Governo respeita Alcolumbre e repele insinuações de fisiologismo com Senado, diz Gleisi

Política
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A ministra das Relações Institucionais respondeu no X a nota divulgada mais cedo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em que ele acusou setores do Executivo de criarem a "falsa impressão" de que a atual crise entre os Poderes pode ser resolvida por "ajustes fisiológicos".

Gleisi disse que o governo jamais consideraria rebaixar a relação institucional com o presidente do Senado a "qualquer espécie de fisiologismo ou negociações de cargos e emendas". "O governo repele tais insinuações, da mesma forma que fez o presidente do Senado em nota na data de hoje, por serem ofensivas à verdade, a ambas as instituições e a seus dirigentes", disse a ministra na rede social.

Gleisi defendeu que o critério de mútuo respeito institucional guiou a indicação pelo governo e apreciação, pelo Senado, de dois dos atuais ministros do STF, do procurador-geral da República e de diretores do Banco Central e agências reguladoras. "Todos esses processos transcorreram com transparência e lealdade de ambas as partes, respeitadas as prerrogativas do Executivo na indicação dos nomes e do Senado Federal na apreciação dos indicados.", completou.

A nota de Alcolumbre foi divulgada após a publicação de matérias na imprensa que relataram que ele estaria usando sua insatisfação com a indicação do nome do Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para obter vantagens do Executivo.

Sem citar Messias, Alcolumbre disse que o Senado tem a prerrogativa de escolher o indicado ao STF, "aprovando ou rejeitando o nome". "Se é certa a prerrogativa do Presidente da República de indicar ministro ao STF, também o é a prerrogativa do Senado de escolher, aprovando ou rejeitando o nome. E é fundamental que, nesse processo, os Poderes se respeitem e que cada um cumpra seu papel de acordo com as normas constitucionais e regimentais", completou.

O senador afirmou também que o fato de o Executivo ainda não ter enviado para o Senado a mensagem com a indicação de Messias parece ser uma "interferência indevida" no cronograma estabelecido pela Casa, que marcou a sabatina para o dia 10 de dezembro. Nos bastidores, integrantes do governo disseram que o prazo é curto e pode demonstrar uma tentativa de Alcolumbre de reduzir o prazo da campanha de Messias pelos votos dos senadores.

Ele acrescentou que definir o cronograma de votação é prerrogativa do Senado. "O prazo estipulado para a sabatina guarda coerência com a quase totalidade das indicações anteriores e permite que a definição ocorra ainda em 2025, evitando a protelação que, em outros momentos, foi tão criticada".

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Como parte dos exames preventivos do presidente dos EUA, Donald Trump, o médico do republicano, Sean Barbabella, afirmou que a saúde do mandatário está em "estado perfeito" e que uma avaliação detalhada é padrão para um exame físico na idade de Trump.

Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, 01, pela Casa Branca, Barbabella pontuou que a imagem cardiovascular do presidente está "perfeitamente normal" e não há evidência de estreitamento arterial prejudicando o fluxo sanguíneo ou anormalidades no coração ou vasos principais.

"As câmaras do coração estão normais em tamanho, as paredes dos vasos parecem lisas e saudáveis, e não há sinais de inflamação ou coagulação. No geral, seu sistema cardiovascular mostra excelente saúde", acrescentou.

O documento ainda diz que as imagens abdominais estão normais, sem preocupações agudas ou crônicas.

Dois candidatos conservadores estavam praticamente empatados na liderança da disputa presidencial em Honduras, com cerca de 55% dos votos apurados na manhã desta segunda-feira, 1º, segundo resultados preliminares e parciais.

O Conselho Nacional Eleitoral informou que menos de 5 mil votos separavam Nasry Asfura, do Partido Nacional, que tinha 40% dos votos na apuração inicial, e Salvador Nasralla, do Partido Liberal, tinha cerca de 39,78%. Rixi Moncada, do partido de esquerda governista Libre, escolhida como sucessora pela presidente hondurenha Xiomara Castro, estava atrás, com 19,18%.

Tanto Asfura quanto Nasralla afirmaram após a votação no domingo, 30 de novembro, que ainda era cedo para declarar vitória. Após a euforia inicial nas sedes de campanha de ambos os partidos, as ruas da capital estavam geralmente tranquilas durante a noite, enquanto a contagem avançava lentamente. Já Moncada havia afirmado que não aceitaria a apuração preliminar por suspeitar de manipulação.

A votação ocorreu poucos dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter declarado apoio a Nasry Asfura e anunciado que concederia indulto a um ex-presidente hondurenho.

Quem é Nasry Asfura?

Nasry Asfura, conhecido como "Tito", é um empresário da construção civil e ex-prefeito de Tegucigalpa, capital de Honduras. Ele tem 67 anos e candidatou-se a presidente como um político pragmático, destacando seus populares projetos de infraestrutura.

Apenas alguns dias antes da votação, Trump declarou apoio a Asfura, dizendo que ele lutaria contra os "narcocomunistas" junto com os Estados Unidos e que era o único candidato hondurenho com quem seu governo trabalharia.

"Tito e eu podemos trabalhar juntos para combater os narcocomunistas e levar a ajuda necessária ao povo de Honduras", escreveu Trump. A declaração agitou a eleição, assim como as acusações de interferência e fraude eleitoral, que lembraram muitos hondurenhos da eleição acirrada de 2017, quando os militares foram mobilizados para conter os protestos.

Após receber o apoio do presidente americano, Asfura publicou nas redes sociais uma imagem triunfante dele mesmo, de Trump e do presidente de direita da Argentina, Javier Milei.

Trump também anunciou que perdoaria o impopular ex-presidente Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, de Asfura, que foi condenado por tráfico de drogas em um tribunal federal americano no ano passado. Ele havia sido extraditado para os Estados Unidos em 2022 e cumpre um ano de uma sentença de 45 anos em uma prisão americana.

Trump ainda atacou Nasralla e Moncada, alertando que eles poderiam levar Honduras pelo mesmo caminho da Venezuela.

Nasralla, um comentarista esportivo de 72 anos, fez campanha com vários partidos ao longo dos anos e chegou a integrar a chapa da atual presidente Xiomara Castro há quatro anos. Mesmo em sua quarta candidatura à presidência, ele continua a se apresentar como um outsider que vai combater a corrupção.

Rixi Moncada, advogada e ex-ministra da Fazenda e da Defesa, é a candidata do partido governista de esquerda, o Libre. O partido venceu a presidência de forma decisiva em 2021, com os hondurenhos rejeitando o partido conservador do presidente que terminava o mandato, Juan Orlando Hernández - o homem a quem Trump prometeu conceder perdão.

Alguns eleitores ecoaram os alertas de Trump de que Moncada poderia levar Honduras a se tornar outra Venezuela, porque a atual presidente, Xiomara Castro, manteve uma relação cordial com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, enquanto simultaneamente trabalhava com o governo Trump em questões de segurança e imigração.

Quando Trump apoiou Asfura, alegou que Nasralla, que está em segundo lugar nos resultados preliminares da eleição, estava secretamente em conluio com o partido governista de Castro, que Trump chamou de "os comunistas". Um membro do Libre, Enrique Reina, negou que seu partido fosse comunista.

Após o apoio de Trump a Asfura, os outros dois candidatos repudiaram o gesto e tentaram capitalizar em cima do plano de Trump de perdoar Hernández. Moncada, a candidata do governo atual, aproveitou a oportunidade para associar seus oponentes de direita a Hernández. "Vocês, oligarcas, serão derrotados amanhã, juntamente com o seu narcotraficante Juan Orlando Hernández", disse ela em um discurso um dia antes da votação.

Asfura, a escolha de Trump, enfrentou uma situação mais delicada. Especialistas disseram que, embora o apoio de Trump pudesse ajudá-lo, o perdão poderia ter o efeito oposto. Corria o risco de associar Asfura, na mente dos eleitores, a Hernández, uma figura amplamente impopular cuja extradição para os Estados Unidos em 2022 foi comemorada com fogos de artifício.

As etapas finais da campanha presidencial foram dominadas pelas acusações mútuas de fraude eleitoral entre os três principais candidatos, levando observadores hondurenhos e internacionais a alertarem que isso poderia estar minando a credibilidade do processo.

Analistas previram resultados contestados. A União Europeia e a Organização dos Estados Americanos manifestaram preocupação com a integridade da eleição. Christopher Landau, subsecretário de Estado dos EUA, disse que o governo Trump responderia "rápida e decisivamente" a qualquer tentativa de minar o processo eleitoral.

*Com informações de agências internacionais.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

As conversas sobre o plano dos Estados Unidos para pôr fim ao conflito na Ucrânia, realizadas na Flórida desde domingo, 30, com os ucranianos resultaram em avanços significativos, mas alguns temas requerem ajustes, declarou o negociador de Kiev, Rustem Umerov.

"Durante dois dias muito produtivos nos Estados Unidos, alcançamos avanços significativos, embora alguns pontos ainda necessitem de ajustes adicionais", afirmou no Facebook, acrescentando que havia concordado com a parte americana em manter um contato constante.

Os Estados Unidos apresentaram há dez dias um projeto em 28 pontos, redigido sem os aliados europeus de Kiev e que posteriormente foi emendado após reuniões com europeus e ucranianos em Genebra. Desde então, têm intensificado os contatos diplomáticos para finalizá-lo.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, saiu da reunião de Miami no domingo dizendo que as conversas foram muito produtivas, mas reconheceu que havia muito trabalho a ser feito. Donald Trump, no entanto, mostrou otimismo e estimou que Rússia e Ucrânia desejam pôr fim ao conflito.

A barreira, porém, é o outro lado, já que a Rússia não se mostra muito disposta a aceitar um acordo de paz. O próximo passo após a conversa com os ucranianos é a delegação americana viajar para Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou nesta que o presidente russo, Vladimir Putin, se reunirá com o enviado presidencial dos EUA, Steve Witkoff, na terça-feira, 2.

O papel de Witkoff nos esforços de paz foi alvo de escrutínio na semana passada, após uma reportagem que revelou que ele teria instruído o assessor de assuntos exteriores de Putin sobre como o líder russo deveria apresentar a Trump o plano de paz para a Ucrânia.

Zelenski encontra europeus

Ao mesmo tempo, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, conversou nesta segunda-feira, 1º, com seus pares europeus, liderados pelo francês Emmanuel Macron, para tentar influenciar no plano de Trump.

Zelenski viajou a Paris após as forças russas realizarem em novembro seu maior avanço na frente na Ucrânia em um ano, segundo análise da AFP com base nos dados fornecidos pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).

O mandatário ucraniano, politicamente enfraquecido por um escândalo de corrupção que envolve seu governo, está sob pressão de Washington para alcançar uma solução para o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Um plano para pôr fim ao conflito "só pode ser finalizado" com Kiev e os europeus "à mesa", advertiu em coletiva de imprensa o presidente francês, para quem "hoje em dia não há propriamente um plano finalizado".

Sobre uma eventual divisão de territórios, "só o presidente Zelenski pode finalizá-lo" e, sobre os ativos russos congelados, as garantias de segurança à Ucrânia ou sua adesão à União Europeia, é necessária a presença dos europeus, detalhou. "Mas quero elogiar os esforços de paz dos EUA", disse Macron.

O plano inicial dos Estados Unidos previa que as forças ucranianas se retirassem completamente da região oriental de Donetsk, e implicava por parte de Washington um reconhecimento de fato das regiões de Donetsk e Luhansk e da península da Crimeia como russas.

Além disso, este plano, considerado muito favorável a Moscou, exigia que a Ucrânia reduzisse suas forças armadas e incluísse em sua Constituição que não se uniria à Otan.

Os europeus esperam que a administração americana não sacrifique a Ucrânia, considerada uma fortaleza contra as ambições russas na Europa.

Os europeus se oporão a uma "paz imposta" à Ucrânia, assegurou o chanceler alemão, Friedrich Merz, que também conversou remotamente com Zelenski e Macron, assim como seus pares do Reino Unido, Polônia e Itália, e os líderes da UE e da Otan, entre outros.

Macron afirmou que os próximos dias serão marcados por "discussões cruciais" entre autoridades americanas e parceiros ocidentais. O objetivo dessas discussões é esclarecer a participação dos EUA nas garantias de segurança a serem oferecidas à Ucrânia após um possível cessar-fogo ou acordo de paz, disse ele.

*Com informações de agências internacionais.