Entenda por que Michelle não quis que Bolsonaro fosse internado em SP

Política
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi responsável por escolher a nova equipe médica que realizou a cirurgia no intestino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, neste domingo, 13. Bolsonaro era atendido pelo médico Antônio Luiz Macedo, que fez cinco cirurgias do ex-presidente desde a facada sofrida pelo ex-chefe do Executivo em Juiz de Fora, durante a campanha presidencial de 2018.

De acordo com aliados do ex-presidente, a decisão teria sido tomada por iniciativa de Michelle com o aval do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-chefe do Executivo. O médico Antônio Macedo foi o responsável por acompanhar o ex-presidente em cinco cirurgias decorrentes do trauma sofrido em 2018, mas por decisão de Michelle e Flávio foi substituído pela equipe médica do Hospital DF Star, liderada pelo médico pessoal da família Bolsonaro, Cláudio Birolini, especialista em cirurgia geral.

Na sexta-feira, 11, o médico Antônio Luiz Macedo acompanhou a evolução do quadro clínico do ex-presidente desde o momento em que ele passou mal e precisou ser atendido na emergência de um hospital em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte. De lá, o ex-presidente precisou ser levado de helicóptero para Natal. E na noite de sábado, 12, foi transferido para Brasília em um avião com UTI aérea.

Ao Estadão, o médico Antônio Luiz Macedo explicou que permanece acompanhando a evolução do quadro de saúde do ex-presidente, com medicação e observação, e que a decisão pela cirurgia em Brasília teria sido tomada pela equipe médica responsável pelo procedimento e pelo entorno familiar de Bolsonaro.

"Nós estamos tratando com os remédios, mas sem nenhum risco para ele, de mortalidade e nada disso. (A decisão pela cirurgia em Brasília) Foi uma decisão da equipe que está tratando dele", afirmou.

Procurada pelo Estadão, Michelle Bolsonaro ainda não havia se manifestado até a publicação deste texto.

Um dos motivos para a troca, segundo pessoas próximas à família Bolsonaro, estaria relacionado à proximidade de Michelle com a deputada federal Amália Barros (PL-MT), que morreu em maio do ano passado, em decorrência do tratamento cirúrgico a que ela foi submetida para retirada de um nódulo no pâncreas. Amália foi atendida, à época, pela equipe médica do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o mesmo estabelecimento que atendia o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o período no hospital, a deputada enfrentou vários procedimentos médicos, sendo o primeiro deles a cirurgia para a remoção do tumor.

Neste domingo, após 12 horas de cirurgia, a ex-primeira-dama publicou em rede social que Bolsonaro havia ido para o quarto, em referência à saída dele do centro cirúrgico e agradeceu a equipe médica pelo atendimento ao ex-presidente: "Nossos anjos aqui na Terra!".

Nesta segunda-feira, Michelle publicou uma foto de Bolsonaro lúcido no hospital após o procedimento cirúrgico e escreveu: "Já deu tudo certo".

'Pós-operatório muito prolongado'

De acordo com a equipe médica do Hospital DF Star, em Brasília, a recuperação do ex-presidente será longa, e não há previsão de alta. Durante coletiva de imprensa na manha desta segunda-feira, 14, os profissionais de saúde descreveram o procedimento como "complexo, trabalhoso" apesar de esperado, e o resultado, como "excelente" e "bastante satisfatório".

"Vai ser um pós-operatório muito prolongado. Não há previsão de alta nesta semana", afirmou o cardiologista Leandro Echenique. Em seguida, o especialista em cirurgia geral Cláudio Birolini reforçou a sensibilidade dos próximos dias: "Não temos grande expectativas de uma evolução rápida".

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Em coletiva, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou que, se a Rússia realmente estivesse interessada em acabar com o conflito com a Ucrânia, o país teria aceitado o cessar-fogo incondicional que já estava em andamento.

Kallas avaliou os ataques russos de quarta-feira, 19, que mataram 26 civis ucranianos, como brutal. Na sua visão, a Rússia nunca se comprometeu de verdade com a paz e por isso, a pressão dos demais países devem ser focadas no agressor, e não na vítima.

Diante desse cenário, ela destaca que as sanções contra a Rússia são importantes. Um exemplo desse efeito está no comércio entre as nações, uma vez que a exportação do petróleo russo foi a mais baixa dos últimos meses.

As sanções são também, segundo Kallas, uma forma de responder ao terrorismo de estado praticado pela Rússia. Além disso, essa é uma forma de mostrar ao país que "o tempo não está ao seu lado" e que "apoiar a Ucrânia é uma barganha comparado ao custo da vitória russa".

Kallas chamou a atenção também para o conflito em Gaza e disse que a paz depende de parceiros internacionais. Segundo ela, ministros discutem opções de expansão de monitoramento nas fronteiras e o treinamento da polícia palestina.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, minimizou os efeitos econômicos do recente shutdown parcial recorde do governo, embora admita algum impacto. Segundo ele, a paralisação não ajudou e "pôs um pouco o pé no freio em todas as ótimas notícias econômicas", mas vai causar um pouco de risco que, "no fim, será algo muito, muito pequeno".

Em evento organizado pelo Breitbart em Washington nesta quinta-feira, Vance comemorou o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta manhã, que, segundo ele, "mostra que as políticas econômicas de Trump estão funcionando", com criação de 119 mil vagas em setembro, acima do esperado por analistas. A taxa de desemprego, no entanto, subiu para 4,4% no comparativo mensal.

Vance afirmou que os salários continuam a crescer "muito acima da inflação" e disse que, sob o ex-presidente Joe Biden, o trabalhador médio "perdeu cerca de US$ 3 mil" em renda, enquanto o novo governo já teria elevado o ganho anual em US$ 1,2 mil.

O vice-presidente destacou ainda que a geração de vagas tem beneficiado "cidadãos americanos natos", ao contrário do que atribuiu ao governo anterior, quando, segundo ele, quase todo o crescimento líquido do emprego foi para estrangeiros, inclusive imigrantes em situação irregular.

O aliado de Donald Trump pediu "um pouco de paciência" aos eleitores que ainda sentem o custo de vida alto e argumentou que levará tempo para reverter o que chamou de "danos" provocados pela gestão Biden, citando excesso de regulação, impostos e dependência de trabalhadores e cadeias produtivas no exterior.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar ao presidente dos Estados Unidos, país sem delegação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele apenas respondeu: "Estamos esperando por você".

Guterres também disse não ser o momento de falar sobre eventual derrota na COP30, ao ser questionado sobre travas no avanço das negociações. Outra mensagem dele, em coletiva de imprensa, foi reforçar ser essencial a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países que ainda não anunciaram suas novas metas.

Até a última atualização eram 118 NDCs entregues. Atualmente, 198 países participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) , o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).

Em outro tema, o secretário-geral das Nações Unidas reforçou há pouco que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma "necessidade", repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. Ele expressou também apoio a definição de como se dará esse processo:

"Saúdo os pedidos por um mecanismo de transição justa e a crescente coligação pedindo clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis. E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa que esteja alinhada com um mundo com aquecimento limitado a 1,5 graus", declarou.

A fala está alinhada ao posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Cúpula dos Líderes, que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Lula defendeu a superação da dependência dos combustíveis fósseis e, desde então, foi especulado nos corredores um possível "plano de Lula" para tal objetivo.

Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O "como fazer" ou a definição do "mapa do caminho" é o que ainda está pendente. O tema divide as delegações e, se houver avanço, será considerado uma das vitórias da Conferência em Belém (PA).

Assim como para um caminho concreto para transição para longe dos fósseis, Guterres destacou que é necessário um "caminho crível para realizar a meta financeira de Baku". Ele se refere à necessidade de investimento de US$ 1,3 trilhão em soluções para as mudanças climáticas, definida na COP29 na capital do Azerbaijão.

"Todos países desenvolvidos mobilizando pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 e traçando uma rota para alcançarmos o US$ 1,3 trilhão por ano até 2035", afirmou Guterres.