Saída de Nísia é dada como certa; Padilha é o favorito para assumir pasta da Saúde

Política
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Com a saída da ministra da Saúde, Nísia Trindade, dada como certa no Palácio do Planalto, alas do PT já disputam a sua cadeira. Por trás da queda de braço estão o controle de um orçamento de R$ 239,7 bilhões e a marca do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje enfrenta acentuada queda de popularidade, de acordo com pesquisas de opinião.

 

O nome mais cotado para o lugar de Nísia é o do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que atualmente cuida da articulação política entre o Planalto e o Congresso. Padilha já foi titular da Saúde no governo Dilma Rousseff, de 2011 a 2014, é padrinho político de Nísia - que, embora próxima do PT, não está filiada ao partido - e tem vários aliados abrigados em secretarias da pasta.

 

Na outra ponta surge o nome de Arthur Chioro, que preside a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e também já foi ministro da Saúde sob Dilma. O grupo do chefe da Casa Civil, Rui Costa, defende Chioro para a cadeira de Nísia.

 

Chioro também é o preferido do senador Humberto Costa (PT-PE) - outro ex-titular da Saúde - e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que está prestes a deixar o cargo para comandar a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo. Todos são integrantes da mesma tendência do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente de Lula que está rachada sobre os rumos do governo e o sucessor de Gleisi na direção do partido.

 

O favorito de Lula para substituir Gleisi é o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, que prega a moderação nas fileiras do PT para arrefecer o clima polarizado no País no momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PT) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

 

Expectativa

 

Como mostrou o Estadão, a expectativa no PT é de que Lula anuncie a entrada de Gleisi em sua equipe - embora sem dizer para qual cargo - no próximo sábado, 22, durante discurso na festa dos 45 anos do partido, no Rio.

 

Rui Costa e Gleisi negam que haja discussão sobre a vaga de Nísia no governo e no PT. Na prática, porém, interlocutores de Lula avaliam que a ida de Padilha para a Saúde fortalece o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Não sem motivo: médico infectologista, Padilha é aliado de primeira hora de Haddad. Ele foi secretário municipal da Saúde de 2015 a 2017, quando o atual titular da Fazenda era prefeito de São Paulo.

 

Amigo

 

Edinho também é amigo de Haddad. Não é segredo para ninguém, na Praça dos Três Poderes, que o chefe da equipe econômica está em rota de colisão com o ministro da Casa Civil.

 

A Saúde, por sua vez, é uma das principais apostas de Lula para o governo sair das cordas. Ao Estadão, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, disse que vai mudar a marca do programa "Mais Acesso a Especialistas", considerada hermética e sem apelo popular.

 

O programa é o xodó de Lula, mas não vai bem das pernas. Lançado em abril do ano passado, o plano tem como objetivo reduzir o tempo de espera por cirurgias, exames e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar das cobranças de Lula a Nísia, o programa ainda não conseguiu chegar em várias regiões do País.

 

Preferência

 

O presidente disse a aliados que tem preferência por Padilha na Saúde, mas, para tanto, ele terá de ficar até o fim do governo e desistir de disputar a eleição de 2026. Hoje, dos 38 ministros, ao menos vinte demonstraram interesse em concorrer a cargos eletivos e por isso terão de deixar os cargos até o fim de março do ano que vem.

 

Padilha é deputado licenciado e teve uma gestão bem avaliada na Saúde quando tocou o programa Mais Médicos. A portas fechadas, o ministro afirmou que aceita não ser candidato em 2026 para ajudar na campanha de Lula a um novo mandato, ou mesmo apoiar outro nome indicado pelo PT.

 

Lula não gostaria de substituir Nísia, mas tem observado, em conversas com interlocutores, que já deu a ela todas as chances. A situação da ministra no governo ficou insustentável diante de tantos problemas na saúde, agravados pelo surto de dengue em São Paulo e em outros cinco Estados. Há falta de vacinas no mercado.

 

Feudo

 

No passado, o Ministério da Saúde foi um feudo do PP, partido do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL). Durante toda sua gestão, Lira teve vários embates com Padilha, chamou o desafeto de "incompetente" e tentou derrubar Nísia, mas não conseguiu.

 

A possível ida do ministro de Relações Institucionais para a Saúde também mexe em outra vaga com assento no Planalto: a da articulação política. O Centrão reivindica o cargo, sob o argumento de que a relação do governo com o Congresso não está boa e só um parlamentar desse grupo político poderia ajudar a resolver, por exemplo, o problema das emendas parlamentares.

 

Até agora, no entanto, os nomes mais considerados por Lula para o lugar de Padilha são de dois petistas, ambos líderes do governo: José Guimarães (CE), que atua na Câmara, e Jaques Wagner (BA), no Senado.

 

Tabata

 

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) é cotada para o lugar de Luciana. O movimento abre caminho para o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, assumir o mandato na Câmara. Agostinho é suplente de Tabata e já recebeu críticas de Lula, que disse ver um "lenga-lenga" no Ibama para autorizar a Petrobras a fazer prospecções de petróleo na Margem Equatorial do Rio Amazonas.

 

A eventual saída de Agostinho também pode levar Márcio Macêdo (PT), hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, ao comando do Ibama. Biólogo, Macêdo já foi superintendente do Ibama em Aracaju e secretário do Meio Ambiente do governo de Sergipe. Ele deixará a cadeira hoje ocupada com a entrada de Gleisi no Palácio do Planalto.

 

A mudança no perfil da Secretaria-Geral foi planejada por Lula para fortalecer a relação com os movimentos sociais, hoje bastante desgastada, como indicam as pesquisas. O presidente também quer se aproximar dos evangélicos, na tentativa de reverter a crescente queda de popularidade para chegar em condições de disputar a reeleição, em 2026.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Uma aeronave da Southwest Airlines foi obrigada a realizar uma manobra de emergência durante voo entre Burbank e Las Vegas na manhã de sexta-feira, 25, resultando em ferimentos a dois membros da tripulação.

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Informações do sistema de rastreamento FlightRadar24 revelam que o avião perdeu aproximadamente 144 metros de altitude em questão de segundos, cerca de seis minutos após deixar o solo - uma descida equivalente à altura de um edifício de quase 50 andares.

O incidente causou ferimentos em dois comissários de bordo, que necessitaram de cuidados médicos. A companhia aérea confirmou que nenhum passageiro foi ferido, mas não divulgou o número total de pessoas a bordo.

Entre os passageiros estava o comediante Jimmy Dore, que relatou em suas redes sociais ter sido comunicado pelo comandante sobre a situação de emergência. "O piloto teve que mergulhar agressivamente", descreveu Dore. "Eu e várias pessoas fomos arremessados dos assentos e batemos a cabeça no teto."

Apesar do susto, a aeronave completou sua rota e aterrissou sem problemas em Las Vegas. A Southwest Airlines informou estar colaborando com a Administração Federal de Aviação (FAA) para investigar as circunstâncias do evento.

Outro avião

A segunda aeronave foi identificada como um Hawker Hunter de identificação NN335AX, que voava a aproximadamente 4.455 metros de altitude no momento do incidente. Os dados de rastreamento mostram que as duas aeronaves chegaram a ficar a apenas 7,78 quilômetros de distância uma da outra no ponto mais próximo.

Outro passageiro, Steve Ulasewicz, também confirmou à ABC News ter sentido uma "queda significativa" durante a manobra, corroborando o relato do comediante Jimmy Dore sobre a intensidade do movimento evasivo.

O protocolo seguido pelos pilotos está de acordo com o sistema de prevenção de colisões: quando detectada uma possível colisão, uma aeronave deve descer enquanto a outra deve subir, criando separação vertical entre as duas.

Um ataque a um tribunal no sudoeste do Irã deixou ao menos nove pessoas mortas e outras 20 feridas após um grupo de homens armados invadirem o local na manhã deste sábado, 26 (de Brasília), informou a TV estatal iraniana. Autoridades locais já classificam o episódio como um ato terrorista.

Os homens estavam com armas e granadas. A reportagem da TV disse que as forças de segurança mataram três dos agressores no confronto armado na instável província de Sistão-Baluchistão, no sul do país. A identidade das vítimas não foi divulgada.

A TV estatal informou que o ataque ocorreu na capital da província, Zahedan. A polícia e as forças de segurança rapidamente assumiram o controle do local, a 1.130 quilômetros a sudeste da capital, Teerã.

Uma reportagem da agência de notícias semioficial Tasnim, considerada próxima às forças de segurança, atribuiu o ataque ao grupo militante Jaish al-Adl, que busca a independência para as províncias iranianas do Sistão oriental e as províncias baluches do sudoeste do Paquistão.

A província, que faz fronteira com o Afeganistão e o Paquistão, tem sido palco de confrontos mortais ocasionais envolvendo grupos militantes, traficantes de drogas armados e forças de segurança iranianas. Em outubro, um ataque a um comboio policial iraniano na província matou pelo menos 10 policiais.

A província de Sistão-Baluchistão é uma das regiões menos desenvolvidas do Irã. As relações entre os moradores predominantemente muçulmanos sunitas da região e a teocracia xiita do Irã têm sido tensas por muito tempo.

O Irã sofreu um grande revés no mês passado após uma breve guerra com Israel e participação fulminantes dos Estados Unidos, com bombardeios em suas instalações nucleares.

Com o aumento generalizado da fome em Gaza e a pressão internacional, Israel prometeu nesta sexta-feira, 25, lançar pelo ar ajuda para os palestinos. Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), o número de crianças abaixo de 5 anos com desnutrição grave triplicou em duas semanas na sua clínica. Autoridades de saúde do território relataram mais 9 mortes por fome aguda ontem. No total, 54 pessoas morreram de fome nesta semana.

O envio de comida, remédio e água por via aérea seria feito por Jordânia e Emirados Árabes, com aviões despejando pacotes com paraquedas sobre o território. O procedimento, no entanto, não é recomendado por especialistas e agências humanitárias, já que o risco de provocar tumulto é grande.

Além disso, a precisão das entregas aéreas não é garantida e parte dos mantimentos pode cair no mar ou fora do território. Segundo o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos da ONU, cerca de 500 mil palestinos, de uma população de 2 milhões, sofrem insegurança alimentar e outros 100 mil estão em situação de inanição. Um terço da população chega a ficar vários dias sem comer.

Atualmente, 70 caminhões entram por dia em Gaza, de um total de 160 previsto por um acordo entre Israel e União Europeia. O mínimo viável, segundo o Programa Mundial de Alimentos, seriam 100.

Desde o início da guerra, Israel restringe a entrada de alimentos e combustível em Gaza. Entre março e maio, o governo israelense proibiu completamente a distribuição de ajuda, para pressionar o Hamas a se render, exacerbando a já severa privação que afetava o território palestino.

Nos últimos dias, imagens de crianças esqueléticas estamparam as redes sociais e as capas dos principais jornais internacionais, ampliando a pressão por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Diplomacia

Apesar da pressão, no entanto, Israel e EUA paralisaram as negociações na quinta-feira, 24, acusando o Hamas de não fazer concessões. Ontem, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que o Hamas "não quer a paz de verdade". "Acho que eles querem morrer", disse.

A Europa, no entanto, caminha na direção contrária. Um dia depois de anunciar que reconhecerá o Estado palestino na ONU, em setembro, a França emitiu uma declaração conjunta com Alemanha e Reino Unido, defendendo o "fim da catástrofe humanitária na Faixa de Gaza", em um alerta sobre a fome.

O comunicado foi feito após uma reunião entre os líderes dos três países: o britânico Keir Starmer, o francês Emmanuel Macron e o alemão Friedrich Merz. Starmer sofre intensa pressão do Parlamento e de seu gabinete para replicar o gesto da França e reconhecer a Palestina. Merz descartou a ideia, por enquanto.

Sem fome

Apesar das imagens dramáticas de Gaza, Israel continua negando que haja fome generalizada no território. Ontem, um alto funcionário da Defesa disse ao jornal Haaretz que a situação no território é "diferente da forma como é retratada internacionalmente", afirmando que os relatos de fome fazem parte de uma "campanha liderada pelo Hamas".

O relatório publicado ontem pelos Médicos Sem Fronteiras, porém, indica que o quadro é grave. De acordo com a organização, cerca de 25% das crianças de 6 meses a 5 anos e das gestantes e lactantes atendidas na clínica da ONG na Cidade de Gaza estavam desnutridas.

"Estamos registrando 25 novos pacientes por dia com desnutrição. Vemos o cansaço e a fome em nossos próprios colegas", afirmou Caroline Willemen, coordenadora da clínica da organização na Cidade de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.