Após live, Bolsonaro é intimado em UTI e reclama com oficial de justiça

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Ao receber nesta quarta, 23, a intimação que dá início à contagem do prazo de cinco dias para que faça a defesa prévia na ação penal em que é acusado de tramar um golpe de estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamou com a oficial de justiça encarregada da tarefa e fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Bolsonaro se mostrou indignado pelo fato de o prazo legal do processo começar a ser contado com ele internado em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital DFStar, em Brasília.

 

O STF informou que determinou a intimação do ex-presidente após ter identificado que Bolsonaro participou de uma transmissão ao vivo em rede social na última terça-feira. Ele foi destaque em uma live promovida por seus filhos e pelo ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet para comercializar capacetes de grafeno. Inicialmente, a Corte disse ter orientado a oficial de justiça a aguardar uma data mais adequada para fazer a intimação. A presença na transmissão, segundo o STF, "demonstrou a possibilidade" de ele ser citado.

 

"A senhora tem noção de que está em uma sala de UTI do hospital?", perguntou Bolsonaro. A oficial então afirma que conversou com os diretores do hospital e com os advogados do ex-presidente. Na sequência, ele passa a pressioná-la a ler o nome de quem determinou a intimação no hospital.

 

A oficial explicou que o mandado estava em aberto desde o dia 11, e Bolsonaro começa a questionar o andamento do processo, mesmo ciente de que a oficial de justiça não tem qualquer papel no trâmite da ação.

 

Durante a conversa, gravada por alguém no quarto e divulgada em seus perfis em redes sociais, ele fez questão de descrever seu estado de saúde. "Tive um procedimento invasivo hoje de manhã, que meu intestino não está funcionando. Infelizmente, vou para sala de imagem agora, aplico o contraste e poderia assinar mais tarde sem problemas. Mas como a senhora insistiu...", disse Bolsonaro.

 

A oficial então explica que às vezes precisa dar uma notícia que a pessoa não quer receber, mas que as informações constantes no documento já eram de conhecimento público.

 

O ex-presidente foi submetido a uma cirurgia de 12 horas no dia 13 e, desde então, está internado na UTI. Seus boletins médicos apontam evolução do quadro, mas sem previsão de alta até o momento.

 

O prazo para o ex-presidente apresentar a defesa começou a contar com a intimação.

 

A notificação dos outros seis réus do chamado "núcleo crucial" do plano de golpe foi concluída em 15 de abril. Bolsonaro e os demais acusados vão responder por cinco crimes, incluindo organização criminosa armada, golpe de estado e tentativa de abolição violenta do estado democrático. As penas em caso de condenação podem chegar a 43 anos de prisão.

Em outra categoria

Em resposta ao anúncio de um cessar-fogo de três dias feito pela Rússia para marcar o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou nesta segunda-feira, 28, o Kremlin de manipulação e exigiu um fim imediato e duradouro à guerra Rússia-Ucrânia.

"Agora, mais uma vez, vemos uma nova tentativa de manipulação: por alguma razão, todos deveriam esperar até 8 de maio e apenas então cessar o fogo, para garantir silêncio para Putin durante o desfile de comemoração do fim da Segunda Guerra", afirmou Zelensky. "Nós valorizamos a vida das pessoas, não desfiles."

O líder ucraniano destacou que qualquer trégua deve ser incondicional e prolongada, não apenas simbólica. "O fogo deve ser interrompido não por alguns dias, para depois voltar a matar, mas sim de forma imediata, completa e incondicional. E por no mínimo 30 dias, para que seja garantido e confiável. Só assim será possível criar uma base para uma diplomacia real", disse.

Zelensky também denunciou novos ataques russos contra civis, mesmo diante dos apelos internacionais pelo fim da guerra. "Mais uma vez, a Rússia atacou um alvo que não tem relação com a guerra, mas com as pessoas. E isso aconteceu em meio às exigências do mundo para que a Rússia encerre esta guerra", afirmou. "Cada novo dia é uma nova e clara prova de que é necessário aumentar a pressão sobre a Rússia, pressionar de forma significativa, para que, em Moscou, sejam obrigados a pôr fim a esta guerra, uma guerra que apenas a própria Rússia quer."

O presidente ucraniano reiterou a disposição do país em buscar a paz, mas acusou a Rússia de sabotar os esforços diplomáticos. "Sempre deixamos claro que estamos prontos para trabalhar o mais rapidamente possível com todos os parceiros que possam ajudar a estabelecer a paz e garantir a segurança. A Rússia rejeita constantemente essas iniciativas, manipula o mundo e tenta enganar os Estados Unidos", afirmou.

O Kremlin afirmou nesta segunda-feira, 28, que as relações com a Coreia do Norte continuarão a se desenvolver "dinamicamente em todas as áreas", após a participação de tropas norte-coreanas no combate a uma incursão ucraniana na região russa de Kursk. Em comunicado oficial, o governo russo destacou que suas Forças Armadas "derrotaram completamente" os grupos ucranianos que invadiram o território, encerrando o que classificou como uma "provocação criminosa" de Kiev.

A Rússia expressou confiança de que os laços entre Moscou e Pyongyang, "aprofundados no campo de batalha", seguirão se fortalecendo. "Estamos certos de que a amizade, a boa vizinhança e a cooperação entre nossas nações se desenvolverão com sucesso e dinamismo em todas as direções", afirmou o texto.

Segundo o Kremlin, unidades do exército da Coreia do Norte participaram ativamente da operação, em conformidade com o "Tratado de Parceria Estratégica Abrangente" assinado entre os dois países em junho de 2024. O comunicado citou o artigo 4 do acordo, que prevê "assistência militar imediata em caso de ataque armado" a uma das partes.

"Os amigos coreanos agiram com base em um senso de solidariedade, justiça e verdadeira camaradagem", destacou o Kremlin, acrescentando que a Rússia está "profundamente grata" ao líder Kim Jong Un, ao governo e ao povo norte-coreano. Moscou também elogiou o "heroísmo, treinamento e dedicação" dos soldados da Coreia do Norte, que lutaram "ombro a ombro" com as tropas russas.

"O povo russo nunca esquecerá o feito dos combatentes de elite coreanos. Honraremos eternamente seus heróis, que deram suas vidas pela Rússia e por nossa liberdade comum, assim como nossos irmãos de armas", concluiu o comunicado.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou neste domingo, 27, que Pequim está acompanhando de perto o desenvolvimento da situação entre a Índia e o Paquistão, reiterando que a China entende as preocupações e apoia a segurança paquistanesa, mas que o conflito não atende aos interesses fundamentais dos países e nem é propício à paz e estabilidade regional.

Wang teve uma conversa telefônica com o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar. "Esperamos que ambos os lados consigam exercer moderação, chegar a um acordo e trabalhar para acalmar a situação", disse ele em comunicado.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, declarou hoje que uma incursão militar da Índia é iminente após um ataque mortal a turistas na Caxemira na semana passada, que resultou na morte de 26 pessoas.

Nesta segunda-feira, 28, pelo menos mais sete pessoas foram mortas e 16 ficaram feridas depois que uma bomba potente explodiu do lado de fora do escritório de um comitê de paz pró-governo em um antigo reduto do Talibã paquistanês, informou a polícia.