O Congresso dos EUA se reuniu nesta segunda-feira, 6, em uma sessão conjunta para certificar a vitória de Donald Trump nas eleições do ano passado. Esse é um ritual tradicional da democracia americana que há exatos quatro anos foi interrompido por uma violenta multidão de apoiadores do republicano, inflamados por alegações mentirosas de fraude no processo eleitoral.
Apesar das lembranças do ataque ao Capitólio, que levaram ao reforço da segurança em Washington, a sessão correu de forma tranquila e durou pouco mais de 30 minutos. Ao fim, a vice-presidente Kamala Harris, que atua como presidente do Senado, confirmou os resultados: Trump foi eleito com 312 votos do colégio eleitoral.
Falando na terceira pessoa, ela declarou ainda que "Kamala D. Harris, do Estado da Califórnia, recebeu 226 votos", sob aplausos estrondosos dos democratas no plenário.
A sessão teve início às 15 horas (horário de Brasília), liderada por Kamala, acompanhada do recém-eleito presidente da Câmara, Mike Johnson (Partido Republicano). Ao longo do processo de certificação, integrantes do Congresso previamente selecionados leram os resultados de cada um dos Estados por ordem alfabética.
Transferência
O vice-presidente eleito, J.D. Vance, acompanhou a sessão no Capitólio, como senador por Ohio, posto que manterá até a posse da chapa presidencial. Ele foi aplaudido quando a vitória republicana em seu Estado foi confirmada. Trump, por sua vez, permaneceu na Flórida.
Derrotada nas eleições, Kamala descreveu seu papel como uma "obrigação sagrada" de garantir a transferência pacífica de poder, em mensagem divulgada antes da certificação. "Como vimos, nossa democracia pode ser frágil", disse. "E cabe a cada um de nós defender nossos princípios mais estimados." Ao contrário do que aconteceu há quatro anos, Kamala reconheceu a derrota e os democratas não apresentaram objeções à certificação dos resultados.
Durante a campanha, Kamala evocou com frequência os ataques de 6 de janeiro de 2021, tachando Trump como uma ameaça à democracia - ou "pequeno tirano" e "aspirante a ditador", nas suas palavras. Depois da derrota, ela se comprometeu em honrar a escolha dos eleitores. "Um princípio fundamental da democracia americana é o de que, quando perdemos uma eleição, aceitamos os resultados", disse Kamala, no primeiro discurso após os resultados.
Karoline Leavitt, porta-voz da equipe de transição de Trump e secretária de imprensa da Casa Branca, disse que haverá "uma transição tranquila de poder". "O presidente Trump cumprirá sua promessa de servir a todos os americanos e unificará o país por meio do sucesso", disse ela, em um comunicado antes da certificação. Karoline não respondeu a uma pergunta sobre os esforços de Trump para reverter sua derrota na última eleição.
Violência
Apesar das promessas de transição pacífica de poder, há lembranças por toda parte da violência que ocorreu neste mesmo dia há quatro anos. Ontem, o Capitólio estava sob forte bloqueio, com cercas altas de metal e forças policiais mobilizadas.
A insurreição de 6 de janeiro de 2021 terminou com um saldo de cinco mortos - além de quatro policiais que se suicidaram nos meses seguintes à invasão. Desde então, mais de 1,2 mil pessoas foram condenadas ou se declararam culpadas, e cerca de 600 cumpriram ou cumprem penas de prisão.
Trump disse que analisará "caso a caso" a situação dos invasores presos. Segundo ele, o Departamento de Justiça deve começar a avaliar os processos "nos primeiros nove minutos" do novo mandato. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.