Lula usa ato esvaziado do 8 de janeiro para afago aos militares

Política
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Em ato sem a presença dos chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário para marcar os ataques golpistas do 8 de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um afago aos militares, destacando o potencial das Forças Armadas na defesa da soberania nacional. E agradeceu ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, por ter levado os comandantes militares ao evento realizado na Praça dos Três Poderes.

 

"Quero agradecer o 'Zé Múcio', que trouxe os três comandantes das Forças Armadas para mostrar a esse país que é possível a gente construir as Forças Armadas com o propósito de defender a soberania nacional", declarou o presidente da República, que está tentando reconstruir sua relação com as Forças Armadas. Há forte influência bolsonarista no meio militar.

 

O petista minimizou a ausência de algumas das principais autoridades do País no ato para relembrar os ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023.

 

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, não compareceram, apesar de terem sido convidados.

 

"Eu vi a preocupação de alguns meios de comunicação. Se ia ter muita gente, se ia ter pouca gente, se era fracassado ou não. Eu queria que as pessoas soubessem o seguinte: um ato em defesa da democracia brasileira, mesmo que tenha um só cara, uma só pessoa, numa praça pública, num palanque, falando em democracia já é o suficiente para a gente acreditar que a democracia vai reinar nesse País. As coisas que acontecem no mundo sempre começam com pouca gente", declarou o presidente.

 

O evento foi marcado pela entrega de obras de arte e diversas peças restauradas após a depredação há dois anos.

 

'Ainda estamos aqui'

 

Lula destacou que todos os responsáveis pelos atos golpistas serão punidos. No "Abraço à democracia", organizado pelo governo em alusão aos dois anos da invasão às sedes dos Três Poderes, Lula tomou emprestado o título do filme "Ainda Estou Aqui", estrelado pela atriz Fernanda Torres, ganhadora do Globo de Ouro, para definir sua visão de democracia: "Hoje é dia de dizer em alto e bom som: ainda estamos aqui".

 

Ele ainda destacou que a democracia precisa de cuidado. "A democracia precisa ser cuidada com todo o carinho e vigilância por cada uma e cada um de nós sempre e sempre. Sempre seremos implacáveis contra qualquer tentativa de golpe. Os responsáveis pelo 8 de Janeiro estão sendo investigados e punidos", declarou.

 

Lula afirmou que os envolvidos terão direito à defesa em processo justo, sem que culpados saiam impunes. "Ninguém foi ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram, todos. Inclusive os que planejaram o assassinato do presidente, do vice-presidente da República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral", disse. O petista também declarou defender a liberdade de expressão, mas ressaltou que não se pode ser tolerante com discursos de ódio nas redes sociais.

 

'Amante'

 

Na defesa da democracia, Lula recorreu a uma metáfora que não agradou à primeira-dama, Rosângela da Silva, Janja. "A democracia é uma coisa muito grande para quem ama a liberdade, para quem ama a cultura, para quem ama a igualdade de direitos. É por isso que eu sou um amante da democracia, não sou nem marido, eu sou um amante da democracia, porque, na maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres", afirmou. A declaração foi tratada como gafe.

 

O presidente fez mais de uma referência ao plano de um golpe de Estado, afirmando que escapou de uma "tentativa de atentado de um bando de irresponsáveis", e chamou o grupo de "aloprados".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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