Bolsonaro se diz 'perseguido' e não descarta exílio em embaixada

Política
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Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) se considera "perseguido" e, por isso, não descarta um refúgio em uma embaixada. Apesar de cogitar um exílio, o ex-chefe do Executivo federal afirmou que, se "devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos" e não teria retornado ao País.

 

"Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, né, quem se vê perseguido pode ir para lá", disse Bolsonaro em entrevista ao portal UOL publicada nesta quinta-feira, 28.

 

Em 8 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis, na qual Jair Bolsonaro e aliados foram alvos de mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Imagens divulgadas pelo jornal norte-americano The New York Times revelaram que, quatro dias após a operação da PF, o ex-presidente brasileiro passou duas noites hospedado na Embaixada da Hungria. A estada de Bolsonaro ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro.

 

O espaço físico de uma embaixada é considerado território inviolável do país de origem. Portanto, naquela ocasião, se a Justiça expedisse um mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente, a decisão não poderia ser cumprida por ele estar em uma embaixada internacional. A defesa de Jair Bolsonaro justificou a hospedagem com o objetivo de "manter contatos com autoridades do país" e atualizar os representantes húngaros sobre o "cenário político das duas nações".

 

A Operação Tempus Veritatis colheu provas no inquérito que a PF realizava para apurar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em 21 de novembro, a corporação concluiu o relatório e pediu o indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas, entre militares de alta patente e aliados próximos ao ex-presidente, como os ex-ministros Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno.

 

Segundo a PF, Jair Bolsonaro foi o líder de uma organização criminosa que pretendeu reverter o resultado do pleito presidencial, no qual perdeu a recondução do País para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com investigação, a trama golpista não foi articulada à revelia do mandatário, mas, sim, orquestrada com seu conhecimento e participação "direta".

 

Ao admitir que cogita o refúgio, Jair Bolsonaro passa a representar risco para "a aplicação da lei penal", uma vez que, caso se dirija a uma embaixada, o ex-mandatário passaria a estar inviolável para a Justiça nacional. Nos casos em que a aplicação do processo criminal está ameaçada, cabe a prisão preventiva.

 

A lei determina que a detenção preventiva pode ocorrer nos crimes inafiançáveis "em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal", desde que decretada por um juiz e solicitada pelo Ministério Público.

 

A partir do indiciamento, os autos do inquérito são enviados ao Ministério Público - o titular da ação penal, no jargão jurídico -, que avaliará o que fazer com o processo. O órgão pode apresentar ou não denúncia à Justiça.

 

No caso concreto de Jair Bolsonaro, o decreto da prisão preventiva possui respaldo legal, pois o crime imputado pela Polícia Federal ao ex-presidente é inafiançável, segundo a Constituição Federal, que qualifica dessa forma os ilícitos relativos à "ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático".

 

O relatório que imputa crimes ao ex-presidente foi encaminhado nesta terça-feira, 26, à Procuradora-Geral da República (PGR), a quem caberá a análise do caso e a eventual apresentação de denúncia contra os implicados no inquérito.

 

Se os 37 indiciados forem denunciados, compete à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar ou não o parecer do Ministério Público. Caso aceitem, os implicados na investigação por golpe de Estado passariam a ser réus.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o país possivelmente deve continuar a atacar a Ucrânia com míssil balístico de alcance intermediário, em participação na reunião do Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês) nesta quinta-feira, 28, de acordo com transmissão da RT. Segundo ele, a produção russa de mísseis aumentará no próximo ano.

Na ocasião, o Kremlin prometeu responder aos ataques em território russo e disse que vários mísseis Oreshnik lançados de uma só vez podem causar os mesmos danos de um ataque nuclear. "Embora, certamente, o Oreshnik não seja uma arma de destruição em massa", ressaltou.

A Casa Branca confirmou nesta quarta-feira, 27, que a China libertou três americanos, incluindo um informante do FBI. Em troca, os chineses receberam três cidadãos que estavam presos nos EUA. As negociações, que se arrastaram por meses, foram concluídas no apagar das luzes do mandato do presidente Joe Biden.

A Casa Branca esperava conseguir as três libertações antes de Biden deixar o poder. O americano apresentou os casos ao presidente chinês, Xi Jinping, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Peru, há duas semanas. Com as trocas, analistas dizem que a China tenta mostrar que está disposta a cooperar em certas áreas de interesse comum com os EUA.

"A China não costuma fazer trocas de prisioneiros. Agora, ela não apenas parece mandar um presente de despedida a Biden, mas está sinalizando a Donald Trump a possibilidade de fazer concessões importantes", disse John Kamm, fundador da Dui Hua Foundation, um grupo de direitos humanos.

Prisões

Os três americanos libertados são Mark Swidan, Kai Li e John Leung - Swidan e Li estariam com a saúde extremamente debilitada. "Eles voltarão em breve e se reunirão com suas famílias pela primeira vez em muitos anos", disse Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Swidan, Li e Leung são os últimos prisioneiros que o Departamento de Estado dos EUA considera como detidos injustamente na China, embora ativistas e parentes denunciem outros casos. As identidades dos chineses libertados não foram reveladas.

Swidan foi detido em 2012 durante uma viagem de negócios à China, acusado de tráfico de drogas. Seis anos depois, foi condenado à morte. Sua família afirma que nunca houve provas contra ele. Kai Li, nascido em Xangai e naturalizado americano, dirigia uma empresa de exportação de tecnologia aeronáutica quando foi preso em 2016, acusado de espionagem e condenado a 10 anos. Leung, que vivia em Hong Kong, era informante do FBI, foi detido em 2021 e condenado à prisão perpétua por espionagem.

Com os três cidadãos americanos soltos, o governo Biden já conseguiu a libertação de mais de 70 americanos detidos no mundo. Em setembro, os EUA repatriaram o pastor David Lin, preso na China desde 2006. Mais tarde, o governo americano reconheceu que a libertação era parte de uma troca por um chinês.

Pressão

O governo americano pressiona a China para tomar medidas contra os produtores de precursores do fentanil, um opioide sintético responsável por dezenas de milhares de mortes por overdose todos os anos nos EUA. Um relatório recente do Congresso acusa Pequim de financiar a produção dos químicos.

Trump prometeu uma abordagem mais beligerante contra o fentanil e a imigração. Nesta semana, ele disse que aumentaria as tarifas sobre os produtos chineses - e imporia tarifas aos vizinhos México e Canadá. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na quarta-feira, 27, ter tido uma vitória em relação à imigração ilegal através do México, após conversa telefônica com a presidente mexicana. No entanto, Claudia Sheinbaum sugeriu que o México já estava fazendo sua parte e não tinha interesse em fechar suas fronteiras.

Trump disse que Sheinbaum "concordou em parar a migração através do México".

A mexicana indicou separadamente nas redes sociais ter dito a Trump que o México já está "cuidando" das caravanas de migrantes, chamando a conversa de "excelente".

"Reiteramos que a posição do México não é fechar fronteiras, mas construir pontes entre governos e entre povos", acrescentou Sheinbaum.

A ligação aconteceu dias depois de Trump ameaçar impor novas tarifas abrangentes ao Canadá e ao México como parte de seu esforço para reprimir a imigração ilegal e as drogas.

Nenhum dos lados esclareceu a situação das tarifas. Fonte: Associated Press.