Atual diretor da Abin sabotou investigação sobre espionagem no governo Bolsonaro, diz PF

Política
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A investigação da Polícia Federal (PF) que colocou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no centro de um esquema de monitoramento ilegal para atender a interesses políticos e familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atingiu a atual gestão do órgão.

Nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, diretor da Abin, foi indiciado no relatório final do inquérito sob acusação de tentar proteger aliados. Procurado, ele não se manifestou.

Antes de assumir a Inteligência de Lula, Corrêa foi diretor-geral da Polícia Federal no segundo mandato do petista, entre 2007 e 2011.

A Polícia Federal afirma que o diretor da Abin agiu para sabotar as investigações e cita a combinação de estratégias com investigados, recalcitrância na entrega de provas, omissão sobre operações ilegais e potencial manipulação de informações e procedimentos internos. O prejuízo para a apuração, segundo a PF, foi "imensurável".

Após o indiciamento, servidores da agência divulgaram uma carta aberta pedindo a demissão de Corrêa. Os agentes afirmam que sua permanência no cargo é um "absurdo".

Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas no caso. A Polícia Federal organiza a investigação em seis núcleos - político, comando e alta gestão, assessoria e execução de ações clandestinas, estrutura operacional de inteligência, produção e propagação de fake news e embaraçamento da investigação.

O atual diretor da Abin consta no núcleo de embaraçamento da investigação. Além dele, foram incluídos nesse grupo Alessandro Moretti (ex-diretor-adjunto), Paulo Maurício Fortunato Pinto (ex-secretário de Planejamento e Gestão), Luiz Carlos Nobrega Nelson (Chefe de Gabinete) e José Fernando Moraes Chuy (atual corregedor-geral).

Segundo a PF, o diretor da Abin e seus auxiliares mais próximos agiram para tentar blindar Fortunato, terceiro na linha de comando do órgão, que foi um dos idealizadores do software First Mile. A ferramenta está no centro das suspeitas de arapongagem. O ex-secretário foi afastado do cargo por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Luiz Fernando Corrêa, Alessandro Moretti e Paulo Maurício Fortunato Pinto, com o desiderato de proteger este último, atuaram para inviabilizar a presente investigação, classificando-a como de cunho político, de perseguição, encaminhando informações inidôneas, retardando informações influenciando servidores e dedicando esforços para que não houvesse investigação pela Polícia Federal", diz o relatório final da investigação.

A Polícia Federal afirma que eles difundiram aos subordinados "uma diretriz não colaborativa para com a apuração". Com isso, os depoimentos dos servidores foram inúteis para aprofundar a investigação, de acordo com a PF.

"Criando o pânico nos servidores e se apresentando como os responsáveis pela solução, seria possível controlar os servidores e embaraçar o deslinde investigativo", afirma a Polícia Federal.

A PF destaca ainda que a direção da Abin se recusou, enquanto foi possível, a entregar os históricos de acesso dos servidores aos sistemas internos.

Além disso, notebooks funcionais foram formatados sob a justificativa de atualização da política de segurança da agência. Para a Polícia Federal, tratou-se na verdade de uma destruição em massa da provas.

"As estações de trabalho poderiam ter sido fontes de prova para identificar a exata ação dos investigados", apontou a PF.

O relatório acusa, por fim, uma campanha de assédio contra a oficial Lidiane Souza dos Santos, ex-corregedora da Abin, por tentar dar andamento às investigações internas.

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O embaixador do Irã em Brasília, Abdollah Nekounam, indicou nesta quinta-feira, 26, que o presidente Masoud Pezeshkian deve visitar o Brasil para participar da Cúpula do Brics, entre 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. A presença dele esteve em dúvida por causa da guerra com Israel e dos ataques aéreos realizados contra instalações nucleares no país pelos Estados Unidos, mas com o cessar-fogo entre as partes em vigor, a visita deve ocorrer.

Segundo o embaixador, o governo iraniano está dando sequência à programação da primeira visita de Pezeshkian ao Brasil. "Estamos na fase de programação para essa possibilidade de o senhor presidente da República Islâmica do Irã Dr. Masoud Pezeshkian ir à Cúpula do Brics. Estamos seguindo as nossas programações", afirmou Nekounam.

Diplomatas do Brasil consideram a viagem complexa do ponto de vista da segurança, mas integrantes da diplomacia iraniana sinalizaram reservadamente acreditar que não deve haver problemas relacionados a isso durante a viagem. A reabertura do espaço aéreo do país para voos comerciais, algo esperado para ocorrer nos próximos dias, deve ser um indicativo de que a viagem deve ocorrer.

Pezeshkian poderia usar o Brics no Brasil como plataforma para falar sobre o conflito. Se o presidente não vier, deverá ser substituído e representado pelo chanceler iraniano Abbas Aragchi, que tem sido o porta-voz do país nos últimos dias em viagens internacionais a países próximos entre eles a Rússia e a Turquia.

Caso venha ao Brasil, o presidente iraniano deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez, em conversa bilateral no Rio.

O embaixador agradeceu a manifestação do presidente Lula em defesa do Irã, condenando com veemência os ataques, e também a nota do Brics em sequência - o tom do petista foi, inclusive, considerado pelos iranianos mais duro do que o adotado em sequência pelo próprio bloco e em detrimento das relações entre Brasil e EUA.

O Irã faz parte do grupo de países emergentes desde o ano passado, tendo sido convidado em 2023. Pezeshkian participou da Cúpula de 2024, em Kazan, na Rússia, pela primeira vez.

Em 2023, o ex-presidente Ebrahim Raisi compareceu à Cúpula de Johannesburgo, na África do Sul, e se reuniu com Lula. Ele morreria em acidente aéreo de helicóptero, em maio de 2024, por causa de complicações de aeronavegabilidade por mau tempo, segundo a investigação oficial.

O Conselho Europeu pediu um "cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza e libertação incondicional de todos os reféns, em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 26. O conselho criticou a situação humanitária em Gaza, o número "inaceitável" de mortes de civis e os níveis de fome, defendendo o fim permanente das hostilidades.

"Pedimos a Israel que levante seu bloqueio em Gaza e permita o acesso imediato, sem impedimentos e deixe que as agências humanitárias atuem de modo independente e imparcial para salvar vidas", afirmou.

O conselho lembrou que Israel precisa cumprir com as obrigações internacionais, mas também criticou a recusa do Hamas em entregar os reféns restantes. As autoridades se comprometeram a aplicar medidas restritivas aos colonos extremistas israelenses, entidades e organizações que apoiam a expansão do assentamento ilegal, ao mesmo tempo em que pede mais restrições para lidar com o Hamas.

"A União Europeia (UE) continua firmemente comprometida em alcançar uma paz sustentável na solução de dois Estados", disse, acrescentando que apoia a Autoridade Palestina.

O Conselho Europeu também se comprometeu a manter a paz, a segurança e a estabilidade no Oriente Médio, celebrando o acordo de cessar-fogo entre Israel e Irã. "Sempre deixamos claro que o Irã não pode nunca ter uma arma nuclear", disse. Sobre a Síria, a UE afirmou que respeitará completamente suas fronteiras, independência e soberania, além de rever suas sanções contra o país.

O ministro da Defesa da China, Dong Jun, condenou a hegemonia e a intimidação estrangeiras durante uma reunião com seu homólogo iraniano na quarta-feira, 25, embora Pequim tenha dado poucos sinais de que estaria disposta a fazer mais para ajudar Teerã caso o conflito com Israel volte a se intensificar.

A China recebeu nesta semana os chefes da Defesa do Irã e da Rússia na cidade portuária de Qingdao, como parte dos encontros da Organização para Cooperação de Xangai. O ministro da Defesa do Irã, Amir Nasirzadeh, disse a Jun que espera que a China desempenhe um papel maior na redução das tensões regionais e na manutenção do atual cessar-fogo, segundo a agência estatal Xinhua.

Teerã e Pequim são parceiros próximos e, embora a China tenha criticado duramente o ataque dos EUA ao Irã, Pequim tem mostrado pouco apetite para se envolver diretamente no conflito. Questionado nesta quinta-feira (26) sobre se a China estaria disposta a oferecer mais ajuda a Teerã, um porta-voz do ministério da Defesa chinês evitou se comprometer.

"A China está disposta a trabalhar com todas as partes para desempenhar um papel construtivo na preservação da paz e da estabilidade no Oriente Médio", disse o porta-voz em uma coletiva de imprensa. Fonte: Dow Jones Newswires*.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.