Moraes nega devolução de celular de padre indiciado pela PF por tentativa de golpe

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido da defesa do padre José Eduardo de Oliveira e Silva para que seu celular fosse devolvido. O aparelho está em posse da Polícia Federal (PF) desde fevereiro, quando o sacerdote foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis e figura na lista dos 37 indiciados pela PF por suspeita de tramar um golpe de Estado que pretendia manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Em sua decisão, o magistrado negou o pedido da defesa do pároco de Osasco, na Grande São Paulo, porque as investigações "ainda se encontra em regular andamento, razão pela qual o pleito de restituição dos bens aprendidos não merece êxito, eis que ainda interessam à completa elucidação dos fatos investigados".

A defesa argumentou que a apreensão do aparelho violaria o sigilo sacerdotal de Oliveira. Essa foi a mesma justificativa usada por ele quando se recusou a entregar a senha do celular à PF. Na ocasião, o padre afirmou que no aparelho estaria "os dramas mais profundos de fiéis".

O ministro, então, disse que o clérigo "é investigado por integrar grupo criminoso que almejava desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito. Logo, não há qualquer indício de que o investigado esteja tendo limitação ou desrespeito à sua liberdade religiosa, mas sim que possa ter praticado diversas condutas criminosas em situações alheias ao seu ofício sacerdotal".

A apuração da PF apontou que ele participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, ocasião em que a minuta golpista teria sido discutida. Segundo Moraes, o religioso fazia parte do núcleo jurídico do planejamento golpista.

De acordo com a decisão do ministro na época, Oliveira atuaria "no assessoramento e na elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado".

Também fariam parte deste núcleo o ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, o advogado Amauri Feres Saad, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e o tenente-coronel Mauro Cid, o delator do esquema e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, em que Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avançaram para a segunda etapa, Oliveira postou uma foto de um altar revestido com uma bandeira do Brasil, apoiando uma imagem de Nossa Senhora. Na legenda, escreveu: "Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos."

Quando da operação de fevereiro, o sacerdote afirmou, em nota, que, em relação ao inquérito da PF, sua posição sobre o assunto é "clara" e "inequívoca", e diz estar à disposição da Justiça.

"A República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. Abaixo de Deus, em nosso País, está a Constituição Federal. Portanto, não cooperei nem endossei com qualquer ato disruptivo da Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre as quais humildemente me incluo", escreveu em nota.

Também em nota, a Diocese de Osasco afirmou que recebeu a notícia sobre as investigações e buscas da PF à casa do padre por meio das mídias sociais. "A Diocese se colocará sempre ao lado da Justiça, colaborando com as autoridades na elucidação do caso."

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O presidente da Argentina, Javier Milei, expôs em uma entrevista na quinta-feira, 21, o rompimento com sua vice, Victoria Villaruel. Ao canal de TV online do diário La Nación, o presidente afirmou que a colega de chapa faz parte da "casta" (termo que ele usa para se referir a seus rivais políticos) e descartou qualquer participação dela no governo.

"Existe diálogo entre o presidente e seu vice-presidente? "O que é necessário institucionalmente para cumprirmos nossos papéis", respondeu Milei de forma concisa e, sem ser perguntado, sentiu-se forçado a explicar: "Ela, em sua visão, em muitas das coisas que fazemos, está mais próxima do círculo vermelho [a elite de líderes e empresários], do que ela chama de alta política, e do que chamamos de casta."

As tensões entre os dois vêm crescendo desde que o início do governo e agora parecem ter chegado a um ponto sem retorno.

Pessoas próximas a Victoria Villarruel expressaram surpresa com as palavras de Milei e estavam analisando uma possível resposta.

Em defesa da vice-presidente da Argentina, os senadores pró-governo se manifestaram.

"As críticas à vice-presidente são injustas e desnecessárias. Apesar de ser minoria no Senado, ela está fazendo um ótimo trabalho ao promover as ideias de liberdade que proclamamos durante a campanha. Presidente, não se deixe levar por cantos de sereia. As pessoas com as quais você está se cercando não são as mesmas de sempre, são as piores de antes", disse Francisco Paoltroni, que já teve conflitos com o círculo mais próximo de Milei, incluindo sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, e o assessor Santiago Caputo ao El País.

Tensões entre presidentes e vices são comuns na argentina, desde a restauração da democracia em 1983.

A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, disse neste sábado, 23, que contratou um assassino para matar o presidente, sua esposa e o presidente da Câmara dos Representantes se ela própria for morta, em uma ameaça pública ousada que ela alertou que não era uma piada. "Eu dei minha ordem: 'Se eu morrer, não pare até matá-los.' E ele disse, 'sim'", disse a vice-presidente.

O secretário executivo Lucas Bersamin encaminhou a "ameaça ativa" contra o presidente Ferdinand Marcos Jr. para uma força de guardas presidenciais de elite "para ação adequada imediata".

Não ficou claro quais ações seriam tomadas contra a vice-presidente.

O Comando de Segurança Presidencial das Filipinas imediatamente reforçou a segurança de Marcos e disse que considerava a ameaça da vice-presidente, que foi "feita tão descaradamente em público", uma questão de segurança nacional.

A força de segurança disse que estava "coordenando com agências de segurança pública para detectar, dissuadir e defender contra toda e qualquer ameaça ao presidente e à primeira família".

Marcos concorreu com Duterte como sua companheira de chapa vice-presidencial nas eleições de maio de 2022 e ambos venceram com vitórias esmagadoras em um chamado de campanha de unidade nacional.

Os dois líderes e seus partidos, no entanto, rapidamente tiveram uma amarga desavença sobre diferenças importantes, incluindo suas abordagens às ações agressivas da China no disputado Mar da China Meridional. Duterte renunciou ao Gabinete Marcos em junho como secretária de Educação e chefe de um órgão anti-insurgência.

Assim como seu pai igualmente franco, o ex-presidente Rodrigo Duterte, a vice-presidente se tornou uma crítica vocal de Marcos, sua esposa Liza Araneta-Marcos e o presidente da Câmara Martin Romualdez, aliado e primo do presidente, acusando-os de corrupção, incompetência e perseguição política à família Duterte e seus apoiadores próximos.

Em meio às divisões políticas, o chefe militar, general Romeo Brawner, emitiu uma declaração com a garantia de que as Forças Armadas das Filipinas, com 160 mil membros, permaneceriam apartidárias "com o máximo respeito por nossas instituições democráticas e autoridade civil". Fonte: Associated Press

O governo da Venezuela anunciou na sexta-feira, 22, outra investigação contra a líder da oposição María Corina Machado, procurando responsabilizá-la pelas sanções econômicas que os Estados Unidos e outras nações impuseram ao país sul-americano.

Machado será investigada por manifestar apoio a um projeto de lei aprovado esta semana pela Câmara dos Deputados dos EUA que impediria o governo norte-americano de contratar qualquer empresa que faça negócios com o governo venezuelano. Em uma publicação no X, antigo Twitter, a líder da oposição afirmou que o projeto é um "passo crucial para a responsabilização do regime de Maduro".

Um comunicado do Ministério Público da Venezuela anunciando a última investigação diz que os comentários de Machado "constituem a prática de crimes de traição", conspiração com países estrangeiros e outros. O comunicado diz que a lei da Câmara dos Representantes dos EUA é uma tentativa de ampliar o catálogo de sanções contra a Venezuela.

O anúncio foi feito quatro dias depois de o governo dos Estados Unidos reconhecer o candidato da oposição Edmundo González como o "presidente eleito" da Venezuela. O Presidente Nicolás Maduro afirmou ter vencido as eleições de julho, mas ele e o seu governo recusaram-se a mostrar registros de votação que apoiassem a sua suposta vitória.

González deixou a Venezuela em setembro para se exilar na Espanha depois que um mandado de prisão foi emitido contra ele em conexão com uma investigação sobre a publicação dos relatórios de contagem de votos.

O próximo mandato presidencial da Venezuela começa em 10 de janeiro. Fonte: Associated Press