STF decide que guardas municipais podem fazer policiamento urbano

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 20, que os municípios brasileiros têm competência para instituir que as guardas civis municipais atuem em ações de segurança urbana. Na prática, a corporação pode atuar de forma semelhante à Polícia Militar, realizando policiamento ostensivo, patrulhamento e buscas pessoais (revista a suspeitos).

O voto do relator, ministro Luiz Fux, foi acompanhado pela maioria da Corte. A tese define que as guardas municipais podem exercer ações de segurança urbana, desde que não realizem atividades de investigação criminal. A atuação fica limitada às instalações municipais, em cooperação com os demais órgãos de segurança pública e sob a fiscalização do Ministério Público.

O tema foi julgado com repercussão geral, o que significa que a decisão pode ser aplicada a casos semelhantes em todas as instâncias da Justiça. Há 53 ações pendentes sobre a temática na Corte, segundo o STF, que devem ter a tramitação liberada após o julgamento desta quinta. A determinação abre também espaço para a validação de provas obtidas por agentes municipais em atuação ostensiva, como revistas ou denúncias anônimas seguidas de busca, que eram motivo de questionamentos no Judiciário.

O recurso extraordinário que provocou a discussão sobre as atribuição das guardas municipais questionava uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O entendimento derrubou uma lei municipal que concedia à Guarda Civil Metropolitana (GCM) o poder de fazer policiamento preventivo e comunitário e prisões em flagrante.

Para o TJ-SP, o Legislativo municipal havia invadido a competência do Estado ao legislar sobre segurança pública. A decisão seguia o entendimento de que a guarda municipal não estaria prevista pela Constituição como um órgão de segurança pública. Por isso, a sua atuação deveria visar vigilância e proteção de bens, serviços e instalações do município, como escolas e unidades de saúde.

De acordo com o voto do relator, Fux, a conclusão de que o município deveria necessariamente ordenar a proteção de seu patrimônio é descabida. Ele ressaltou que atribuir o policiamento preventivo comunitário às guardas municipais pode ajudar municípios a combaterem a insegurança e a criminalidade.

O ministro Alexandre de Moraes avaliou em seu voto que a guarda civil costuma ser confundida com uma guarda patrimonial. "A guarda patrimonial é, na maioria dos municípios, terceirizada. São contratados. Não podemos afastar nenhum dos entes federativos no combate à violência", afirmou, seguindo o voto de Fux. O relator também foi acompanhado por Dias Toffoli, Flávio Dino, André Mendonça, Nunes Marques, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo. Cármen Lúcia não estava na sessão.

Os ministros Cristiano Zanin e Edson Fachin se opuseram ao entendimento. Zanin ressaltou que o papel da corporação municipal deveria ficar limitado à proteção de bens, serviços ou instalações, e não ser igualado ao das Polícias Civil e Militar.

"Não podemos eximir a PM, que tem o papel do policiamento ostensivo, de fazer essa diligência. Se há um problema de falta de efetivo, temos de resolver dentro do que a Constituição prevê, e não dando aos guardas uma atribuição que a Constituição não dá", defendeu.

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Os EUA e a Ucrânia estão perto de um acordo que entregaria direitos minerais valiosos aos EUA, já que a administração Trump tem procurado compensação pela ajuda militar para combater a invasão da Rússia, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A Ucrânia recusou-se a assinar tal acordo no início desta semana, desencadeando uma guerra de palavras entre o presidente Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e temores de uma ruptura nas relações entre Washington e Kiev.

Em um aparente aceno a um acordo iminente, Zelensky disse, em um discurso em vídeo na noite de sexta-feira, 21, (horário local), que equipes de negociadores dos EUA e da Ucrânia estavam trabalhando em um projeto de acordo.

"Este é um acordo que pode fortalecer as nossas relações e a chave é acertar os detalhes para garantir a sua eficácia", disse. "Estou ansioso pelo resultado - um resultado justo."

Zelensky recebeu um acordo do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em Kiev, na semana passada, mas se recusou a assiná-lo, dizendo que o lado ucraniano precisava estudá-lo mais a fundo e que o acordo deveria conter alguma forma de garantias de segurança para a Ucrânia.

Um acordo poderá ser assinado já no sábado, embora ainda não esteja completo, disseram pessoas informadas sobre as negociações. Não foi possível ter acesso aos termos exatos do acordo.

Oito líderes dos Estados árabes do Golfo se reuniram nesta sexta-feira, 21, na Arábia Saudita para discutir estratégias em resposta à controversa proposta de Donald Trump de reconstruir Gaza sob controle dos Estados Unidos e deslocar seus moradores palestinos para outros países.

A reunião na capital saudita, Riad, foi uma preparação para uma cúpula mais ampla da Liga Árabe no Egito em 4 de março. O encontro terminou após várias horas sem nenhuma declaração oficial sobre o que foi discutido ou decidido.

A proposta apresentada no início deste mês por Trump, de que os Estados Unidos podem assumir o controle de Gaza, transformá-la na "Riviera do Oriente Médio" e realocar seus moradores palestinos para países vizinhos como Egito e Jordânia foi recebida com espanto e indignação em todo o mundo árabe.

Líderes árabes, como o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, o presidente dos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, o rei Abdullah II da Jordânia em reunião em Riad. Foto: Ministério da Mídia Saudita via AP

Trump disse nesta sexta-feira que não pretendia impor seu plano para Gaza a ninguém.

"Não estou forçando. Vou apenas sentar e recomendar, e então os EUA seriam donos do local", ele disse em uma entrevista à Fox News Radio. "Não haveria Hamas... Você começaria tudo de novo com um prato limpo."

Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos têm trabalhado juntos por uma ideia alternativa para Gaza, na qual os países árabes ajudariam a financiar e supervisionar a reconstrução, mantendo os 2 milhões de moradores palestinos no local e preservando a possibilidade de um Estado palestino, de acordo com diplomatas e autoridades informadas sobre os esforços.

Mas um ponto-chave de discórdia continuou sendo a questão da governança pós-guerra em Gaza.

Um plano egípcio proposto provavelmente incluiria a formação de um comitê de tecnocratas e líderes comunitários palestinos, todos não afiliados ao Hamas, que poderiam governar Gaza depois da guerra.

Mas os líderes israelenses disseram que se oporiam a quaisquer planos pós-guerra que pavimentassem o caminho para a soberania palestina. Os líderes árabes insistem que apoiariam apenas uma proposta que, pelo menos nominalmente, abrisse caminho para a criação de um Estado palestino.

Para qualquer estratégia árabe sobre a governança de Gaza, os líderes árabes gostariam da bênção da Autoridade Palestina, o órgão reconhecido internacionalmente que administrou Gaza até o Hamas assumir o controle do território há quase duas décadas.

Mas o presidente da autoridade, Mahmoud Abbas, pareceu cauteloso com qualquer plano que não lhe desse controle total de Gaza. Abbas não compareceu às negociações desta sexta-feira, de acordo com a foto oficial dos líderes divulgada pela corte real jordaniana.

Membros do Gulf Cooperation Council compareceram à reunião em Riad junto com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e o rei Abdullah da Jordânia. O líder egípcio chegou a Riad na quinta-feira para conversas preliminares com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.

Falando a repórteres na quarta-feira antes de sua ida para a Arábia Saudita, o chefe de Estado do Egito reforçou a ideia de que as propostas de seu país "não envolveriam o deslocamento forçado" de palestinos.

Embora o Egito ainda não tenha divulgado todos os detalhes de sua proposta, o primeiro-ministro Mostafa Madbouly disse na quarta-feira que o Cairo estava trabalhando em um plano abrangente para a reconstrução de Gaza que previa a restauração do enclave em três anos, de acordo com o Ahram Online, um meio de comunicação estatal egípcio.

O plano árabe se concentrará em ideias que mantenham os palestinos dentro de Gaza para conter os apelos de Trump para que o Egito e a Jordânia os recebam, uma ideia que todos os países árabes rejeitaram. Muitos no mundo árabe considerariam qualquer deslocamento forçado de palestinos de Gaza uma limpeza étnica e um crime de guerra, bem como uma sentença de morte para qualquer futuro estado palestino.

Alguns países, como Jordânia e Egito, também podem estar preocupados que o aumento da migração palestina possa criar problemas econômicos e políticos internamente. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que "todo país que tem pena de morte para traficantes não tem problemas com drogas". Durante uma reunião com governadores na Casa Branca, o republicano declarou que criminosos escolhem os EUA devido às "penas mais brandas" aplicadas no país para esse tipo de crime.

Dirigindo-se aos governadores, Trump ressaltou: "Os estados também têm um papel fundamental no combate ao tráfico de drogas nos Estados Unidos. Vocês também têm direito a adotar a pena de morte para traficantes de drogas", acrescentou.

O presidente americano ainda destacou que pretende reforçar, em parceria com os governadores, campanhas antidrogas que desestimulem o envio de substâncias ilegais ao país. Ele também pontuou que os líderes estaduais podem "ligar à vontade" para conversar e pedir ajuda federal, "inclusive os democratas". "Se tiver um republicano e um democrata me ligando, vou priorizar o democrata. Talvez", brincou.