Motta diz que 8 anos de inelegibilidade é 'uma eternidade'

Política
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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que considera longo demais o prazo de inelegibilidade de oito anos imposto pela Lei da Ficha Limpa. Segundo o deputado, quatro eleições representam "uma eternidade".

"Com eleição de dois em dois anos, não reconhecer que oito anos de inelegibilidade é muito tempo é não reconhecer a realidade democrática do País", disse, em entrevista publicada nesta sexta-feira, 7, pelo jornal O Globo. Apesar da declaração, Motta garantiu que não há compromisso da presidência da Câmara em alterar a regra atual.

A discussão sobre reduzir esse período tem sido impulsionada por parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado Bibo Nunes (PL-RS) apresentou um projeto para diminuir a inelegibilidade de oito para dois anos, o que permitiria a Bolsonaro concorrer em 2026.

Na terça-feira, 4, Motta já havia se manifestado sobre o tema. Em entrevista à CNN Brasil, o presidente da Câmara disse que oito anos de inelegibilidade "é um tempo extenso".

'Bolha'

Motta também criticou a abordagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que ele não deve repetir a estratégia de Bolsonaro e falar apenas para uma "bolha". Segundo ele, o governo precisa focar em resultados concretos.

"Não podemos, em um país complexo como o Brasil, ficar refém de posicionamentos ideológicos. O governo precisa entender isso. Não adianta Lula fazer o que Bolsonaro fez e ficar o tempo todo falando para uma bolha que o faz errar", afirmou o deputado.

Embora tenha elogiado programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Pé-de-Meia, Motta avaliou que a gestão petista tem falhado na condução da economia. "Do ponto de vista econômico, o governo tem vacilado e deixado de tomar decisões necessárias. Isso tem trazido instabilidade."

Falta de consenso sobre anistia

O presidente da Câmara comentou ainda a proposta de anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Motta disse que a falta de consenso sobre o tema provoca tensão entre os Poderes. "Não faremos uma gestão omissa. Enfrentaremos os temas, mas com responsabilidade e sem tocar fogo no País", afirmou.

Motta revelou que conversou com Bolsonaro sobre o assunto e que o ex-presidente pediu para que a pauta não fosse prejudicada, caso houvesse acordo no colégio de líderes. Já em reunião com o PT, ouviu o pedido para que a proposta não avance na Câmara.

O deputado também criticou o sigilo de 100 anos adotado pelo Executivo. Para ele, a transparência deve ser aplicada a todos os Poderes. "Não podemos ter o Executivo com sigilo de 100 anos. Não vamos admitir que seja exigido apenas para nós", disse.

Sobre a regulação das redes sociais, Motta minimizou e afirmou que a Câmara pode decidir se prioriza o tema. Quanto à inteligência artificial, ele foi mais enfático, defendendo a necessidade de avançar nas discussões sobre a pauta, destacada pelo ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta sexta-feira, 14, que a Rússia deve aceitar a proposta feita pelos EUA, e já aprovada pela Ucrânia, de um cessar-fogo de 30 dias.

"A agressão russa na Ucrânia deve acabar. Os abusos devem acabar. As declarações dilatórias também", escreveu Macron na rede social X.

O presidente francês afirmou que conversou hoje com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após o progresso alcançado na reunião entre os EUA e a Ucrânia em Jeddah, na Arábia Saudita, na terça-feira.

"Amanhã, continuaremos trabalhando para fortalecer o apoio à Ucrânia e por uma paz forte e duradoura", acrescentou Macron.

Em comunicado conjunto divulgado após reunião nesta sexta-feira, 14, os ministros das Relações Exteriores do G7 destacaram que o grupo "não está tentando prejudicar a China ou frustrar seu crescimento econômico". O bloco afirmou que "uma China crescente, que jogue de acordo com as regras e normas internacionais, seria de interesse global". No entanto, o G7 expressou preocupação com as "políticas e práticas não comerciais da China", que estão levando a "capacidade excessiva prejudicial e distorções de mercado".

O grupo também pediu que a China "se abstenha de adotar medidas de controle de exportação que possam levar a interrupções significativas nas cadeias de suprimentos".

Coreia do Norte

Além das críticas à China, o G7 voltou sua atenção para a Coreia do Norte, exigindo que o país "abandone todas as suas armas nucleares e quaisquer outras armas de destruição em massa, bem como programas de mísseis balísticos, de acordo com todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU".

O grupo também expressou "sérias preocupações" com os roubos de criptomoedas realizados pelo regime norte-coreano e pediu a resolução imediata do problema dos sequestros de cidadãos estrangeiros.

América Latina

Em relação à América Latina, o G7 reiterou seu "apelo pela restauração da democracia na Venezuela", alinhado com as "aspirações do povo venezuelano que votou pacificamente por mudanças".

O grupo condenou a "repressão e detenções arbitrárias ou injustas de manifestantes pacíficos, incluindo jovens, pelo regime de Nicolás Maduro", e exigiu a "libertação incondicional e imediata de todos os presos políticos".

O comunicado também destacou que as ações de navios venezuelanos que ameaçam embarcações comerciais da Guiana são "inaceitáveis" e uma "violação dos direitos soberanos internacionalmente reconhecidos da Guiana".

Questionado sobre a possibilidade da adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ter sido "retirada da mesa", o secretário-geral da aliança, Mark Rutte, confirmou a informação e afirmou que as relações com a Rússia devem ser normalizadas após o fim da guerra na Ucrânia. No entanto, ele destacou a necessidade de manter a pressão sobre Moscou.

"É normal que, se a guerra parar de alguma forma, tanto para a Europa quanto para os EUA, gradualmente se restaurarem relações normais com a Rússia. Mas ainda não chegamos lá, precisamos manter a pressão sobre eles", disse Rutte em entrevista à Bloomberg, enfatizando a importância de garantir que Moscou leve a sério as negociações para um cessar-fogo.

Rutte também afirmou que seria "difícil" para a Otan se envolver diretamente em um possível cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, mas destacou que a organização poderia "oferecer conselhos" às partes envolvidas nas conversas.

Ele se declarou "cautelosamente otimista" de que a paz possa ser alcançada ainda neste ano.