Imprensa internacional repercute prisão de Braga Netto e destaca proximidade com Bolsonaro

Política
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A prisão neste sábado, 14, do general da reserva Walter Souza Braga Netto repercutiu na imprensa internacional, que destacou a proximidade do militar com Jair Bolsonaro (PL) - ele foi Ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de 2022 do ex-presidente.

"O general Braga Netto foi chefe de gabinete de Bolsonaro e, posteriormente, ministro da Defesa em seu governo. Sua prisão aproxima ainda mais o ex-presidente de uma ampla investigação, que já implicou profundamente Bolsonaro", escreveu o New York Times.

"As acusações foram o ponto culminante de uma ampla investigação de dois anos sobre o que a polícia descreveu como uma trama vasta, detalhada e coordenada que buscava subverter a democracia e manter Bolsonaro no poder depois que ele perdeu a eleição presidencial de 2022?, descreveu o principal jornal americano.

O Washington Post escreveu que Braga Netto foi formalmente acusado em novembro, juntamente com Bolsonaro e outras 35 pessoas, de planejar um golpe para manter o ex-presidente no cargo após o fracasso de sua candidatura à reeleição em 2022.

O inglês The Guardian chamou de "chocante" a suposta trama golpista. "O inquérito policial mostra um quadro chocante de uma conspiração que os investigadores acreditam ter sido projetada para ajudar Bolsonaro a se manter no poder. A ideia era supostamente usar as mídias sociais para disseminar falsas alegações de fraude eleitoral que poderiam ser usadas para justificar uma intervenção militar", escreve a publicação.

Além de reafirmar a conexão com Bolsonaro, o francês Le Monde lembrou que parte do plano golpista foi impresso dentro do Palácio do Planalto. "A Polícia Federal do Brasil disse ter detido 'pessoas que estariam obstruindo' a investigação. 'Braga Netto foi preso na operação'", disse o jornal.

Na Argentina, o diário Clarín registrou a prisão de Braga Neto com o seguinte título: "Prendem no Brasil ex-ministro de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado contra Lula". A reportagem lembra que parte do plano articulado pelos golpistas, segundo a Polícia Federal, previa o assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O La Nación também enfatizou a ligação de Braga Neto com Bolsonaro: "Prendem o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro por suposto complô golpista contra Lula". O jornal argentino relaciona o caso aos atos vândalos de 8 de janeiro de 2023, quando eleitores de Bolsonaro inconformados com a derrota destruíram prédios governamentais.

"Embora Bolsonaro negue haver participado dos distúrbios, as autoridades investigam ele e membros de seus governo por supostos esforços para anular a vontade popular", registra o jornal.

O chileno La Tercera afirma que Braga Netto, um general da reserva, foi acusado pela Polícia Federal junto com Bolsonaro, ex-membros do governo e ex-comandantes das Forças Armadas de planejar um golpe de Estado em 2022 "depois que o ex-presidente de ultradireita perdeu as eleições frente a Luiz Inácio Lula da Silva".

O portal Emol, do Chile, que publica o diário El Mercúrio, informa: "Prendem ex-ministro da Defesa de Bolsonaro em investigação por trama golpista". O jornal diz ainda que, segundo as investigações no Brasil, Braga Netto teve participação ativa na tentativa de pressionar os comandantes das Forças Armadas brasileiras a aderir à tentativa de golpe.

A prisão também foi tema do mexicano El Universal, que relembrou o indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal em novembro e o fato de polícia brasileira ter afirmado que o ex-presidente tinha plena consciência e participação ativa no suposto plano golpista contra Lula, que acabou frustrado.

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