Em audiência sobre emendas, Dino alerta que rigor fiscal é exigência constitucional

Política
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino afirmou nesta sexta-feira, 27, durante audiência pública convocada para debater a obrigatoriedade de o governo federal repassar recursos para pagar emendas parlamentares, que a Corte não usurpa poderes do Legislativo no tema. A presença dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), estava confirmada, mas eles desistiram de comparecer e enviaram representantes.

O cancelamento da participação de Motta e Alcolumbre na reunião realizada no STF ocorre após o governo Lula sofrer nova derrota no Congresso, com a derrubada de decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Executivo começou a destravar emendas em meio à crise com o Parlamento, mas não conseguiu evitar o revés.

Relator no Supremo de ações que tratam de emendas, Dino afirmou que o tribunal não tem o intuito de arrebatar funções de outros Poderes. "Temos um sistema constitucional que pode ser modificado pelo Congresso, que pode fazê-lo a qualquer tempo, salvo em relação à forma federativa de Estado, que é cláusula pétrea. Não há nenhum intuito de usurpação de Poderes", declarou Dino na audiência, que contou com exposições de especialistas e representantes da sociedade civil, do governo federal e do Congresso.

'Dever'

Dino disse ainda que foi o próprio Congresso que definiu o sistema presidencialista e federalista no Brasil, por meio da Constituição. "Se o Congresso quiser tirar a responsabilidade fiscal da Constituição, pode tirar. Se quiser tirar o presidencialismo da Constituição, pode tirar. Assim como pode desconstitucionalizar o devido processo legal orçamentário. Mas, enquanto estiver na Constituição, não se cuida, portanto, de uma invasão do Supremo", declarou.

Na avaliação do ministro, a Corte cumpre um "dever" ao tratar de emendas, e a responsabilidade fiscal não é uma "opção", por ter sido um dispositivo aprovado pelo Congresso. "O Congresso Nacional, órgão de soberania nacional e popular, decidiu criar as emendas impositivas, e isto tem um peso fundamental na arena institucional brasileira. Mas esse mesmo Congresso constitucionalizou o conceito de responsabilidade fiscal. A responsabilidade fiscal, portanto, não é mais opção governamental, é imposição constitucional."

Antes, Dino havia dito que a liberação de emendas não pode seguir "vontades unilaterais". "No sistema de tripartição funcional de Poderes, não há lugar para vontades unilaterais. Deve prevalecer o mandamento constitucional da independência com harmonia."

'Paroquiais'

Representante de Motta na audiência, o advogado-geral da Câmara, Jules Michelet, declarou que os gastos "paroquiais" com emendas são "democraticamente legitimados, porque foram essas pessoas que elegeram esses parlamentares". "Esses gastos paroquiais decorrem muito mais da impossibilidade de os municípios investirem sozinhos do que de uma vontade privada dos parlamentares. Eu vou muito a audiências no interior, e eu vejo como os parlamentares têm orgulho de mostrar aquele postinho de saúde, que arrumou emenda, aquele pessoal que conseguiu fazer cirurgia de catarata, porque agora tem cirurgia de catarata no hospital regional. Os parlamentares têm muito orgulho de demonstrar isso", afirmou o advogado da Câmara.

Como mostrou o Estadão em abril, o valor das emendas parlamentares aprovadas para 2025, de R$ 50,4 bilhões, ultrapassa a soma dos recursos livres para investimentos de 30 dos 39 ministérios.

Michelet também disse que o uso eleitoral de recursos públicos é um problema maior no Executivo do que no Legislativo. "Esse problema é muito mais grave no Executivo. É uma questão que precisa ser enfrentada pela legislação eleitoral, não orçamentária. O Parlamento está apresentando esses controles, porque está discutindo a legislação eleitoral", afirmou o advogado-geral.

Minorias

A advogada-geral do Senado, Gabrielle Tatith Pereira, por sua vez, defendeu a impositividade de emendas, ou seja, que tenham o pagamento obrigatório. Segundo ela, a impositividade garante a igualdade entre congressistas e é um "instrumento de preservação de minorias parlamentares" na aplicação de recursos.

"A execução orçamentária discriminava conforme critérios político-partidários. A base era atendida por meio de emendas. A impositividade vem para assegurar a participação de partidos e parlamentares da oposição, antes preteridos na alocação de recursos públicos", declarou a representante de Alcolumbre.

Gabrielle afirmou que a impositividade "não elimina a discricionariedade do Executivo" e que o Legislativo tem aprimorado ações de controle nos gastos públicos. "Os recursos são liberados segundo cronograma definido pelo governo, e as emendas se submetem a impedimentos técnicos que são analisados por entidades que integram o próprio governo."

Pressão

Ao longo da reunião, especialistas apontaram uma pressão cada vez maior das emendas sobre as despesas discricionárias do Executivo. "As críticas - legítimas - não são particulares à atuação parlamentar e não decorrem de um conflito entre um Legislativo gastador e, respeitosamente, um Executivo guardião da disciplina fiscal. A questão é muito mais complexa, envolve conflitos no âmbito do próprio Executivo e se relaciona muito mais à dinâmica situação-oposição do que Legislativo-Executivo", afirmou Gabrielle.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Os senadores iniciaram o debate sobre um projeto de lei para reabrir o governo, uma etapa que pode desencadear uma provável aprovação no início da noite de segunda-feira, 10.

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"Isso fará uma enorme diferença para esses funcionários federais que trabalharam tanto para servir o povo de nossa nação", disse Collins, que preside o comitê.

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"Eu e muitos de nós não temos a menor intenção de deixar os republicanos impunes", disse Murray.

*Com informação da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou tomar medidas legais contra a BBC devido à forma como um discurso que ele fez foi editado em um documentário exibido pela emissora nacional britânica.

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O Diretor-Geral Tim Davie e a chefe de notícias Deborah Turness renunciaram no domingo, 09, devido a acusações de parcialidade e edição enganosa de um discurso que Trump proferiu em 6 de janeiro de 2021, antes de uma multidão de seus apoiadores invadir o Capitólio, em Washington.

Uma carta do advogado de Trump, Alejandro Brito, exige que a BBC "retraia as declarações falsas, difamatórias, depreciativas e inflamadas", peça desculpas e "compense adequadamente o presidente pelo dano causado", ou enfrente uma ação legal de US$ 1 bilhão em danos.

A BBC disse que revisaria a carta "e responderia diretamente no devido tempo".

*Com informações da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Pelo menos oito pessoas morreram e 19 ficaram feridas quando um carro explodiu no centro da capital da Índia, Nova Délhi, nesta segunda-feira, 10, informou o corpo de bombeiros da cidade. A explosão foi perto do histórico Forte Vermelho, um importante ponto turístico. A causa está sendo investigada.

A explosão, que provocou um incêndio que danificou vários veículos estacionados nas proximidades, ocorreu perto de um dos portões da estação de metrô do Forte Vermelho, informou o Corpo de Bombeiros.

O comissário de polícia da capital, Satish Golcha, declarou aos jornalistas que um veículo que circulava lentamente parou em um semáforo fechado e explodiu. Pelo menos seis automóveis, bem como vários táxis motorizados 'tuk tuk', foram atingidos no incidente.

O edifício do hospital localizado nas proximidades foi isolado em meio a uma forte presença policial. Familiares angustiados se reuniram do lado de fora do prédio.

Musarrat Ansari disse que seu irmão ficou ferido depois que um veículo em chamas colidiu com a motocicleta em que ele estava. "Ele me ligou e disse que tinha machucado a perna e que não conseguia andar", declarou à AFP.

A explosão ocorreu no início da tarde, quando as pessoas estavam voltando do trabalho, perto do metrô no movimentado bairro de Old Delhi.

A polícia não forneceu mais detalhes, mas informou que a investigação está sendo conduzida pela Agência Nacional de Investigação, a agência federal indiana de investigação de terrorismo, e outras agências.

O governo informou que o aeroporto internacional de Nova Délhi, as estações de metrô e os prédios governamentais foram colocados em alerta máximo de segurança após a explosão.

Antigo palácio imperial, o Forte Vermelho é uma importante atração turística na parte antiga da capital. O monumento do século XVII é uma das atrações turísticas mais importantes da Índia. Localizado a 6 Km do Parlamento, é onde os primeiros-ministros indianos fazem seus discursos anuais do Dia da Independência, em 15 de agosto.

Imagens da mídia local mostraram veículos danificados e um cordão policial no local.

Om Prakash Gupta, uma testemunha que mora perto do local, disse que estava em casa quando ouviu uma forte explosão. "Saí correndo com meus filhos e vi vários veículos em chamas, partes de corpos por toda parte", disse ele à Associated Press.

O Ministro do Interior, Amit Shah, disse à imprensa local que o carro era um Hyundai i20 que explodiu perto de um semáforo próximo ao Forte Vermelho. Ele afirmou que as imagens das câmeras de segurança da região farão parte da investigação.

"Estamos explorando todas as possibilidades e conduziremos uma investigação minuciosa, levando em consideração todas as hipóteses", disse Shah. "Todas as opções serão investigadas imediatamente e apresentaremos os resultados ao público."

O primeiro-ministro, Narendra Modi, disse em uma publicação na rede social X: "Meus sentimentos àqueles que perderam entes queridos na explosão em Délhi no início desta noite. Que os feridos se recuperem o mais rápido possível."

*Com informações de agências internacionais.