General investigado por planejar golpe usava nomes de carros dele em arquivos, diz PF

Política
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A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 19, identificou um padrão utilizado pelo general da reserva Mário Fernandes para nomear arquivos de conteúdo "sensível".

 

Segundo a investigação, Fernandes é o autor do plano "Punhal Verde e Amarelo", que continha um detalhamento para executar, em dezembro de 2022, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a chapa vencedora das eleições presidenciais daquele ano, formada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB). A ação esperava o apoio operacional de "kids pretos", como são conhecidos os recrutas das Forças Especiais do Exército Brasileiro. O documento contendo o plano foi nomeado como "Fox_2017.docx".

 

O general também foi identificado como o autor de uma minuta com nomeações para um "gabinete de crise", o qual, segundo a investigação, assumiria a gestão do País após as execuções. O esboço foi nomeado como "HD_2022.docx". Também foram atribuídos a Fernandes documentos de nome "Ranger_2014.docx" e "BMW_2019.docx". De acordo com a PF, o padrão utilizado pelo general foi o de nomear os arquivos com o modelo e o ano de seus veículos pessoais: Fox, da marca Volkswagen; "HD", acrônimo da marca de motos Harley-Davidson; Ranger, da Ford; e BMW.

 

Outro padrão identificado pelo inquérito foi o de conteúdos iguais em arquivos de nomes diferentes. Segundo a PF, as renomeações ocorriam quando havia a "necessidade de encaminhar ou imprimir os documentos", de modo que o general despistasse sua autoria do arquivo.

 

O arquivo com o plano de execuções de Moraes, Lula e Alckmin, por exemplo, foi renomeado de "Fox_2017.docx" para "Plnj.docx" minutos antes de ser impresso nas dependências do Palácio do Planalto, o local de trabalho do presidente da República. A sequência de letras no novo nome do arquivo indica uma abreviação da palavra "planejamento".

 

Meia hora depois da imprde essão no Planalto, há um registro da entrada de Fernandes no Palácio da Alvorada, a morada oficial do presidente. A proximidade de tempo entre a impressão do documento e o registro de entrada no Alvorada indica, segundo a PF, que o plano execuções foi levado ao conhecimento de Jair Bolsonaro.

 

A PF também identificou que o arquivo "Ranger_2014.docx" se tornou "Boa tarde.docx" e o "BMW.2019.docx" se converteu em "Obs_EB - Nov 22 (Filtro).docx". O relatório da investigação da PF não expõe o conteúdo desses documentos, mas afirma que eles se encontravam em uma pasta denominada "ZZZZ_Em Andamento", indicando ações que já estavam em curso.

 

O plano exposto pela Operação Contragolpe foi abortado antes de ser consumado, mas a PF identificou ações preparatórias que efetivamente entraram em curso, tais como o monitoramento da rotina de Alexandre de Moraes e o deslocamento de envolvidos no plano nas proximidades da sede do STF.

 

Durante o governo de Jair Bolsonaro, Mário Fernandes assumiu interinamente a Secretaria-Geral da Presidência. No momento dos fatos investigados pela PF, Fernandes era secretário-executivo da pasta.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.