Alesp aprova em 93s mais de 1.300 cargos no TJ e reajustes para TCE e Legislativo

Política
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Deputados estaduais de São Paulo levaram 93 segundos na noite desta quarta-feira, 25, para aprovar quatro projetos de lei que resultaram na criação de 1.344 cargos no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e reajustes de 5% e 7%, respectivamente, para os servidores do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) e da própria Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

 

A votação foi comandada pelo presidente da Alesp, André do Prado (PL), que almeja ser vice na chapa à reeleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou candidato a governador caso o aliado dispute a Presidência da República em 2026.

 

Além dos quatro projetos, foram aprovadas outras duas propostas. A primeira, apresentada pelo próprio Tarcísio, autoriza o governo paulista a contratar brigadistas temporários para combater incêndios. A segunda transfere cargos do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo para o TJ-SP, autor do projeto. No total, os seis projetos de lei foram aprovados em menos de três minutos.

 

As votações ocorreram por aclamação. Apenas dois deputados, Gil Diniz (PL) e Leonardo Siqueira (Novo), registraram voto contrário à parte das propostas. Os parlamentares devem votar ainda nesta noite o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo de São Paulo para 2026.

 

Os deputados aprovaram a criação de 50 varas de entrância final e 30 varas de entrância intermediárias no TJ-SP, com um cargo de juiz para cada uma delas. Há também a criação de cargos de escrevente, coordenador, supervisor e chefe de Seção Judiciário. No total, a Alesp deu o aval para criação de 1.040 cargos.

 

O tribunal não informou no projeto qual é o impacto orçamentário da medida e disse apenas que as novas despesas serão custeadas com recursos de seu próprio orçamento. O Estadão questionou o TJ-SP qual é o custo dos novos cargos, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Na justificativa enviada à Alesp, o órgão disse que a criação das novas varas é necessária por causa do aumento populacional no Estado.

 

"Com base em dados do IBGE, observamos que a população do Estado aumentou de 43.528.708 habitantes em 2013 para 47.333.288 em 2023. Projeções para 2033 indicam uma estimativa de cerca de 49.963.489 pessoas [...] O aumento populacional está associado a um crescimento nos conflitos e, consequentemente, dos processos judiciais, o que pode sobrecarregar os tribunais e tornar o sistema mais lento", justificou o TJ-SP.

 

O outro projeto relacionado ao órgão cria 260 cargos de coordenador e 44 cargos de diretor - Siqueira e Diniz votaram contra. Segundo o TJ-SP, o objetivo é apenas regularizar a situação de servidores comissionados "que já se encontram percebendo 'pro-labore', correspondente aos vencimentos dos referidos cargos". Portanto, de acordo com o tribunal, não há aumento de despesas.

 

O único projeto com estimativa de impacto é o reajuste para os servidores do TCE-SP, que custará R$ 20,5 milhões ao ano. No caso da Alesp, há a menção que o custo do reajuste para os servidores será custeado pelo orçamento do próprio Legislativo. O TCE-SP informou que não vai se posicionar. Procurada, a Alesp não havia se manifestado até a publicação da reportagem.

 

Leonardo Siqueira criticou a velocidade com que os projetos foram aprovados. "É isso que acontece: para as pessoas que vivem no seu dia a dia, não há recursos. Mas para os donos do poder, sempre há recursos", disse ele. Ele foi contra o reajuste para o TCE e a criação de cargos no TJ-SP.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.