Vice do PT evita confronto com Janja e quer comissão de juristas para defender os irmãos Brazão

Política
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O vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, reforçou a defesa dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de mandar matar a vereadora do Rio Marielle Franco. Em entrevista ao Estadão, ele sugeriu a criação de uma comissão de juristas para reavaliar o caso e atestar a inocência dos dois. Quaquá também evitou confrontar a primeira-dama Rosângela da Silva, a "Janja" e rebateu a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ambas criticaram a posição dele em favor dos irmãos Brazão.

Na quinta-feira, 9, Quaquá publicou uma foto ao lado dos familiares dos Brazão e disse que eles foram presos injustamente. A publicação causou desconforto no partido e provocou reação pública de Janja, Anielle e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A sigla discute punições ao prefeito de Maricá, com uma ala defendendo a expulsão dele da legenda.

Segundo Quaquá, é necessário fazer um "pente-fino" no inquérito realizado pela Polícia Federal (PF) e, para isso, ele defende a utilização da investigação feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ). No relatório sobre a morte da vereadora, a PF atestou que a PC-RJ sabotou o inquérito, o que ocasionou a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da corporação. "Tudo numa investigação precisa ser checada", disse Quaquá.

O vice-presidente do PT quer que a comissão reúna "os melhores juristas do País" para analisar os detalhes dos dois inquéritos. Questionado sobre a participação dos irmãos Brazão no crime, Quaquá disse que "simplesmente não existem provas" contra os dois e tentou associar a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na execução da vereadora, o que não foi citado no relatório da PF.

"Eu peço que juristas sérios revejam o processo para ver se há provas contra os Brazão. Eu sei que as maiores ligações que existem entre o assassino que está sendo beneficiado com a sua própria delação é com a família Bolsonaro", disse Quaquá, sem apresentar provas contra o ex-presidente.

O Estadão procurou a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não obteve retorno.

Domingos e Chiquinho Brazão estão presos desde março do ano passado após serem apontados pela PF como os mandantes da execução da ex-vereadora. Segundo o inquérito, finalizado seis anos após o crime, o assassinato foi motivado por grilagem de terras que eram de interesse de milicianos ligados aos Brazão. Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no bairro carioca do Estácio em 14 de março de 2018.

Quaquá evita confronto com Janja e rebate Anielle

Assim que Quaquá publicou a foto ao lado de familiares dos Brazão, Janja e Anielle criticaram o posicionamento do dirigente. A primeira-dama declarou que é "desrespeitoso promover a desinformação nas redes sociais" sobre a morte da vereadora. Anielle, por sua vez, prometeu entrar com uma ação no comitê de ética do PT. "Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês", disse a ministra da Igualdade Racial.

Questionado sobre os posicionamentos de Janja e Anielle após a publicação, Quaquá disse que não se manifestaria sobre a resposta dada pela primeira-dama por respeito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sobre a ministra da Igualdade Racial, o vice-presidente do PT disse: "se há alguém na esquerda que usa a morte da Marielle não sou eu".

"Eu só acho que em respeito a memória de uma vereadora, negra, de esquerda, que foi brutalmente assassinada, devíamos ir a fundo em busca da verdade. Também não deixar que o assassino tenha regalias e redução de pena por conta de uma delação sem provas", disse Quaquá.

Publicação de Quaquá causa racha no PT e ala defende expulsão do partido

O posicionamento de Quaquá em defesa dos Brazão causou uma racha nos quadros petistas, que defendem diferentes punições ao dirigente. Uma ala, liderada pelo secretário-executivo do Foro de São Paulo Valter Pomar, defende a expulsão do prefeito da legenda. Há também aqueles que preferem o afastamento dele da vice-presidência do partido e os que acham que ele não deve ser punido.

Segundo interlocutores do PT ouvidos pelo Estadão, uma análise do caso pela comissão de ética do PT, acionada por Anielle, precisa ser avalizada pela maioria do diretório nacional e costuma ser demorada. O partido terá eleições internas em julho, que vai renovar a sua direção.

Ao Estadão, Quaquá chamou Pomar de "imbecil" e "dinossauro soviético". O vice-presidente também afirmou que o PT é um partido democrático que aceita posições divergentes dos filiados.

"Quem pede a minha expulsão é um minoritário chamado Valter Pomar que é um dinossauro soviético. Mas ele tem o direito porque é um partido democrático, até mesmo com os imbecis tem a liberdade de opinião", disse o prefeito de Maricá. O Estadão procurou o secretário-executivo do Foro de São Paulo, mas não obteve retorno.

Petistas ouvidos pelo Estadão divergem sobre as consequências que serão impostas a Quaquá. Enquanto alguns acreditam que ele pode ser expulso, afastado da vice-presidência ou escanteado das próximas eleições internas do partido, há também membros que duvidam de uma punição ao prefeito de Maricá.

Um deles afirmou que Quaquá tem muito prestígio no partido por ser uma liderança no Rio de Janeiro, Estado estratégico do PT, e pelas gestões anteriores dele na prefeitura de Maricá, que acabou se tornando uma vitrine das administrações petistas. Por isso, essa ala acredita que o partido terá outras prioridades em 2025 e que uma punição ao dirigente é "desnecessária".

Apesar do desconforto no partido, o prefeito de Maricá anunciou que será candidato a vice-presidente na chapa majoritária que disputará o comando do PT. O grupo, que atualmente compõe a administração de Gleisi, discute qual será o novo presidente, com o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva sendo o favorito.

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Dois juízes federais dos Estados Unidos proferiram decisões na quinta-feira, 13, exigindo que a administração do presidente Donald Trump recontrate milhares de trabalhadores do governo que haviam sido desligados após processos de demissões em massa. A avaliação dos juízes é que as demissões de funcionários que estavam em período probatório desrespeitaram a legislação.

O governo de Trump contesta as decisões. A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, descreveu a postura dos juízes como uma tentativa de invadir o poder do presidente de contratar e demitir funcionários. "A administração Trump lutará imediatamente contra essas ordens absurdas e inconstitucionais," disse Leavitt, em um comunicado.

A alegação do juiz distrital William Alsup, de São Francisco (Califórnia), é que as demissões realizadas em seis agências federais foram coordenadas pelo Escritório de Gestão de Pessoal e por um diretor interino do órgão que não tinha autoridade para atuar nesse caso. Já em Baltimore, o juiz distrital James Bredar constatou que o governo não seguiu as condições para demissões em grande escala, como o aviso prévio de 60 dias.

Pelo menos 24 mil funcionários em estágio probatório foram demitidos desde que Trump assumiu o cargo, no dia 20 de janeiro, de acordo com a decisão de Bredar. O governo não confirma o número de dispensas.

A Casa Branca argumenta que os Estados não têm o direito de tentar influenciar a relação do governo federal com os próprios trabalhadores. Os advogados do Departamento de Justiça argumentaram que as dispensas foram por questões de desempenho, e não demissões em larga escala sujeitas a regulamentos específicos.

A Casa Branca não retornou um pedido de comentário sobre o assunto. Fonte: Associated Press.

O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou nesta quinta-feira, 13, um cessar-fogo imediato na Ucrânia, defendendo mais discussões para obter um fim permanente para a guerra. Putin disse que qualquer pausa nos combates agora favoreceria os ucranianos, já que a Rússia está obtendo avanços rápidos no campo de batalha.

"A ideia (cessar-fogo) em si é boa, e é claro que a apoiamos, mas há questões que temos de discutir antes", disse Putin, referindo-se pela primeira vez à proposta dos EUA de cessar-fogo de 30 dias. De acordo com Putin, a Rússia busca uma paz duradoura, mas precisa eliminar as "causas fundamentais" do conflito.

Entre as exigências estão o veto à adesão da Ucrânia à Otan e garantias de neutralidade do país, a desmilitarização e o reconhecimento da anexação de quase 20% do território ocupado pela Rússia. Putin exige ainda detalhes sobre o que seria permitido nos 30 dias de trégua e como ela seria verificada.

"Se pararmos de lutar por 30 dias, o que isso significa? Que todos que estão lá sairão sem lutar? Para a Ucrânia continuar sua mobilização? Para que os EUA forneçam mais armas para a Ucrânia? Quem determinará onde e quem violou a trégua? Essas são perguntas legítimas", disse Putin.

Quem também criticou a proposta americana foi Yuri Ushakov, conselheiro diplomático de Putin. "O cessar-fogo temporário proposto na Ucrânia não é nada mais do que um alívio para os militares ucranianos", disse. "A trégua é apressada e não favorece uma solução de longo prazo."

Pressão

Ao evitar uma rejeição total da proposta de cessar-fogo de Trump, Putin tentou ontem se equilibrar entre não criticar abertamente a pressão pelo acordo e, ao mesmo tempo, impor suas próprias exigências e prolongar as negociações.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse que os comentários de Putin foram "previsíveis e muito manipuladores". "Putin, é claro, tem medo de dizer diretamente a Trump que ele quer continuar essa guerra, quer matar ucranianos", afirmou. "Ele estabeleceu tantas precondições que nada vai dar certo."

Donald Trump, falando no Salão Oval após as declarações de Putin, disse que o presidente russo "fez uma declaração promissora", mas incompleta. "Adoraria me encontrar com ele, mas temos de acabar com isso rapidamente", afirmou o americano, que garantiu que as conversas com o Kremlin estão em andamento. "Espero que eles façam a coisa certa."Com suas tropas avançando rapidamente e retomando o território russo em Kursk, que a Ucrânia esperava usar como moeda de troca, o Kremlin tem pouco incentivo para interromper a guerra.

"Putin não está sentindo pressão nenhuma", disse Konstantin Sonin, especialista da Harris School of Public Policy, da Universidade de Chicago. "Trump não tem nenhuma influência sobre ele, porque Putin acha que está ganhando."

Impasse

A guerra na Ucrânia também tomou conta da cúpula de chanceleres do G-7, grupo de países mais ricos do mundo que são aliados dos EUA. A reunião pode mais uma vez fracassar na elaboração de um comunicado conjunto por pressão dos americanos que condene a Rússia pela invasão iniciada em 2022.

Segundo rascunho do texto, o G-7 elogia a proposta de cessar-fogo temporário apresentada pelos EUA e pede que a Rússia concorde com ela "de maneira incondicional". Os diplomatas agora correm contra o tempo para que haja consenso na declaração conjunta, que deve ser divulgada hoje. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao menos 98 pessoas foram presas, nesta quinta-feira, durante uma manifestação contra a prisão de Mahmoud Khalil, um ativista palestino detido por seu envolvimento com manifestações pró-Palestina na Universidade de Columbia. O protesto, organizado pela Jewish Voice for Peace, começou pouco depois do meio-dia, dentro da Trump Tower, em Manhattan.

Cerca de 200 ativistas e apoiadores da organização judaico-americana que apoia a causa palestina se reuniram no interior do edifício, denunciando o que chamam de repressão à liberdade de expressão.

O grupo vestia camisetas vermelhas com dizeres como "Não em nosso nome", escrito em letras brancas, em referência ao movimento Make America Great Again popularizado por Trump. Os manifestantes hastearam faixas e gritaram slogans hostis ao atual presidente americano.

"Lutem contra os nazistas, não contra os estudantes", eles gritavam antes de alguns serem presos, relataram jornalistas da AFP.

Mahmoud Khalil, palestino e aluno de pós-graduação da Escola de Relações Internacionais e Públicas, atuou como porta-voz de um movimento estudantil da Universidade de Columbia contra a guerra de Israel em Gaza. Ele foi preso por agentes do Departamento de Segurança Interna em sua residência universitária na noite do último sábado, 8.

"Liberdade para Mahmoud, liberdade para a Palestina", dizia um cartaz, referindo-se à detenção aguardando a deportação de Mahmoud Khalil, que possui um green card para residência permanente nos Estados Unidos.

"Estou aqui para me inspirar nas centenas de judeus de Nova York que estão se manifestando para exigir a libertação de Mahmoud Khalil, e que nosso judaísmo não seja usado como uma arma para violar os direitos dos americanos e destruir a democracia", explicou James Schamus, que se descreve como um "professor judeu" na Universidade de Columbia. Para ele, a luta de Donald Trump contra o antissemitismo é uma "cortina de fumaça".

A ideia de que "criticar Israel é antissemita, e que alguém pode ser sequestrado em nossas ruas e expulso do país se expressar opiniões políticas sobre este conflito no exterior, deveria causar arrepios de terror na espinha", acrescentou. A polícia de Nova York não confirmou as prisões durante a manifestação.

Há vários dias, o presidente Trump vem atacando universidades e, em nome do combate ao antissemitismo, prometendo medidas orçamentárias retaliatórias contra instituições que não combaterem o antissemitismo. Sua administração já cortou US$ 400 milhões em subsídios e contratos para a Columbia.

Ele também ameaça deportar estrangeiros que participarem dos protestos. Ele prometeu que o processo contra Mahmoud Khalil seria seguido por "muitos outros".

Prisão de jovem com green card

O governo Trump está tentando deportar o imigrante palestino com cidadania americana que ajudou a liderar protestos na Universidade de Columbia contra a ofensiva militar de Israel contra o grupo terrorista Hamas em Gaza.

Mahmoud Khalil, 30 anos, que se formou em dezembro na Columbia com um mestrado em políticas públicas, foi preso por oficiais de imigração em Nova York no sábado e enviado a um centro de detenção na Louisiana. Ele possui um green card e é casado com uma cidadã americana que está grávida de oito meses. Trump disse que o caso de Khalil foi "a primeira prisão de muitas que virão".

"Sabemos que há mais estudantes da Columbia e de outras universidades em todo o país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não vai tolerar isso", disse Trump nas redes sociais.

"Se vocês apoiam o terrorismo, incluindo o massacre de homens, mulheres e crianças inocentes, sua presença é contrária aos nossos interesses nacionais e de política externa, e vocês não são bem-vindos aqui. Esperamos que todas as Faculdades e Universidades dos Estados Unidos cumpram essa determinação", acrescentou.

A prisão e a tentativa de expulsão de Khalil pelo Serviço de Imigração e Alfândega provocou críticas ao governo e abriu um debate sobre os direitos de liberdade de expressão e a crescente repressão do governo Trump à imigração e às universidades que o presidente e seus assessores alegam ser muito de esquerda.

O governo não apresentou publicamente a autoridade legal para a prisão. Mas duas pessoas com conhecimento do assunto disseram que o Secretário de Estado, Marco Rubio, se baseou em uma cláusula da Lei de Imigração e Nacionalidade que lhe dá amplo poder para expulsar estrangeiros.

A disposição diz que qualquer "estrangeiro cuja presença ou atividades nos Estados Unidos o Secretário de Estado tenha motivos razoáveis para acreditar que teria consequências adversas potencialmente graves para a política externa dos Estados Unidos é passível de ser deportado".

Rubio também republicou uma declaração do Departamento de Segurança Interna que acusava Khalil de ter "liderado atividades alinhadas ao Hamas". Mas as autoridades não o acusaram de ter qualquer contato com o grupo terrorista, de receber orientações dele ou de fornecer apoio material a ele.

Em vez disso, a justificativa é que os protestos anti-Israel que Khalil ajudou a liderar eram antissemitas e promoviam um ambiente hostil para os estudantes judeus em Columbia.

Enquanto estudava na Columbia, Khalil foi líder dos protestos no campus que eclodiram depois que o Hamas lançou um ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 250. Os militares israelenses realizaram ataques em Gaza que mataram cerca de 50 mil palestinos.

Os protestos pró-palestinos e um acampamento de estudantes em Columbia - bem como a resposta da administração da universidade, que incluiu pedir à polícia para retirar os manifestantes - se tornou um tema polêmico nos EUA. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)