O presidente ucraniano Volodmir Zelenski se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira, 1º, no Palácio do Eliseu, em Paris, em uma série de encontros diplomáticos visando negociar os termos de um possível cessar-fogo na guerra que devastou a Ucrânia por quase quatro anos.
A visita de Zelenski a Paris ocorreu após um encontro entre oficiais ucranianos e americanos na Flórida, no domingo, 30, que o secretário de Estado, Marco Rubio, descreveu como produtivo. Ambos os lados esforçaram-se para revisar um plano proposto pelos EUA, desenvolvido em negociações entre Washington e Moscou, mas que foi criticado por ser muito favorável às exigências russas.
Essas críticas vieram, talvez, mais fortemente dos aliados europeus da Ucrânia, que, apesar de acolherem bem os esforços de paz dos EUA, rejeitaram princípios fundamentais do plano. Antes de seu encontro com Zelenski na segunda-feira, o gabinete de Macron afirmou que ambos os líderes discutiriam as condições para uma "paz justa e duradoura".
Desde então, o presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou a importância do acordo de paz de 28 pontos, que imporia limites ao tamanho das forças armadas da Ucrânia, impediria o país de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e exigiria que a Ucrânia cedesse território, classificando-o como um "conceito" a ser "aperfeiçoado".
Na semana passada, Macron - um importante aliado da Ucrânia, que tem apoiado firmemente Kiev e buscado contrabalançar elementos do plano de paz dos EUA considerados favoráveis à Rússia - instou os aliados ocidentais a darem à Ucrânia garantias "firmes como rocha" caso se chegasse a um cessar-fogo ou a um acordo de paz. Ele advogou por enviar uma "força de segurança" por terra, mar e ar para ajudar a garantir a segurança do país.
Entretanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou nesta segunda-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, encontraria-se com o enviado presidencial dos EUA, Steve Witkoff, na tarde de terça-feira, 2.
A participação de Witkoff nos esforços de paz foi escrutinada na semana passada, após uma reportagem revelar que ele teria instruído o conselheiro de Putin para assuntos exteriores sobre como o líder russo deveria apresentar o plano de paz para a Ucrânia a Trump. Tanto Moscou quanto Washington minimizaram a importância dessas revelações.
Rússia condena os ataques ucranianos na infraestrutura energética
Nesta segunda-feira, Peskov condenou os ataques ucranianos à infraestrutura petrolífera russa durante o fim de semana, incluindo um ataque a um terminal petrolífero pertencente ao Consórcio do Oleoduto do Cáspio (CPC) e outro que visou dois navios-tanque em águas turcas.
Um importante terminal petrolífero próximo ao porto de Novorossiysk interrompeu suas operações no sábado, 29, após um ataque com embarcações não tripuladas danificar um de seus três pontos de amarração, segundo um comunicado do CPC, proprietário do terminal. O incidente ocorreu um dia depois de drones da Marinha ucraniana atingirem dois petroleiros no Mar Negro, supostamente parte da "frota paralela" russa que contorna as sanções.
A Ucrânia confirmou no sábado ter realizado os ataques. Peskov descreveu ambos os incidentes como "ultrajantes". "Ataques como esses, feitos por drones ucranianos contra instalações de infraestrutura crítica, são uma prática comum", disse Peskov, ao comentar sobre o ataque ao terminal do CPC. "É ultrajante, pois estamos falando de uma instalação internacional."
Além disso, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as forças russas destruíram 32 drones ucranianos durante a noite. Os drones foram derrubados em 11 regiões russas, assim como no Mar de Azov, de acordo com o ministério.
Um prédio de apartamentos foi danificado durante um ataque ucraniano à cidade de Kaspiysk, na região russa do Daguestão, informou o governador local, Sergei Melikov. Situada às margens do Mar Cáspio, perto da fronteira da Rússia com o Azerbaijão, a cidade está a mais de 1.000 quilômetros da linha de frente.
Ataque diurno em cidade ucraniana
Um ataque russo com mísseis por volta do meio-dia desta segunda-feira, pelo horário local, matou quatro pessoas e feriu outras 40, sendo onze delas gravemente, na cidade de Dnipro, no leste do país, informou o chefe da administração regional, Vladyslav Haivanenko.
O ataque atingiu o centro da cidade, danificando quatro prédios residenciais, uma instituição de ensino e o armazém de uma organização humanitária, disse o prefeito de Dnipro, Boris Filatov, acrescentando que as operações de busca e resgate estavam em andamento.
A Força Aérea da Ucrânia reportou que a Rússia lançou 89 drones de ataque e distração durante a noite de domingo, antes do ataque a Dnipro, dos quais 63 foram derrubados ou tiveram seus sinais bloqueados.
No total, em novembro, a Rússia lançou 100 mísseis de vários tipos e 9.588 drones de reconhecimento e ataque contra a Ucrânia, de acordo com o relatório mensal da Força Aérea publicado nesta segunda-feira.