Sem regras novas, participação das emendas no Orçamento vai crescer cada vez mais, diz Dino

Política
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 30, que "se não houver regras novas, a participação das emendas parlamentares no Orçamento da União vai crescer cada vez mais". Ele falou com jornalistas em evento promovido pelo IDP em Brasília. Mais cedo, o ministro já havia dito que vai propor um debate para 2025 sobre uma possível limitação do montante das emendas.

Em agosto, os Três Poderes acordaram que o valor destinado às emendas parlamentares no Orçamento não pode crescer em proporção superior ao aumento do total das despesas discricionárias. De acordo com Dino, o item entrou no acordo por sugestão do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do ministro Gilmar Mendes.

"Há uma circunstância, até o presente momento, em que as emendas crescem proporcionalmente mais do que as despesas discricionárias do Executivo. Por duas razões, o indexador é diferente e, por outro lado, com as despesas obrigatórias do Executivo crescendo, é claro que elas pressionam as discricionárias", afirmou.

Dino acrescentou que cabe ao Congresso incluir essa trava no projeto de lei que trata sobre o assunto, mas que o Supremo também pode discutir a partir de uma ação já ajuizada pelo PSOL. "Há essa provocação específica, já nas ações deste ano, em que se questionam as fronteiras da chamada impositividade. Então, não é uma decisão do Supremo julgar isto. É uma provocação fruto de uma ação que foi proposta neste ano", afirmou.

A execução das emendas impositivas estão suspensas desde agosto por decisão de Dino, depois confirmada pelo plenário da Corte. A liberação da execução está condicionada à apresentação de novas regras pelo Congresso.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado aos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, afirmando que "intervenções estrangeiras" na América Latina "podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar".

Lula não mencionou especificamente os norte-americanos, mas o recado diz respeito à tensão entre Estados Unidos e Venezuela. O presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou na semana passada que autorizou operações da CIA na Venezuela. Trump acusa o governo de Nicolás Maduro de apoiar o narcotráfico no País.

"Na América Latina e Caribe também tivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar", afirmou.

A declaração de Lula foi dada em cerimônia conjunta de entrega de cartas credenciais de embaixadores de outros países que vão atuar no Brasil. Essa entrega de cartas credenciais é uma formalidade do processo de envio de um embaixador a outro país. Ela é assinada por um chefe de Estado e enviada a outro. Marca o início da atuação do embaixador no País.

Lula se desculpou com os embaixadores por fazer a cerimônia conjunta. Disse que sua agenda está "insuportável" nesta segunda e que terá de viajar na terça (21) para o sudeste asiático, o que fez com que tivesse de intensificar agendas nesta segunda.

O presidente brasileiro reforçou que "levar o Brasil de volta à cena internacional foi uma das minhas missões mais urgentes deste mandato". Também voltou a dizer que pretende assinar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia em dezembro, quando será realizada a cúpula do bloco sul-americano no Brasil. Segundo Lula, as "relações com a Europa seguem estratégicas" e o "acordo é símbolo contra protecionismo".

O presidente também lembrou da realização da COP30, em Belém, em novembro. Cobrou que países ricos participem da discussão sobre preservação do meio ambiente e lembrou do TFFF (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês), fundo que será lançado na COP pelo Brasil para remunerar países que mantiverem suas florestas tropicais preservadas. Disse que o objetivo da iniciativa é "fomentar o desenvolvimento sustentável".

A chefe de Relações Exteriores e Segurança da União Europeia, Kaja Kallas, disse nesta segunda-feira, 20, que a UE espera aprovar nesta semana o 19º pacote de sanções contra a Rússia. "Infelizmente, não hoje, mas teremos uma reunião de líderes na quinta-feira", afirmou, acrescentando que também há discussões sobre novas medidas para conter a chamada "shadow fleet" - frota de petroleiros usados por Moscou para contornar restrições ocidentais.

Sobre a guerra na Ucrânia, a diplomata destacou que "a Rússia só negocia quando é realmente obrigada a negociar". Ela afirmou ver com cautela os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover um acordo de paz, dizendo que "não vemos a Rússia realmente querendo paz".

Em relação ao Oriente Médio, Kallas avaliou que o cessar-fogo entre Israel e Hamas "passou por seu primeiro teste de resistência" neste fim de semana, e defendeu ações adicionais para garantir o envio de ajuda humanitária e a manutenção da trégua. "Precisamos trabalhar para alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio", afirmou.

Alerta à China

Kaja Kallas também disse que o bloco está intensificando o diálogo com seus parceiros do Indo-Pacífico, diante do que classificou como uma nova estratégia de poder da China. "Estamos realmente nos aproximando de nossos parceiros do Indo-Pacífico, especialmente considerando como a China vem usando as cadeias de suprimento como armas. Essa instrumentalização das cadeias de suprimento representa um risco ao comércio global".

As declarações da chefe de Relações Exteriores e Segurança da União Europeia foram dadas antes da reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, em Luxemburgo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, pela vitória nas eleições do último domingo, 19. Disse que o processo eleitoral demonstrou "o compromisso da sociedade boliviana com a democracia".

"Encaminhei carta nesta manhã ao presidente eleito do Estado Plurinacional da Bolívia, Rodrigo Paz, parabenizando-o pela vitória no segundo turno das eleições do domingo. A conclusão do processo eleitoral em clima de tranquilidade e harmonia demonstra o compromisso da sociedade boliviana com a democracia, que deve seguir norteando toda a nossa região", disse Lula, por meio de publicação no X nesta segunda-feira, 20.

O presidente afirmou ter reiterado a Paz "a prioridade do governo brasileiro no relacionamento com a Bolívia, com a qual compartilhamos extensa fronteira, mas também uma relação de amizade e respeito".

"O presidente eleito pode contar com o meu compromisso de seguir trabalhando em benefício de nossas relações bilaterais e de cooperação em temas de interesse mútuo. A Bolívia é parceira fundamental do Brasil na construção de uma América do Sul mais integrada, justa e solidária", completou.

Paz foi eleito presidente da Bolívia derrotando o ex-presidente Jorge Quiroga. Tem 58 anos e é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) e da espanhola Carmen Pereira. Nasceu na Espanha, onde a família viveu exilada durante a ditadura militar boliviana (1964-1982).

Tanto Paz quanto Quiroga representam o centro e a direita na política boliviana. A esquerda, representada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), cujo principal líder é o ex-presidente Evo Morales, foi a principal derrotada na eleição e não esteve no segundo turno.