O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), negou nesta quarta-feira, 11, que tenha utilizado a estrutura do governo estadual, mais precisamente o Palácio das Esmeraldas, para fazer campanha ao aliado Sandro Mabel (União Brasil) durante as eleições municipais deste ano. Caiado afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça eleitoral que o condenou a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder ao usar a estrutura do governo para beneficiar o prefeito eleito Mabel nas eleições deste ano.Caiado realizou jantares nos dias 7 e 9 de outubro, no início do segundo turno, com a presença de vereadores eleitos, suplentes e lideranças políticas de Goiânia. O governador pediu aos presentes que mobilizassem suas "credenciais" em favor da campanha de Mabel.
"Vocês não estão aqui como pessoa física não, vocês estão aqui como líderes que vocês são e vocês colocaram seus nomes para disputar uma eleição municipal! Então se vista desta credencial e volte com muita humildade: 'Olha, agradecer o voto. Não fui eleito, mas você pode saber que eu continuarei na luta política porque eu ao ter o Sandro Mabel lá na prefeitura'", disse o governador.
Caiado alegou que o encontro foi realizado para discutir os problemas de Goiânia, que vivia crises na área da saúde e coleta de lixo. Ainda de acordo com o governador, a reunião foi feita no Palácio das Esmeraldas por ser o local onde ele mora.
"Eu reuni vereadores em uma reunião institucional, de Poder. Eu, como governador, com vereadores eleitos e suplentes para tratar de um assunto que era extremamente delicado naquele momento, porque a discussão já existia diante do colapso da máquina do governo", argumentou.
A decisão desta quarta-feira também condena à cassação a chapa eleita em Goiânia, formada por Mabel e Coronel Cláudia (Avante). Os três ainda serão obrigados a pagar multar de R$ 5,3 mil, pena imposta a Cláudia, R$ 40 mil, no caso de Mabel, e R$ 60 mil, valor aplicado a Caiado.
A juíza autora da decisão, Maria Umbelina Zorzetti, considerou que Caiado usou o Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, para realizar evento de campanha de Mabel e pressionar os presentes a mobilizarem esforços pela eleição do candidato a prefeito do União Brasil. A prática configura abuso de poder político e é vedada pela legislação eleitoral.
"Restou demonstrado que o investigado usou de seu poder de Governador do Estado e em franco desvio de finalidade organizou os eventos eleitoreiros, convocou seus convidados, subiu na tribuna e fez campanha eleitoral dentro de um prédio que pertence ao Estado de Goiás", afirma trecho da decisão.
Caiado ainda argumentou que a Justiça Eleitoral "não pode ter dois pesos e duas medidas". Ele citou encontros da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014, e do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, com políticos no Palácio da Alvorada durante o período o eleitoral que não foram considerados como ato de campanha pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás e, depois, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja confirmada nas próximas instâncias, a decisão inviabiliza os planos eleitorais do governador, que está no segundo mandato à frente do Executivo goiano e já se lançou como pré-candidato à Presidência nas eleições de 2026. Durante a coletiva, Caiado afirmou que vai lançar a pré-candidatura à Presidência em março do ano que vem na cidade de Salvador.
A condenação atende a um pedido da coligação do candidato derrotado no segundo turno da eleição, o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL). A queixa do ex-candidato foi ratificada pelo Ministério Público Eleitoral.
Caiado nega ter usado Palácio para fazer campanha de aliado e vai recorrer contra condenação
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