ela destaca que sistemas de IA podem reproduzir e até amplificar preconceitos históricos se não forem construídos com responsabilidade e transparência.
A ausência de uma regulação específica para inteligência artificial também preocupa juristas e ativistas da área de direitos digitais. Um projeto de lei que tramita no Congresso propõe a criação de diretrizes para o desenvolvimento, uso e fiscalização de sistemas de IA no Brasil. A proposta inclui critérios de risco, exigência de auditorias, explicabilidade de decisões algorítmicas e penalidades para uso abusivo.
Grandes empresas de tecnologia, por sua vez, defendem o desenvolvimento responsável, mas pedem equilíbrio para evitar excesso de burocracia que possa frear a inovação. Enquanto isso, o consumidor se vê no meio do embate, cada vez mais exposto, mas também mais atento. Pesquisas apontam que 7 em cada 10 brasileiros se preocupam com a forma como suas informações são usadas online, e a demanda por mais transparência e controle cresce a cada nova ferramenta lançada.
A inteligência artificial veio para ficar — mas a forma como será utilizada dependerá das escolhas que a sociedade fizer agora. A tecnologia avança rapidamente. A regulamentação, a educação digital e a ética precisam acompanhar.
Inteligência artificial e privacidade: avanço tecnológico reacende debate sobre uso de dados no Brasil
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