Anderson Torres pede ao STF acareação com Freire Gomes e perícia sobre minuta golpista

Política
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A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres apresentou nesta segunda-feira, 16, um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a realização de uma acareação entre ele e o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, na ação que apura a tentativa de golpe de Estado. Nesse tipo de procedimento judicial, aqueles que deram versões conflitantes ficam frente a frente para esclarecer os fatos. Freire Gomes afirmou que Torres participou de reuniões com teor golpista, o que o ex-ministro nega.

 

Os advogados sustentam que há contradições relevantes entre os depoimentos prestados por Torres e pelo general sobre as supostas reuniões envolvendo o então presidente Jair Bolsonaro, tema central da fase de interrogatórios realizada na última semana.

 

Como antecipou a Coluna do Estadão, a estratégia de pedir a acareação já vinha sendo considerada pela defesa, diante do que avaliam como versões conflitantes.

 

Em 2024, Freire Gomes afirmou à Polícia Federal que Torres prestava "suporte jurídico" a Bolsonaro durante encontros que discutiram atos golpistas. Na ocasião, o general também declarou que a minuta golpista discutida com Bolsonaro e os comandantes militares era a mesma apreendida pela PF na casa de Torres. A defesa do ex-ministro contesta essa versão.

 

No entanto, em depoimento ao STF no mês passado, desta vez como testemunha de acusação, o general atenuou suas declarações anteriores e afirmou não ter certeza se a minuta apreendida na casa de Torres era a mesma discutida nas reuniões com os comandantes.

 

Questionado pela defesa sobre quantas vezes Torres participou desses encontros, Freire Gomes respondeu apenas: "Poucas", sem detalhar. Os advogados também criticaram o fato de o general figurar no processo como testemunha, e não como investigado.

 

Essa divergência entre a versão inicial, que apontava Torres como responsável por dar suporte jurídico, e a posterior, em que o general relativizou seu depoimento, motivou a defesa a pedir a acareação.

 

Caso o STF não autorize o confronto direto, os advogados pedem que Freire Gomes seja convocado para um novo depoimento individual, a fim de esclarecer os pontos que consideram contraditórios ou mal explicados.

 

Na tentativa de reforçar a tese de que Torres não teve participação ativa nas articulações golpistas, a defesa também solicitou que o STF oficie o Google para identificar o responsável por inserir na internet a minuta de decreto de Estado de Defesa encontrada na casa do ex-ministro. Os advogados argumentam que documentos de conteúdo semelhante circulam publicamente na internet desde dezembro de 2022, sem que as autoridades tenham identificado os autores.

 

Outro pedido apresentado foi a realização de uma perícia técnica para comparar o conteúdo da minuta apreendida com outros documentos anexados ao processo. O objetivo é demonstrar que o material encontrado com Torres não guarda semelhança com os demais textos de teor antidemocrático que fundamentam a acusação.

 

A defesa também pediu a realização de uma perícia audiovisual sobre a participação de Torres na live realizada em julho de 2021, ao lado de Bolsonaro - episódio citado na denúncia da Procuradoria-Geral da República e questionado pelo ministro Alexandre de Moraes durante o interrogatório. No pedido, os advogados afirmam que a intenção é demonstrar que o então ministro apenas leu recomendações técnicas elaboradas por peritos da Polícia Federal, afastando a acusação de que teria propagado desinformação.

 

Os pedidos foram feitos no contexto da fase de diligências complementares do processo, aberta na semana passada após o encerramento da etapa de interrogatórios dos réus. As solicitações agora serão analisadas pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.

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Ao menos 12 pessoas morreram nesta terça-feira, 11, em um atentado suicida, provocado por um homem-bomba, diante de um tribunal de Islamabad, capital do Paquistão, anunciou o ministro do Interior do país. Este é o mais recente episódio de uma onda de violência em todo o país.

"Um atentado suicida foi executado em Kachehri", o tribunal distrital, declarou o ministro Mohsin Naqvi. O homem detonou os explosivos ao lado de uma viatura policial. Nenhum grupo reivindicou imediatamente a autoria da explosão ocorrida ao meio-dia (horário local), que também feriu pelo menos 27 pessoas, mas as autoridades têm enfrentado dificuldades nos últimos meses com o ressurgimento do Talibã paquistanês.

Testemunhas descreveram cenas de caos imediatamente após a explosão. O som, que foi ouvido a quilômetros de distância, ocorreu em um horário de pico, quando a área externa do tribunal costuma estar lotada de centenas de pessoas que comparecem às audiências.

O agressor tentou "entrar no prédio do tribunal, mas, não conseguindo, atacou uma viatura policial", disse ainda Naqvi. Relatos anteriores da mídia estatal paquistanesa e de dois oficiais de segurança afirmavam que a explosão havia sido causada por um carro-bomba.

Naqvi alegou que o ataque foi "realizado por elementos apoiados pela Índia e por representantes do Taleban afegão", ligados ao Taleban paquistanês. Ainda assim, ele afirmou que as autoridades estão "investigando todos os aspectos" da explosão.

Segundo relatos da mídia, as vítimas eram, em sua maioria, transeuntes ou pessoas que foram ao local para audiências judiciais. A polícia de Islamabad não emitiu declarações imediatas sobre o ataque, mas afirmou que ainda está investigando o caso.

Mais de uma dúzia de pessoas gravemente feridas gritavam por socorro enquanto ambulâncias corriam para o local. "As pessoas começaram a correr em todas as direções", disse Mohammad Afzal, que afirmou estar no tribunal quando ouviu a explosão.

Ataque noturno a uma faculdade administrada pelo exército

Em uma ação anterior, as forças de segurança paquistanesas disseram ter frustrado uma tentativa de militantes de fazer cadetes reféns em uma academia militar durante a noite de segunda-feira, 10, quando um homem-bomba e outros cinco atacantes alvejaram as instalações em uma província do noroeste.

O ataque começou quando um homem-bomba tentou invadir a academia militar em Wana, cidade da província de Khyber Pakhtunkhwa, perto da fronteira com o Afeganistão. Segundo Alamgir Mahsud, chefe de polícia local, dois dos militantes foram rapidamente mortos pelas tropas, enquanto três conseguiram entrar no complexo antes de serem encurralados em um bloco administrativo. Os comandos do exército estavam entre as forças que realizavam uma operação de limpeza e houve troca de tiros intermitente até esta terça-feira, disse Mahsud.

O bloco administrativo fica afastado do prédio que abriga centenas de cadetes e outros funcionários.

O primeiro-ministro promete prestar contas

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, denunciou tanto o ataque em Islamabad quanto o de Wana e, em um comunicado divulgado em Islamabad, exigiu uma investigação completa. Ele afirmou que os responsáveis devem ser levados à justiça rapidamente. "Garantiremos que os perpetradores sejam detidos e responsabilizados", disse ele.

Sharif descreveu os ataques contra civis desarmados como "repreensíveis" e acrescentou: "Não permitiremos que o sangue de paquistaneses inocentes seja derramado em vão".

O Taleban paquistanês, ou TTP, se fortaleceu desde que assumiu o poder em Cabul em 2021, e acredita-se que muitos de seus líderes e combatentes tenham se refugiado no Afeganistão. O Paquistão tem testemunhado um aumento nos ataques de militantes nos últimos anos.

Negociações de paz entre o Paquistão e o Afeganistão estão paralisadas

As tensões entre o Paquistão e o Afeganistão aumentaram nos últimos meses. Cabul culpou Islamabad pelos ataques com drones de 9 de outubro, que mataram várias pessoas na capital afegã, e prometeu retaliação. Os subsequentes confrontos transfronteiriços resultaram na morte de dezenas de soldados, civis e militantes, antes de o Catar intermediar um cessar-fogo em 19 de outubro, que permanece em vigor.

Desde então, duas rodadas de negociações de paz foram realizadas em Istambul - a mais recente na quinta-feira, 6 - mas terminaram sem acordo depois que Cabul se recusou a fornecer uma garantia por escrito de que o TTP e outros grupos militantes não usariam o território afegão contra o Paquistão.

Um breve cessar-fogo anterior entre o Paquistão e o TTP, intermediado por Cabul em 2022, entrou em colapso posteriormente, depois que o grupo acusou Islamabad de violá-lo. (Com informações de agências internacionais)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, em publicação na Truth Social, que uma eventual decisão desfavorável da Suprema Corte sobre as tarifas de importação poderia gerar um impacto superior a US$ 3 trilhões.

Segundo Trump, o valor inclui investimentos já realizados, previstos e devoluções de recursos. "A Suprema Corte recebeu números errados. O 'desmonte', em caso de decisão negativa sobre as tarifas, seria superior a US$ 3 trilhões."

O presidente acrescentou que o país não teria como compensar uma perda dessa magnitude, classificando o cenário como um "evento de segurança nacional intransponível" e "devastador para o futuro" dos Estados Unidos.

Passageiros aéreos nos Estados Unidos devem enfrentar mais cancelamentos e atrasos nesta semana, mesmo que a paralisação do governo termine, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA). A agência está ampliando os cortes de voos em 40 dos principais aeroportos do país, em meio à escassez de controladores de tráfego aéreo não remunerados há mais de um mês.

O planejamento do órgão regulador é de aumentar a redução para 6% nesta terça; 11,% na quinta, 13; e, atingir os 10% na próxima sexta, 14. Na segunda-feira, 10, as companhias aéreas cancelaram mais de 2,3 mil voos, e outros mil previstos para hoje já estavam suspensos.

O presidente norte-americano Donald Trump usou as redes sociais para pressionar os controladores a "voltarem ao trabalho agora", prometendo um bônus de US$ 10 mil aos que permaneceram em serviço e sugerindo cortar o pagamento dos que faltaram. As declarações foram criticadas por parlamentares democratas, que afirmaram que os profissionais merecem apoio, e não ameaças. O sindicato da categoria acusou o governo de usar os controladores como "peões políticos" na disputa orçamentária.

Embora o Senado tenha aprovado uma proposta para reabrir o governo, a medida ainda precisa ser votada pela Câmara. O secretário de Transportes, Sean Duffy, afirmou que os cortes de voos continuarão até que os níveis de pessoal se estabilizem. (Com informações da Associated Press)