Prefeito de cidade no litoral de SP nomeia genro, sobrinha e neto para secretarias

Política
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O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB), nomeou genro, sobrinha e neto para secretarias estratégicas da cidade do litoral paulista. Deputado federal entre 2023 e 2024, Mourão assumiu neste mês o comando do município pela quarta vez. Em gestões anteriores, familiares do prefeito já haviam ocupado cargos na prefeitura.

Cássio Navarro, genro do prefeito, foi nomeado para a pasta de Governo, enquanto a sobrinha Soraia Milan segue no comando da Secretaria de Serviços Urbanos, e Lucas Mourão Glerean, neto do chefe do Executivo municipal, é o novo secretário de Projetos Especiais e Estratégicos.

A informação foi divulgada pelo UOL e confirmada pelo Estadão. Procurada, a prefeitura de Praia Grande informou que "os secretários mencionados possuem experiência e qualificação comprovadas para ocupar as funções".

Um caso semelhante ocorreu no interior do Ceará. Em Moraújo, o prefeito Ruan Lima (PSD) nomeou noiva, pai e primo para pastas municipais e alegou critérios "técnicos" para as escolhas.

Cássio Navarro é empresário do ramo de construção civil e foi vereador de Praia Grande durante a década de 2000. Em 2013, chefiou o gabinete de Mourão na prefeitura da cidade e, no ano seguinte, elegeu-se deputado estadual. Disputou o cargo no Legislativo paulista mais duas vezes, em 2018 e em 2022, e ficou como suplente. Entre 2021 e 2024, durante a gestão de Raquel Chini (Republicanos), chefiou a pasta de Governo do município.

Soraia é engenheira civil e funcionária da prefeitura desde 2001. Em 2018, foi nomeada para a Secretaria de Assuntos Institucionais da cidade e, desde 2021, está à frente da pasta de Serviços Urbanos. Já Lucas Glerean assume um cargo público pela primeira vez. Antes, o neto do prefeito foi diretor de operações da Mourão Construtora, ligada ao chefe do Executivo.

Alberto Mourão já foi vereador, vice e, antes de assumir o atual mandato, prefeito de Praia Grande em outras três ocasiões. De 2023 a 2024, foi deputado federal pelo MDB. Elegeu-se prefeito em 2024 em primeiro turno, com 107.796 eleitores, 64,6% dos votos válidos.

De acordo com uma súmula publicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2008, a nomeação de cônjuges ou parentes até o terceiro grau para cargos públicos viola a Constituição Federal de 1988. A Corte, porém, também compreende que postos de natureza política estão fora da decisão. Este entendimento pode ser alterado em breve. Desde junho do ano passado, está sendo julgada pelo Supremo uma ação que busca uniformizar as nomeações de parentes de autoridades em cargos políticos.

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Apesar das alegações do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de que não há fome extrema na Faixa de Gaza, a entrega atual de ajuda humanitária no território é insuficiente para conter a crise profunda de desnutrição, segundo cálculos do jornal israelense Haaretz.

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização privada apoiada por Israel e Estados Unidos que tem se ocupado da distribuição de ajuda no território desde que Tel-Aviv impôs um bloqueio de entrada, divulgou esta semana que distribuiu mais de 85 milhões de refeições desde que começou as operações há mais de 50 dias.

O número, porém, está muito aquém do necessário para que os palestinos não passem fome. Segundo cálculos feitos pelo Haaretz, se há mais de 2 milhões de palestinos em Gaza atualmente que necessitam de ao menos três refeições por dia para não serem malnutridos, seriam necessárias 353 milhões de refeições neste período.

"Mesmo que, por algum milagre, os habitantes de Gaza tivessem conseguido dividir igualmente entre si os alimentos distribuídos pela organização, cozinhá-los e extrair todas as calorias e nutrientes que continham, isso ainda seria apenas uma pequena fração dos alimentos de que precisam para sobreviver. E essa lacuna revela apenas a ponta do iceberg da matemática da fome", escreve a publicação.

O jornal destaca também a limitação dos produtos fornecidos pela fundação. De acordo com a publicação, cada pacote de ajuda, em geral, contêm quatro quilos de farinha, três de macarrão, um pote de tahine, quatro quilos de grão-de-bico e lentilhas, uma garrafa de óleo, um quilo de sal e dois quilos de arroz. Alimentos que requerem cozimento.

"Mas isso é uma missão impossível em Gaza hoje, onde quase ninguém tem uma cozinha funcionando, ou mesmo gás para cozinhar", ressalta o jornal. "Além disso, há uma grave escassez de água limpa, que também é necessária para cozinhar esses alimentos. E isso sem mencionar o óbvio: as dificuldades de guardar e armazenar alimentos por alguns dias em meio a repetidos voos e deslocamentos."

Outro problema é logístico. A GHF concentra as distribuições em apenas quatro centros. Isso obriga os palestinos a se deslocarem até os locais, contrariando os padrões de distribuição humanitária que costuma ir até os necessitados. Segundo o Haaretz, esses locais funcionam por um período curto de tempo, geralmente 15 minutos, que é tempo que leva para os alimentos acabarem. Além disso, os horários não são definidos e avisados com antecedência, forçando as pessoas a esperarem.

Essa dinâmica cria uma situação perigosa nos centros de distribuição, com aglomeração de pessoas famintas, disputando pacotes limitados de ajuda. Testemunhas e profissionais de saúde afirmam que as forças israelenses mataram centenas de pessoas ao abrir fogo contra palestinos que tentavam chegar a esses centros de distribuição ou ao se aglomerarem ao redor dos caminhões de ajuda que chegavam. O Exército israelense afirma ter disparado tiros de advertência para dispersar as ameaças.

A investigação do jornal israelense também aponta que, os palestinos que conseguem sobreviver aos tumultos em frente aos centros de distribuição saem coletando os pacotes que consegue carregar, sem que haja uma distribuição igualitária - e que priorizasse grupos vulneráveis como crianças, mulheres e pessoas com alguma necessidade especial.

Em meio a isso, há relatos de quem esteja lucrando com os pacotes de ajuda que consegue coletar. Alguns homens que conseguem pegar alimentos - alguns deles mais caros como atum, queijo e óleo - vendem em locais distantes dos centros. Quanto mais longe da distribuição, mais caro.

Por fim, o jornal denuncia a falta de variedade nos alimentos distribuídos. Não há alimentos especializados para pessoas com doença celíaca, doença cardíaca ou doença renal. E, mais grave ainda, há uma grande escassez de fórmulas infantis.

Mortes por fome

Indo contra todos os relatórios internacionais e as imagens de bebês esqueléticos em Gaza, o premiê Netanyahu afirmou que ninguém em Gaza está passando fome: "Não há política de fome em Gaza, e não há fome em Gaza. Permitimos que a ajuda humanitária chegue a Gaza durante toda a guerra - caso contrário, não haveria moradores em Gaza."

Mas Netanyahu viu seu maior aliado, o presidente Donald Trump, discordar da afirmação, observando as imagens de pessoas famintas: "Essas crianças parecem estar com muita fome", disse.

Na segunda à noite, Netanyahu foi dúbio e emitiu um comunicado no qual reconheceu que a situação no território palestino é "difícil" e disse que Israel está trabalhando para aumentar o fluxo de ajuda humanitária em Gaza.

A Organização Mundial da Saúde informou no domingo, 27, que houve 63 mortes relacionadas à desnutrição em Gaza neste mês, incluindo 24 crianças menores de 5 anos - um aumento em relação ao total de 11 mortes nos seis meses anteriores do ano.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, eleva o número ainda mais, relatando 82 mortes neste mês por causas relacionadas à desnutrição: 24 crianças e 58 adultos. Na segunda-feira, o Ministério informou que 14 mortes foram registradas em 24 horas.

Após pressão internacional, Israel anunciou, no fim de semana, pausas diárias nos ataques aéreos e para permitir a entrada de ajuda estrangeira em Gaza. Mas a população local afirma que pouco ou nada mudou em campo. A ONU descreveu a medida como um aumento de uma semana na ajuda humanitária, e Israel não informou quanto tempo essas medidas durariam.

O Exército israelense afirma que mais de 95 mil caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde o início da guerra. Isso representa uma média de 146 caminhões por dia, bem abaixo dos 500 a 600 caminhões por dia que a ONU considera necessários.

Além disso, Israel também autorizou o envio de ajuda pelo ar, o que é um risco aos palestinos já que os produtos podem cair em cima das pessoas ou até se perderem no mar.

"Essa ajuda, entregue dessa forma, é um insulto ao povo palestino", disse Hasan Al-Zalaan, que estava no local de um lançamento aéreo enquanto alguns brigavam pelos suprimentos e latas amassadas de grão-de-bico que estavam espalhados pelo chão.

Israel afirma que o grupo terrorista Hamas é a razão pela qual a ajuda humanitária não chega aos palestinos em Gaza e acusa seus combatentes de desviarem ajuda para apoiar seu domínio no território. A ONU nega que o saque de ajuda humanitária seja sistemático e que diminua ou cesse completamente quando uma quantidade suficiente de ajuda é permitida entrar em Gaza.

A ONU diz que entregar a ajuda permitida em Gaza tem se tornado cada vez mais difícil. Quando ela chega, é deixada dentro da fronteira com Gaza, e a organização precisa obter permissão militar israelense para enviar caminhões para buscá-la. Mas a ONU afirma que os militares negaram ou impediram pouco mais da metade dos pedidos de movimentação de seus caminhões nos últimos três meses.

Se a ONU conseguir recolher a ajuda, multidões famintas e gangues armadas invadem os comboios e saqueiam suprimentos. A polícia civil comandada pelo Hamas já forneceu segurança em algumas rotas, mas isso parou depois que Israel os atacou com ataques aéreos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça, 29, que "nunca discuti com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer o reconhecimento da Palestina pelo Reino Unido" e negou qualquer conversa nesse sentido. "Nunca discutimos a decisão do Reino Unido de reconhecer o Estado palestino, a menos que Israel atue em Gaza", disse.

Em coletiva a bordo do Air Force One, Trump também destacou os esforços internacionais para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. "Muito dinheiro está sendo enviado à Gaza para comida por vários países, como os EUA", afirmou. Segundo ele, "Israel quer garantir que a distribuição de comida em Gaza seja feita da maneira correta".

O presidente contou ainda que falou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, há 2 dias, e que os EUA "mandaram dinheiro para Israel para levar comida até Gaza". Questionado se é possível confiar em Israel para cumprir essa missão, respondeu: "Sim, Israel quer fazer isso. Israel não quer o Hamas roubando comida".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça, 29, que deu um prazo de "10 dias a partir de hoje" para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia. Segundo ele, caso não haja recuo de Moscou, "vamos colocar tarifas".

Em coletiva a bordo do Air Force One, na volta aos EUA após quatro dias na Escócia, Trump admitiu incertezas sobre o impacto das possíveis medidas. "Não sabemos ainda o quanto as tarifas vão ou não afetar a Rússia".

Trump não detalhou se as "tarifas" abordadas por ele dizem respeito às "sanções secundárias" ao petróleo russo já anunciadas pelo governo americano anteriormente também sob um prazo para que o presidente Vladimir Putin encerrasse o conflito na Ucrânia. O republicano, em ocasião anterior, chegou a mencionar a possibilidade de impor sobretaxas de até 100% contra os russos.