Quais os riscos do jejum intermitente?

Saúde
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O jejum intermitente, embora seja uma prática que tem ganhado espaço em certas abordagens de estilo de vida e saúde, pode apresentar riscos dependendo do perfil de cada pessoa e das condições de saúde existentes.

De acordo com um estudo divulgado na Epidemiology and Prevention | Lifestyle and Cardiometabolic Scientific Sessions 2024, revista da American Heart Association, os indivíduos estudados (uma amostra de 20 mil adultos nos Estados Unidos) que eram adeptos aos jejum intermitente apresentaram um risco maior de morte por doença cardiovascular.

Daniel Magnoni, nutrólogo na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (Imen), explica que ainda existem outros riscos associados ao jejum intermitente. "A interrupção de refeições regulares pode levar ao consumo insuficiente de nutrientes, causando fraqueza, tontura e dificuldade de concentração, especialmente em pessoas que precisam de uma ingestão calórica consistente, como gestantes, lactantes, crianças ou idosos", comenta.

O especialista também aponta que para indivíduos com histórico ou diagnóstico de diabetes, por exemplo, o jejum pode resultar em flutuações perigosas nos níveis de glicose no sangue, aumentando a probabilidade de hipoglicemia ou picos energéticos que afetam o equilíbrio metabólico.

"A prática também pode levar a uma relação pouco saudável com a comida, desencadeando ou intensificando transtornos alimentares, como o comer compulsivo ou a anorexia. O jejum intermitente também pode causar sintomas como fadiga extrema, irritabilidade, e dificuldade para manter suas atividades cotidianas, especialmente quando iniciam o jejum sem acompanhamento profissional adequado", reforça Magnoni.

Como funciona o jejum intermitente?

O jejum intermitente é uma prática alimentar que varia entre períodos planejados de jejum e de alimentação. Existem diferentes métodos, como a abordagem 16/8 (16 horas de jejum e 8 horas de alimentação) ou o método 5/2 (dois dias de restrição calórica por semana). O objetivo principal dessa prática é promover um equilíbrio calórico que, dependendo do caso, pode resultar em controle de peso ou outros benefícios metabólicos.

"Esse tipo de jejum não é adequado para todos os perfis, por isso, é necessário avaliar criteriosamente as condições de saúde antes de adotá-lo. Cada organismo é único, e o que pode funcionar para uns pode não beneficiar ou até prejudicar outros", explica o nutrólogo.

O especialista reforça que o benefício do jejum intermitente pode ter é o emagrecimento rápido, porém, a prática pode ocasionar uma perda de massa magra, a qual é preocupante para a saúde. Nesse cenário, uma dieta saudável e balanceada desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e do bem-estar geral. O equilíbrio alimentar envolve a combinação adequada de carboidratos, proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas, minerais e fibras.

Magnoni também reforça que é importante adaptar a dieta às necessidades individuais, considerando fatores como idade, sexo, hábitos de vida e até mesmo condições específicas de saúde. 

Dessa forma, pode-se evitar deficiências nutricionais e criar uma base sólida para uma rotina mais energética e funcional. "Embora práticas como o jejum intermitente possam integrar estratégias alimentares, elas precisam ser avaliadas de forma criteriosa", finaliza ele.