Corregedor manda rastrear decisões de juiz em causas de advogados filhos de desembargadores

Política
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O ministro Mauro Campbell, corregedor nacional de Justiça, determinou uma devassa em todos os processos julgados nos últimos cinco anos pelo juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2.ª Vara Cível de Campo Grande, sob suspeita de ligação com esquema de venda de sentenças que alcança desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O corregedor mandou a Corte estadual informar, uma a uma, as ações decididas por Paulo Afonso que tenham sido eventualmente patrocinadas por advogados filhos de desembargadores suspeitos de corrupção.

O Estadão pediu manifestação do juiz, via o Tribunal de Justiça do Estado e Associação de Magistrados do Mato Grosso do Sul, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto.

A iniciativa de Campbell toca em uma questão altamente sensível no Judiciário - a forte influência de bacharéis filhos de magistrados, inclusive de ministros de Cortes superiores, que da noite para o dia assumem o patrocínio de causas bilionárias e fazem as ações chegarem rapidamente a resultados de interesse das partes que os contrataram.

O pente fino na 2.ª Vara Cível de Campo Grande deve revelar a lista de processos em que foram constituídos os advogados Fábio Castro Leandro, Rodrigo Gonçalves Pimentel e Divoncir Schreiner Maran Júnior - respectivamente, filhos dos desembargadores Paschoal Carmello Leandro, Sidenir Soncini Pimentel e Divoncir Schreiner Maran.

Os advogados e os desembargadores são investigados. Em outubro, a Polícia Federal fez buscas por envolvimento com a suposta venda de sentenças no Tribunal de Mato Grosso do Sul.

O Tribunal é alvo da Polícia Federal na Operação Ultima Ratio, investigação que põe sob suspeita de venda de sentenças cinco desembargadores: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Marcos José de Brito Rodrigues e Sérgio Fernandes Martins (presidente da Corte), todos afastados de suas funções por ordem do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça. Os magistrados estão sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

Um sexto desembargador, Júlio Roberto Siqueira Cardoso, aposentado desde julho, também é investigado. Em sua casa, a PF encontrou quase R$ 3 milhões em dinheiro vivo.

Na esteira da Operação Ultima Ratio, o ministro Mauro Campbell instaurou procedimento de âmbito disciplinar no Conselho Nacional de Justiça. Os dados requisitados por Campbell vão abastecer uma reclamação disciplinar aberta sobre o juiz Paulo Afonso para apurar possíveis violações ao Código de Ética da Magistratura e à Lei Orgânica da Magistratura, em paralelo às investigações da Polícia Federal sobre supostos crimes de formação de associação criminosa, corrupção passiva e lavagem de capitais.

Quando a Operação Ultima Ratio foi aberta, o Estadão pediu manifestação dos magistrados via o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A Corte indicou que não pode contatar os magistrados em razão de decisão do Superior Tribunal de Justiça. O espaço está aberto para manifestações.

Paulo Afonso de Oliveira também foi alvo da operação da PF, em razão de um caso que era dado como encerrado na esfera administrativa - o reconhecimento de uma dívida que nunca existiu, que resultou no pagamento indevido de R$ 5 milhões a uma advogada acusada de estelionato. Ela chegou a ser condenada, mas o Superior Tribunal de Justiça derrubou a sentença por entender que não existe o crime de "estelionato judiciário".

No CNJ, o magistrado entrou na mira de apuração por indícios de que "muito possivelmente, atuou em processos nos quais as partes tiveram seus interesses patrocinados por advogados que dispunham de grande proximidade com o magistrado".

Ele está sob suspeita de ter recebido propinas "para a prolação de decisões judiciais, ostentando, atualmente, patrimônio individual incompatível com seus rendimentos formais".

Mauro Campbell pediu a cópia das investigações da Operação Ultima Ratio ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal - o qual assumiu a relatoria do inquérito após a citação de suposto esquema de venda de decisões judiciais em gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça.

A investigação da Polícia Federal teve um importante desdobramento nesta terça, 26, com a prisão Andreson Gonçalves, apontado como lobista no Judiciário. Na definição de Zanin, ele seria o comandante de um 'ousado e verdadeiro comércio de sentenças no STJ".

Essa parte da investigação aponta também para três servidores do Superior Tribunal de Justiça, inclusive dois chefes de gabinete de ministros. Eles foram afastados de suas funções.

Como mostrou o Estadão, a Operação Ultima Ratio faz parte de uma grande ofensiva da Polícia Federal contra a venda de sentenças em pelo menos seis tribunais estaduais nos últimos meses e no Superior Tribunal de Justiça. As apurações já levaram ao afastamento de 16 desembargadores e sete juízes.

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O chefe das Forças Armadas israelenses, general Herzi Halevi, anunciou nesta terça, 21, que deixará o cargo no início de março, citando a falha militar sob seu comando em proteger a população dos ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023.

O pesado saldo - 1.200 mortos em Israel e outros 250 sequestrados levados para a Faixa de Gaza - criou uma expectativa em Israel de que pelo menos alguns líderes acabariam renunciando. Apenas alguns oficiais renunciaram, e o general Halevi é o de mais alta patente entre eles até agora.

"Minha responsabilidade pelo terrível fracasso me acompanha todos os dias, toda hora e assim será pelo resto da minha vida", disse ele, em carta ao ministro da Defesa israelense, Israel Katz.

O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, rejeitou os apelos para renunciar ou assumir plena responsabilidade pelo desastroso fracasso em prever e prevenir o ataque do Hamas. Ele disse apenas que terá de responder a "perguntas difíceis" após a guerra.

O anúncio do general foi feito dois dias depois de Israel e Hamas iniciarem uma trégua de 42 dias, a primeira fase de um acordo de cessar-fogo e liberação de reféns. No domingo, o Hamas libertou três mulheres em troca de 90 palestinos presos em Israel.

Oportuno

Citando o acordo com o Hamas, Halevi disse que o momento agora era propício para ele partir, já que os reféns começaram a voltar para casa. Ele também disse que o Exército israelense havia alcançado uma série de grandes conquistas, permitindo a ele sair com "a dissuasão e a força" de Israel restauradas.

Mas ele também admitiu que os objetivos de guerra de Israel - que incluíam a destruição do Hamas e o retorno de todos os reféns - ainda não foram alcançados. Na esteira do cessar-fogo, as forças do Hamas reafirmaram seu controle sobre grande parte de Gaza, e a maioria dos reféns ainda permanece no enclave.

Netanyahu nunca se entendeu completamente com Halevi, segundo o comentarista de assuntos militares do Haaretz Amos Harel. Após os ataques do Hamas, Netanyahu tentou cada vez mais direcionar a culpa pelo desastre ao líder militar, disse Harel.

Radicalismo

Agora, com o general Halevi, que foi nomeado pelos opositores centristas do primeiro-ministro, em 2022, fora do cenário, os aliados conservadores de Netanyahu esperam pela oportunidade de nomear um chefe militar que se alinhe mais estreitamente com eles.

Figuras do governo de linha-dura como Bezalel Smotrich, o ministro das Finanças, também criticaram líderes militares como Halevi por não lançarem uma campanha ainda mais agressiva em Gaza, ao mesmo tempo que grupos de direitos humanos acusam o Exército israelense de terem cometido crimes de guerra. Mais renúncias devem ocorrer nas próximas semanas.

Nos últimos 15 meses, Halevi, que assumiu o posto mais alto do Exército no início de 2023, supervisionou as forças israelenses na guerra em Gaza, na invasão terrestre no Líbano, nas operações militares na Síria e nos ataques ao Irã.

Segundo Halevi, o Exército israelense finalizará uma série de inquéritos internos sobre o fracasso da segurança em 7 de outubro de 2023, antes de sua partida. Mas ele afirmou que os inquéritos militares eram limitados e sugeriu que uma investigação independente fosse aberta, ao que Netanyahu se opõe.

Cisjordânia

Ainda ontem, enquanto cumpriam um cessar-fogo em Gaza com o Hamas, forças de segurança de Israel iniciaram uma ampla operação militar em Jenin, na Cisjordânia. Segundo o governo, o objetivo da operação é erradicar o terrorismo.

Ao menos 10 pessoas morreram e 35 ficaram feridas, segundo a Autoridade Palestina, que governa partes do território ocupado. Sobre a operação em Jenin, Netanyahu disse que ela será extensa e significativa. Houve um aumento acentuado das tensões na Cisjordânia, onde o poder dos combatentes cresceu e a violência de colonos judeus contra civis palestinos disparou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta terça-feira, 21, o governo de Donald Trump expandiu os poderes que os agentes de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) têm para deportar rapidamente alguns imigrantes indocumentados dos EUA, uma medida que pode ajudar o novo presidente a executar a campanha de deportação em massa que ele prometeu.

A nova política, detalhada em um aviso publicado online, permite que o Departamento de Segurança Interna deporte mais rapidamente certos imigrantes indocumentados que, ao serem detidos, não conseguem provar que estão no país há mais de dois anos. Esses amplos poderes - um processo conhecido como remoção expedita, que permite a deportação de imigrantes não autorizados sem procedimentos judiciais - têm sido tradicionalmente reservados principalmente para áreas próximas à fronteira sul.

Mas a política emitida pelo secretário interino de segurança interna, Benjamine C. Huffman, permite que os agentes do ICE utilizem essa medida em todo o território dos Estados Unidos. "O efeito dessa mudança será aumentar a segurança nacional e a segurança pública - enquanto reduz os custos do governo - facilitando decisões rápidas de imigração", afirmou o aviso.

A primeira administração de Trump tentou implementar um processo de deportação igualmente acelerado a nível nacional, mas esses esforços foram contestados em tribunais federais. A batalha legal resultante impediu que a regra entrasse em vigor até o final de 2020, quando um tribunal de apelações federal permitiu que o Departamento de Segurança Interna avançasse com as remoções expeditas ampliadas enquanto o processo judicial continuava. A administração Biden revogou a política.

Como algumas das outras ações iniciais de Trump em relação à imigração, a regra pode enfrentar outra contestação legal.

Geralmente, imigrantes não autorizados detidos nos EUA recebem uma notificação para comparecer ao tribunal de imigração, onde podem apresentar seu caso para permanecer no país. Os tribunais estão sobrecarregados com um acúmulo de mais de três milhões de casos, levando alguns a serem agendados para anos no futuro. Os procedimentos de deportação geralmente não podem começar até que um juiz emita uma decisão.

Ao eliminar os procedimentos judiciais para imigrantes que se enquadram nos parâmetros da política, o processo acelerado pode oferecer ao governo Trump outra ferramenta para cumprir a promessa de campanha de realizar deportações em massa no início de seu mandato, disseram especialistas e ex-oficiais do ICE.

"A remoção expedita ampliada pode acelerar muito as deportações e aumentar o número de migrantes removidos. Diferente dos longos processos nos tribunais de imigração que podem levar anos, a remoção expedita pode ser realizada em questão de horas", disse Kathleen Bush-Joseph, analista de políticas do Instituto de Políticas de Migração, em um e-mail.

Bush-Joseph afirmou que o ônus recairá sobre os migrantes para fornecer documentação mostrando que "estão no país há mais de dois anos, têm status legal ou uma reivindicação de proteção, como o asilo".

Corey Price, ex-oficial sênior do ICE que supervisionou deportações na agência, disse que a política pode fazer uma grande diferença para os agentes do ICE encarregados de remover mais pessoas.

"Eu esperaria que eles se apoiassem fortemente nisso", disse ele.

Grupos de defesa dos direitos dos imigrantes rapidamente condenaram a medida como uma forma de assustar imigrantes em todo o país.

"A remoção expedita é uma prática profundamente falha que frequentemente nega aos imigrantes uma oportunidade justa de acessar alívio, separa famílias desnecessariamente e ridiculariza o direito de acesso a um advogado", disse Lindsay Toczylowski, presidente do Immigrant Defenders Law Center, que ajuda a representar imigrantes.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou nesta quarta-feira (22) de "esquerdista radical linha dura" a bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, que pediu "misericórdia" à comunidade LGBT+ e aos imigrantes do país durante cerimônia religiosa com a presença de Trump, na véspera.

"Em nome do nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que agora estão assustadas", disse a líder religiosa durante a cerimônia, que faz parte do rito de posse presidencial.

"Ela a bispa trouxe sua igreja para o mundo da política de uma forma muito desagradável. Ela tinha um tom desagradável e não era convincente ou inteligente. Ela não mencionou o grande número de imigrantes ilegais que entraram em nosso país e mataram pessoas", afirmou Trump em publicação na plataforma Truth Social (da qual é dono).

"Além de suas declarações inapropriadas, o serviço foi muito chato e pouco inspirador. Ela não é muito boa em seu trabalho! Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público", acrescentou o presidente americano. Fonte: Associated Press.