1º dia de depoimento no STF tem petista comendo pipoca e bolsonarista fazendo cortes com Fux

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Durante a tarde desta segunda-feira, 9, os mais fervorosos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram a mesma coisa: ambos pararam para assistir a sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 9, que deu início ao interrogatório do ex-chefe do Executivo e outros sete réus da ação penal que trata da tentativa de golpe de Estado.

O PT, em especial, tratou de convocar a militância durante o dia. "Prepare a pipoca, bote a cerveja para gelar e vamos engajar as redes", dizia uma mensagem em circulação em grupos de WhatsApp petistas na manhã e no começo da tarde desta segunda-feira. O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) postou um vídeo salgando a pipoca para assistir ao interrogatório.

Bolsonaristas, do outro lado, ficaram mais focados em separar cortes da sessão para espalhar nas redes.

As perguntas feitas pelo ministro Luiz Fux, do STF, foram as que mais repercutiram entre grupos bolsonaristas. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid disse a Fux que a minuta de golpe não foi assinada. Esse trecho foi cortado e divulgado em redes sociais por figuras como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e o deputado estadual de São Paulo Bruno Zambelli (PL). "Pergunta de Fux acaba com o julgamento e prova inocência do Bolsonaro", escreveu Gayer.

No mesmo depoimento, porém, Cid disse que Bolsonaro recebeu, leu e pediu alterações em uma minuta golpista para anular o resultado das eleições. Segundo o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro "enxugou" o documento, que inicialmente previa as prisões de diversas autoridades do Judiciário e do Congresso, como ministros do STF e o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Essa minuta com propostas golpistas teria sido levada a Bolsonaro pelo ex-assessor Filipe Martins, que cuidava de Assuntos Internacionais, segundo Mauro Cid.

Essa parte do depoimento de Cid foi o que mais repercutiu do lado petista. "Mauro Cid confirma tudo: Bolsonaro queria golpe e prender Alexandre de Moraes. Sem anistia! Bolsonaro preso já!", escreveu Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, em publicação no X (ex-Twitter). "Era golpe mesmo. E agora tudo se confirma", postou o Twitter no Instagram.

Fux acabou se tornando o membro da Primeira Turma do STF a quem bolsonaristas costumam reservar boas expectativas no julgamento da ação penal. Foi ele quem pediu vista do julgamento da cabeleireira Débora dos Santos, que pichou a frase "Perdeu, mané" na estátua da Justiça no 8 de Janeiro.

Como mostrou o Estadão, Fux já sinalizou que deve atuar como um "revisor informal" da relatoria de Alexandre de Moraes no caso que apura a tentativa de golpe de Estado. Durante a análise das questões preliminares da ação penal. Fux foi o único ministro a divergir do posicionamento de Moraes a favor do julgamento de Bolsonaro e dos demais denunciados na Primeira Turma em vez do plenário do STF.

Além de Fux e Moraes, fazem parte da Primeira Turma os ministros Flávio Dino, Carmen Lúcia e Cristiano Zanin. Esse último é o presidente do grupo.

Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, é o primeiro a depor. Como ele fechou acordo de colaboração premiada, os demais acusados têm o direito de falar por último. Nesta segunda-feira, foram interrogados Cid e o deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Na sequência de Cid, os réus vão ser chamados por ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto(ex-ministro da Defesa e Casa Civil).

Em outra categoria

Nesta segunda-feira, 9, o secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., destituiu todos os membros de um comitê científico que assessora os Centros de Controle e Prevenção de Doenças sobre como usar vacinas e prometeu substituí-los por seus próprios escolhidos.

Os principais médicos e grupos de saúde pública criticaram a decisão de demitir todos os 17 membros do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização.

Kennedy Jr., que foi um dos principais ativistas antivacina do país antes de se tornar a principal autoridade de saúde dos EUA, não disse quem ele nomearia para o painel.

Embora normalmente não seja visto como um conselho partidário, toda a lista atual de membros do comitê foi nomeada pelo ex-presidente Joe Biden.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O governo britânico anunciou nesta segunda-feira, 9, um pacote bilionário para impulsionar a energia nuclear no país, com destaque para a construção da usina Sizewell C. O projeto, que receberá 14,2 bilhões de libras em investimentos públicos, deve gerar 10 mil empregos e fornecer energia limpa para até 6 milhões de residências.

A Sizewell C, que deve entrar em operação na década de 2030, já possui 330 milhões de libras em contratos firmados com empresas da região. Segundo o governo, 70% dos fornecedores serão britânicos, um total de 3,5 mil empresas, gerando empregos em setores como construção civil e hotelaria.

O plano inclui ainda 2,5 bilhões de libras para pesquisas em fusão nuclear, tecnologia considerada revolucionária para produção de energia limpa, e 6 bilhões de libras para modernizar a base industrial de submarinos nucleares, item prioritário para a defesa nacional.

Segundo comunicado do governo, o Reino Unido que não inaugura uma usina nuclear desde 1995. Com a Sizewell C, o país quer reduzir custos no setor e atrair investimentos privados. Paralelamente, o governo ainda liberou 420 milhões de libras para a siderúrgica Sheffield Forgemasters, garantindo 700 empregos e criando 900 novas vagas.

A medida, apresentada pela ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, marca o maior programa nuclear do Reino Unido em três décadas e visa reduzir a dependência de combustíveis fósseis e baratear contas de luz. O secretário de Energia, Ed Miliband, pontuou que o país precisa "de uma era dourada da energia nuclear para garantir segurança energética e combater a crise climática".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou na noite desta segunda-feira, 9, o envio de 700 fuzileiros navais para as ruas de Los Angeles para dar apoio à Guarda Nacional na repressão a manifestantes que protestam pelo quarto dia seguido contra sua política de linha-dura contra a imigração ilegal.

Os atos devem se espalhar ao longo da noite e madrugada para outras cidades do país. Há convocação de protestos no Oregon, Washington, Nevada, Novo México, Wisconsin, Illinois, Michigan, Pensilvânia, Nova York, Massachusetts, Carolina do Norte, Geórgia, Flórida, Kentucky e Louisiana.

A militarização das ruas da maior cidade da Califórnia desde o fim de semana ampliou a crise política entre o governo federal e o Estado, liderado pelo governador democrata Gavin Newson, que acusa a Casa Branca de atuar fora de suas atribuições para reprimir críticos de Trump, além de estimular a violência política dentro dos EUA.

A ordem de enviar os fuzileiros navais, que normalmente são empregados em conflitos no exterior e não para atuar dentro dos Estados Unidos, foi dada pelo Departamento de Defesa. Eles devem chegar à Califórnia na manhã de terça-feira.

"Isso é uma provocação, não apenas uma escalada", disse o governador Gavin Newsom sobre a decisão do presidente Trump de enviar 700 fuzileiros navais para os protestos na Califórnia. "O objetivo é semear mais medo, mais raiva e nos dividir ainda mais".

Antes do Pentágono convocar os fuzileiros, Trump tinha dito em Washington que a medida talvez não fosse necessária. "Vamos ver o que acontece, acho que estamos com a situação sob controle", afirmou no meio da tarde.

Mas ao mesmo tempo em que relativizou a necessidade de enviar mais militares à Califórnia, Trump fez duros ataques contra Newson e chegou a sugerir que o czar da fronteira, Tom Homan, deveria prender o governador, acusando-o de obstruir as operações de fiscalização da imigração em Los Angeles.

Mais cedo, o gabinete de Newson entrou com um processo na Justiça contra o governo federal por uso indevido da Guarda Nacional. Os advogados da Califórnia argumentam que as forças de segurança locais estavam gerenciando os protestos de forma efetiva e que a presença da Guarda Nacional não era necessária.

No sábado, 7, Trump federalizou o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviou 2 mil soldados para Los Angeles por pelo menos 60 dias para repelir os protestos contra as deportações em massa do governo.

A ordem do presidente americano sugeriu que os protestos contra as medidas de deportação estavam interferindo no processo dos agentes e constituíam uma rebelião contra a autoridade do governo federal e sua capacidade de aplicar a lei federal.

A medida de Trump, no entanto, foi muito questionada por especialistas. Muitos deles afirmaram que não havia a necessidade de enviar tropas da Guarda Nacional com este precedente.

Medidas como essa geralmente são tomadas após o pedido dos governadores. A única exceção ocorreu em 1965, quando o presidente Lyndon Johnson acionou a Guarda Nacional à revelia do governo do Alabama para proteger manifestantes que protestavam contra as leis racistas do Estado e pelos direitos civis dos negros.

Manifestantes nas ruas

As ruas de Los Angeles continua tensa, mas os protestos, até agora, seguem pacíficos. Durante a tarde, centenas de pessoas se reuniram no centro da cidade para pedir a libertação de David Huerta, um proeminente líder sindical que foi detido por agentes federais na sexta-feira, 6. Ele foi liberado sob pagamento de fiança.

Em Nova York, do lado de fora de um tribunal federal, cerca de 100 manifestantes se reuniram para protestar contra os funcionários da Imigração e Alfândega. Alguns entraram em confronto com policiais.

Enquanto um ônibus de turismo passava pela cena caótica, pelo menos duas pessoas foram presas e a multidão gritava: "Não ao ICE, não ao KKK, não aos EUA fascistas". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)