Deputados eleitos prefeitos gastam mais de R$ 800 mil de cota de publicidade

Política
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Nove deputados federais que foram eleitos prefeitos nas eleições municipais deste ano gastaram, no total, R$ 831,8 mil de cota de publicidade paga com recursos da Câmara dos Deputados. Os parlamentares buscaram reforçar a imagem com o eleitorado desde o início do ano.

A cota de publicidade sai de um recurso mensal distribuído aos congressistas para o custeio dos mandatos. A Casa impõe que o valor deve ser investido para a divulgação do mandato do parlamentar em Brasília. Ao destinar dinheiro para impulsionar as ações, os deputados conseguem atingir mais eleitores.

De acordo com o regimento interno da Câmara, os parlamentares não podem utilizar a cota de publicidade nos 120 dias que antecedem o primeiro turno de uma eleição. O uso volta a ser permitido após o término do segundo turno. Porém, no período entre janeiro e maio deste ano, anterior ao prazo imposto pela Casa, os deputados eleitos reforçaram os investimentos com publicidade.

De acordo com Marina Atoji, diretora de programas da Transparência Brasil, o uso da cota para fins eleitorais é proibido pela Câmara para impedir que parlamentares tenham vantagem sobre outros candidatos. Por esse motivo, existe a restrição imposta pela Casa.

"O uso da cota para fins eleitorais é proibido para impedir que deputados e deputadas tenham vantagem desproporcional em relação a outros candidatos que não dispõem desse recurso. Fora o fato de ser um desvio do objeto da verba, que é dedicada à divulgação do mandato", explicou Atoji.

Ao Estadão, Paulinho Freire (União-PB), eleito prefeito de Natal (RN) no domingo, 27, disse que utilizou os R$ 32 mil de cota de publicidade para a divulgação do mandato dele como deputado federal. "É referente a divulgação dos meus trabalhos legislativos nos meses de março e abril de 2024, enquanto deputado federal, não tendo nenhum vínculo com o impulsionamento da minha candidatura às eleições municipais", afirmou o prefeito eleito da capital potiguar.

De acordo com a equipe de Dr. Benjamim (União-MA), eleito prefeito de Açailândia (MA), os R$ 160 mil de cota parlamentar para publicidade gastos neste ano foram utilizados para a divulgação do mandato, como previsto pela Câmara.

O deputado que mais utilizou a cota de publicidade neste ano foi Hélio Leite (União-PA), que foi eleito, em primeiro turno, prefeito de Castanhal (PA). Entre janeiro e maio, foram gastos R$ 200,7 mil. O mês de março foi o de maior valor: R$ 57 mil.

Do valor gasto em março, R$ 20 mil foram utilizados para contratar uma equipe para realizar postagens em redes sociais e outros R$ 32 mil para publicidade em rádios. Um contrato foi firmado em R$ 8 mil para Leite apresentar, em um programa local, as emendas aplicadas em Castanhal, cidade onde foi eleito.

Ao Estadão, Hélio Leite afirmou que o contrato de R$ 8 mil foi firmado para divulgar a atividade parlamentar em uma "rádio de longo alcance". O parlamentar também afirmou que a publicidade foi necessária devido a emendas que permanecem ativas.

"No período de janeiro e maio, o deputado estava em plena atividade parlamentar, então utilizando as ferramentas parlamentares normais a respeito das divulgações. O deputado tem emendas que estão em atividade e outras em fase de conclusão na cidade, necessitando a divulgação regular e permitida para a época em estações de rádio", disse Leite em nota.

O deputado Alberto Mourão (MDB-SP), eleito prefeito de Praia Grande (SP), afirmou que a cota de publicidade gasta neste ano foi utilizada para divulgar emendas e projetos de lei. "A partir desta crescente de trabalho foi se fazendo necessário levar a mensagem da atuação para o público-alvo, o que é legítimo e transparente", afirmou.

Naumi Amorim (PSD-CE), que é suplente de deputado federal, ocupou uma cadeira na Câmara em março deste ano e foi eleito prefeito de Caucaia (CE). Ao Estadão, a assessoria dele disse que o parlamentar não utilizou a verba para impulsionamento para fins eleitorais e que o período em que esteve na Casa "antecedeu muito" o início da campanha

"Impulsionamento de campanha eleitoral é no período eleitoral. Ele não utilizou para a campanha, visto que ele assumiu a cadeira no Congresso em março desse ano. Tempo que antecedeu muito o início de campanha dele em Caucaia", disse o deputado.

Único deputado eleito pelo PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Washington Quaquá (PT-RJ), escolhido para ser prefeito de Maricá (RJ), contratou, em outubro do ano passado, uma segunda empresa responsável pela movimentação das redes sociais dele. Antes, o valor mensal da cota de publicidade gasto pelo petista era de R$ 15,7 mil. O valor subiu para R$ 21,7 mil.

Ao Estadão, Quaquá afirmou que não utilizou o recurso para reforçar a imagem dele para o pleito no Rio. "Eu usei da Câmara o dinheiro disponível para o mandato. Não preciso de dinheiro de Câmara para campanha", afirmou.

No último mês em que os deputados candidatos podiam utilizar a verba de publicidade, o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) - eleito prefeito de Cuiabá (MT) - gastou R$ 10.357,13, mais do que nos quatro meses anteriores. O recurso foi utilizado para divulgar temas de interesse do deputado, como um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na convenção em que o parlamentar foi lançado como candidato ao comando da capital mato-grossense. O Estadão procurou Abílio Brunini, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.

Já o deputado Gerlen Diniz (PP-AC) gastou R$ 115.500 com publicidade neste ano. Ele foi eleito prefeito de Sena Madureira, no Acre. Procurado, não respondeu à reportagem.

Além dos nove deputados citados, outros dois deputados foram eleitos neste ano: Carmen Zanotto (Cidadania-SC), eleita em Lages (SC), e Márcio Correa (PL-GO), que venceu o pleito em Anápolis (GO). Os parlamentares não exerceram mandato entre janeiro e maio deste ano, portanto, não tiveram o direito de usar a verba de publicidade.

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Luiz Inácio Lula da Silva falou nesta segunda, 26, por telefone, com o presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, e confirmou uma visita ao país em 6 de dezembro. Herdeiro político do ex-presidente José "Pepe" Mujica, o esquerdista Orsi venceu Álvaro Delgado, de centro-direita, no segundo turno disputado no domingo.

Em nota divulgada pelo Planalto, Lula disse que irá ao Uruguai para a cúpula do Mercosul, onde pretende encontrar Orsi e Mujica. O brasileiro também mandou um abraço para o ex-presidente uruguaio, de 89 anos, que luta contra um câncer no esôfago.

A vitória de Orsi significa o retorno da esquerda no Uruguai, depois de cinco anos de governo de centro-direita de Luis Lacalle Pou. A campanha do presidente eleito teve um discurso voltado ao centro e mais moderado.

China

Para o governo brasileiro, a vitória significa um alinhamento político em um dos principais debates do Mercosul, sobre o acordo comercial com a China. Com Lacalle Pou, o Uruguai procurava um acordo bilateral, o que dificultava o plano defendido por Lula de um acordo que incluísse todo o bloco. Orsi tende a seguir a linha do Brasil.

Apesar das divergências políticas com o presidente argentino Javier Milei, Orsi deve manter as boas relações do Uruguai com a Argentina, segundo analistas.

A eleição uruguaia teve a presença de dois candidatos com discursos moderados, contrário à tendência de polarização global. "Vou ser o presidente que constrói uma sociedade mais integrada, onde, apesar das diferenças, ninguém possa ficar para trás do ponto de vista econômico, social e político", disse Orsi, no primeiro discurso após a eleição. O reconhecimento da derrota por parte de Delgado aconteceu antes de o resultado oficial ser concluído. "Acima de tudo, devemos respeitar a decisão soberana", afirmou o governista.

Transição

Lacalle Pou ligou para Orsi imediatamente após as projeções darem a vitória à esquerda. "Liguei para Yamandú Orsi para parabenizá-lo como presidente eleito de nosso país e para iniciar a transição assim que ele entender que é pertinente", disse o atual presidente. (COM LUIZ HENRIQUE GOMES)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autoridades de Israel concordaram com as bases para um cessar-fogo com o grupo xiita libanês Hezbollah. A informação foi confirmada na segunda-feira, 25, pelo embaixador israelense nos EUA, Mike Herzog. O gabinete de segurança de Israel se reúne hoje para votar sobre o acordo que encerraria os combates na fronteira norte.

De acordo com os termos da trégua, o Exército de Israel se retirariam totalmente do sul do Líbano, o Hezbollah remanejaria suas armas pesadas para o norte do Rio Litani, cerca de 25 km da fronteira israelense, e o Exército libanês se deslocaria para fornecer segurança da região, ao lado de uma força da ONU, durante 60 dias.

Os EUA liderariam um comitê de monitoramento internacional de cinco países que atuaria como árbitro de infrações, e apoiariam as operações militares israelenses na fronteira, caso o Hezbollah realizasse um ataque ou reconstituísse suas forças ao sul do Rio Litani.

"Ainda há alguns detalhes, coisas que estão sendo trabalhadas", disse John Kirby, secretário de Segurança Nacional dos EUA, que mediaram o acordo. "A trajetória está indo em uma direção positiva. Mas nada está negociado até que tudo seja negociado."

Os dois lados estão em conflito desde 8 de outubro de 2023, quando o Hezbollah fez ataques a Israel em apoio ao Hamas, que no dia anterior havia matado 1,2 mil pessoas e levado cerca de 250 reféns para Gaza, no pior ataque a judeus desde o Holocausto.

A situação piorou em setembro, depois de Israel realizar uma série de ataques aéreos e invadir o Líbano, destruindo bases do Hezbollah, eliminando a direção da milícia, mas também provocando a morte de milhares de civis e o deslocamento de um quarto da população libanesa.

Pressão

Israel mantém uma estratégia de negociar ao mesmo tempo em que impõe pressão máxima contra o Hezbollah no campo de batalha. Mas a continuidade dos ataques da milícia libanesa parecem exercer um peso decisivo para o avanço do diálogo.

O fracasso em conter a ameaça das armas de curto alcance do Hezbollah estaria colocando pressão sobre o governo do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, para aceitar um cessar-fogo ou pelo menos uma interrupção temporária das hostilidades. Fontes israelenses e americanas afirmaram que a expectativa é a de que o gabinete de segurança dê o sinal verde para o acordo na votação de hoje.

Pessoas ligadas ao governo americano e ao gabinete de Netanyahu afirmam à rede CNN que a chance de a negociação avançar é real, embora ainda faltem detalhes sobre o texto final. No domingo, Barak Ravid, analista da CNN, disse que o enviado dos EUA ao Oriente Médio, Amos Hochstein, ameaçou se retirar da negociação se Israel não aprovasse o acordo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na segunda-feira, 25 que pretende impor uma tarifa de 25% sobre produtos do México e do Canadá, além de uma tarifa de 10% sobre as importações da China, em resposta ao comércio ilegal de drogas e à imigração. Em uma série de publicações na sua conta na rede social Truth Social, Trump prometeu aplicar tarifas amplas aos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos sobre todos os produtos que entram no país.

"No dia 20 de janeiro, como uma das minhas muitas primeiras Ordens Executivas, assinarei todos os documentos necessários para cobrar do México e do Canadá uma tarifa de 25% sobre TODOS os produtos que entram nos Estados Unidos e suas ridículas fronteiras abertas", escreveu o bilionário republicano.

Em outra publicação, momentos depois, o ex e futuro presidente afirmou que também aplicará uma tarifa de 10% à China, "além de quaisquer tarifas adicionais", sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos, em resposta à falha do país em combater o contrabando de fentanil.

As tarifas são um pilar da agenda econômica de Trump. Ele prometeu impostos abrangentes tanto para aliados quanto para adversários durante a vitoriosa campanha eleitoral.

Os EUA são os maiores importadores de bens do mundo, com México, China e Canadá como seus três principais fornecedores.

Muitos economistas alertaram que as tarifas podem prejudicar o crescimento econômico e aumentar a inflação, já que são pagas principalmente pelos importadores que trazem os produtos para os Estados Unidos e que frequentemente repassam esses custos aos consumidores.

No entanto, membros do círculo íntimo de Trump defendem que as tarifas são uma ferramenta útil para os Estados Unidos pressionaram seus parceiros comerciais a aceitar termos mais favoráveis e trazer de volta empregos industriais de outros países.

O indicado de Trump para secretário do Tesouro, Scott Bessent, se confirmado, seria um dos vários oficiais responsáveis por impor tarifas a outras nações. Ele disse em várias ocasiões que tarifas são um meio de negociação com outros países.

Ele escreveu em um artigo de opinião da Fox News na semana passada, antes de sua nomeação, que as tarifas são "uma ferramenta útil para atingir os objetivos da política externa do presidente". "Seja fazendo com que os aliados gastem mais em sua própria defesa, abrindo mercados estrangeiros para exportações dos EUA, garantindo cooperação para acabar com a imigração ilegal e interditar o tráfico de fentanil, ou dissuadindo agressões militares, as tarifas podem desempenhar um papel central." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)