Distúrbios do sono afetam quase metade da população e se tornam desafio silencioso para a saúde pública

Saúde
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Dormir mal deixou de ser apenas um incômodo pontual e passou a ser reconhecido como um problema de saúde pública. Um estudo recente da Associação Brasileira do Sono (ABS) revela que 46% dos brasileiros sofrem com algum tipo de distúrbio do sono, como insônia, apneia, sonambulismo, bruxismo ou síndrome das pernas inquietas. O número preocupa médicos e especialistas, já que noites mal dormidas têm relação direta com doenças como hipertensão, depressão, diabetes e até risco cardiovascular elevado.

As causas variam de acordo com o perfil do paciente, mas entre os principais vilões estão o uso excessivo de telas antes de dormir, altos níveis de estresse, alimentação desregulada e jornadas de trabalho irregulares. A pandemia de Covid-19 também agravou esse cenário: o isolamento, a ansiedade e o home office impactaram significativamente os hábitos noturnos da população, gerando o que especialistas chamam de “epidemia de má qualidade do sono”.

De acordo com a neurologista e especialista em medicina do sono, Dra. Carla Moretti, dormir bem não é um luxo, mas uma necessidade fisiológica. “Privar-se do sono ou dormir com má qualidade interfere diretamente na memória, no humor, na imunidade e até na produtividade. Em longo prazo, isso cobra um preço alto ao organismo”, explica. Ela também destaca a importância de manter uma rotina regular de sono, evitar cafeína no fim do dia e procurar ajuda médica ao persistirem sinais como fadiga constante, dores de cabeça matinais, roncos altos ou despertares frequentes.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento especializado em alguns centros de referência em distúrbios do sono, mas o acesso ainda é limitado em grande parte do país. Por isso, médicos recomendam que o cuidado com o sono seja incorporado à rotina, tanto na prevenção quanto no tratamento de outras doenças.

Com o avanço do inverno e as noites mais longas, especialistas veem o período como uma oportunidade para repensar hábitos e promover a chamada “higiene do sono” — um conjunto de práticas simples que ajudam o corpo e a mente a se prepararem para dormir melhor. Afinal, dormir bem é viver melhor.