Vamos procurar governo para colocar nossas preocupações sobre BPC, diz Gleisi

Política
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A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a bancada do partido pretende procurar o governo federal para "colocar preocupações" sobre as mudanças propostas no pacote fiscal em relação à concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). As declarações ocorreram neste sábado, 7, após uma reunião fechada do diretório nacional do PT, em Brasília (DF), onde a cúpula realizou a votação de uma nova resolução política da legenda. Na ocasião, ela foi questionada sobre a possibilidade de a bancada se reunir para discutir a questão.

 

"Sim, vai votar, o projeto vai ter que votar. Então, nós vamos ter reunião esta semana para discutir as medidas, para ver as medidas todas", declarou.

 

Em seguida, a presidente do PT foi questionada se o partido vai procurar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

 

"Nós vamos avaliar e queremos conversar com o governo, se a gente tiver propostas, né? Vamos procurar o governo para colocar as nossas propostas ou preocupações", disse.

 

Em relação à possibilidade de que o pacote fiscal seja aprovado ainda neste ano no Congresso, Gleisi disse não saber e ressaltou que a situação depende do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Questionada se está otimista, ela disse haver "boa vontade" dos parlamentares.

 

Ministério

 

A presidente do PT afirmou, ainda, que não há diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre incluí-la como ministra no governo federal e que seguirá no comando nacional do partido até o fim do seu mandato, em junho de 2025.

 

"É um compromisso com o presidente de dirigir o partido até o final do meu mandato, fazer a sucessão. Esse é o compromisso que eu firmei com ele. E ele nunca me falou sobre o ministério. Então, é um assunto que não existe", disse a jornalistas.

 

Banco Central

 

Questionada sobre a postura do PT em relação ao indicado pelo governo como próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a presidente nacional do PT afirmou que a posição do partido sobre o Banco Central e os juros continuará sendo "a mesma, quem quer que esteja lá".

 

"É um absurdo a taxa de juros que nós temos no País. Tem um processo especulativo. Isso se deve muito à condução que o Roberto Campos Neto teve, inclusive, ao terrorismo que ele faz sobre a política fiscal e ao terrorismo que ele faz, também, sobre os novos indicados. E a nossa posição vai continuar sendo a mesma, com quem quer que esteja lá", declarou.

 

Gleisi prosseguiu: "O Banco Central não é independente? Então, se ele é independente, não é o governo que dá orientação. Se ele é independente, vai continuar tendo críticas, da minha parte, com certeza, se continuar numa política dessas como está aí de crescimento de juros indevidos".

 

Eleição do PT

 

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a eleição para a troca do comando nacional do partido será no início de julho do ano que vem. "O mais importante nesse processo eleitoral é a construção de um programa para o PT, de uma ação programática para conduzir o partido nesses próximos quatro anos", afirmou a jornalistas.

 

Conforme Gleisi, que tem mandato como presidente do partido até junho de 2025, a construção do programa do PT para os próximos quatro anos deve ter ênfase na eleição presidencial de 2026.

 

"O PT tem que estar conectado com as bases, se voltar para as bases para discutir com as pessoas, para discutir os seus direitos, os avanços", disse a presidente. A estratégia, afirmou, deve passar por exercitar a reflexão sobre a função do Partido dos Trabalhadores para a sociedade.

 

Um dos objetivos do atual comando do Diretório Nacional do PT é alcançar consenso sobre um nome para a sucessão, buscando evitar rachas internos.

 

Lula, rádio e TV

 

A presidente nacional do PT afirmou que o partido incluiu em sua resolução política, aprovada neste sábado, um trecho que orienta o uso mais frequente da cadeia de rádio e TV para uma "fala direta" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a população.

 

"A comunicação sempre foi objeto dos nossos debates, desde que eu me conheço no PT, a gente sempre discute a questão da comunicação. E eu acho que é sempre uma área a ser melhorada, inclusive, em relação ao próprio PT", afirmou.

 

Gleisi continuou: "A gente tem feito um esforço muito grande, mas ainda temos que andar muito para conquistar mais dinamismo nas redes, maior engajamento. E eu acho que, do governo, também tem essa mesma preocupação".

 

Em seguida, ela afirmou que o tema é mencionado na nova resolução política. "O que a gente coloca de forma muito clara no texto é para que o governo, principalmente o presidente, use mais a cadeia de rádio e TV para falar com a população, expor o que está acontecendo."

 

A presidente do PT acrescentou: "A fala direta dele que seria importante. Isso, a gente orienta". Ela descartou, no entanto, que a posição do PT tenha "potencial" de repercutir como uma crítica ao ministro da Secretaria de Comunicação do governo, Paulo Pimenta. "Mudança de governo, é com o presidente Lula", disse.

 

Militares golpistas

 

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ressaltou a necessidade de uma punição aos militares envolvidos na tentativa de golpe de estado durante a gestão do governo de Jair Bolsonaro, rechaçando a possibilidade de anistia.

 

"A gente deixa muito claro no texto (resolução política aprovada hoje) essa questão de militares. Não separamos civis de militares. Eles têm que ser punidos. Aliás, isso aconteceu novamente porque não houve punição adequada em relação ao golpe de 1964", afirmou.

 

A jornalistas, Gleisi disse que entre os norteadores da resolução do partido está a revisão do artigo 142 da Constituição, interpretado por parte dos militares e dos políticos como um amparo legal à tese de que as Forças Armadas são um "poder moderador".

 

"Não que a gente ache que esse artigo dá vazão para tutela militar, mas como fica essa discussão, então é melhor deixar claro", afirmou a presidente. Na nova resolução política, segundo Gleisi, está o apoio para que se coloque em votação a PEC de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) que edita o artigo 142.

 

A presidente disse que o País está lidando "com gente que não tem apreço pela democracia e não pode ficar sem punição". "Eu ouvi já o Bolsonaro dizendo que tem que ter anistia porque pacifica. A paz que eles querem é a paz dos cemitérios, de preferência nós, todos lá. Então, não dá para acertar isso, não."

 

Eleição interna

 

O diretório nacional do PT aprovou o agendamento do Processo de Eleição Direta (PED) para o dia 6 de julho do ano que vem. A votação vai decidir quem sucede a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. A petista disse ter um compromisso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de permanecer no cargo até o fim do mandato.

 

Apesar de especulações de que a sua saída seja antecipada para chefiar um ministério, Gleisi afirmou que Lula nunca tocou na questão com ela e que o assunto não existe. A interlocutores, Gleisi tem dito que sairia antes caso Lula lhe chamasse para o governo.

 

Segundo integrantes do PT, o diretório nacional ainda deve discutir em janeiro se a eleição será direta ou congressual. As divergências foram colocadas em uma reunião fechada em Brasília, neste sábado.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.