Acordo da Ecovias trava; SP deixa de receber R$ 700 milhões

Política
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Apontada como o maior acordo de não persecução civil assinado no Estado de São Paulo, a leniência fechada pela empresa Ecovias (e sua matriz, a EcoRodovias) com o Ministério Público paulista sobre ação de cartel nas concessões estaduais rodoviárias está travada, há um ano, à espera de definições por parte do governo João Doria (PSDB). O acordo prevê o pagamento de R$ 650 milhões - atualizado, o valor já supera R$ 700 milhões - em obras e até descontos em pedágios.

O acordo de leniência foi assinado em 6 de abril do ano passado, após negociações que tiveram início em 2019, mas até agora não foi homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CNMP) e pela Justiça. A empresa havia relatado ações ilegais - como simulação de competição em licitações - em 12 concessões rodoviárias, realizadas durante os governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB.

Em troca, obteve a garantia de que não seria alvo de ações por improbidade administrativa nem de outros processos de natureza civil propostos pelo Ministério Público paulista. Além disso, faria o pagamento da multa, que, se fosse quitada hoje, ultrapassaria o montante de R$ 700 milhões.

O governo do Estado recebeu, em 20 de janeiro, um ofício do Conselho Superior do MP questionando se estava de acordo com os termos em que o acordo foi firmado: obras de melhoria no trecho urbano da Rodovia Anchieta, estimadas em R$ 450 milhões; desconto de 10% no valor do pedágio no período noturno, até que o montante descontado atinja R$ 150 milhões; e pagamento dos valores restantes diretamente ao governo do Estado, em seis parcelas.

A resposta do governo, entretanto, ocorreu apenas 60 dias depois do recebimento do ofício, e se deu por meio de informes de que a gestão Doria não havia participado nem das negociações sobre a leniência nem dos cálculos que levaram à composição dos valores a serem pagos pela concessionária. Pessoas próximas às negociações afirmaram esperar que os entraves sejam superados até a semana que vem.

No ano passado, a Secretaria Estadual de Logística e Transportes foi consultada sobre o que fazer com os recursos. O governo não foi informado do conteúdo do acordo nem de nenhum detalhe das investigações, mas esteve em reuniões organizadas por integrantes da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público para indicar obras mais estratégicas a serem executadas com eventual aporte de recursos inesperados.

Sem a homologação, além de o Estado permanecer sem os pagamentos - no momento em que a crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus se agrava -, as informações trazidas pela empresa não são consideradas válidas para outros processos civis.

"O acordo contém outras disposições, como a cooperação da Companhia (EcoRodovias) e da Ecovias na produção de provas e a adoção de medidas de aprimoramento de controles internos", diz o comunicado da empresa publicado na ocasião da assinatura do acordo.

Todas as negociações estão em sigilo. Nem o governo do Estado nem o Ministério Público estadual quiseram fazer comentários sobre o caso. Integrantes do governo paulista ouvidos pelo Estadão, no entanto, negaram que a demora na devolutiva tenha sido causada por alguma ação intencional, apontando questionamentos naturais feitos por procuradores.

A leniência, favorecida pela Lei Anticrime, que entrou em vigor em 2019, se deu como solução para três inquéritos que estavam em andamento no Ministério Público, tendo a Ecovias como alvo. O mais antigo havia sido instaurado em 2014 e os outros dois eram de 2018. O acordo foi classificado pela Ecovias como "solução consensual" para as três investigações.

Operação Lava Jato

Em 2019, a EcoRodovias já havia firmado um acordo de leniência com promotores públicos federais, integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. Na ocasião, a empresa admitiu ter feito repasses no valor de R$ 35 milhões em propinas para agentes públicos paranaenses. Em troca, segundo relatos, foi favorecida em contratos de concessão rodoviária naquele Estado.

O acordo envolveu a obrigatoriedade de pagamento de R$ 400 milhões ao Estado, divididos parte na execução de obras, parte na redução dos valores cobrados nas praças de pedágio - termos semelhantes ao acordo fechado com o Ministério Público paulista.

Em São Paulo, a Ecovias administra as concessionárias Anchieta e Imigrantes. A empresa gerencia, ao todo, dez contratos de concessão rodoviária e um de concessão portuária em seis Estados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Um caça sul-coreano lançou acidentalmente oito bombas em uma área civil durante um treinamento nesta quinta-feira, 6, ferindo sete pessoas. As bombas MK-82 lançadas "anormalmente" pelo caça KF-16 caíram fora do alcance de tiro, causando danos civis não especificados, disse a força aérea em comunicado.

A nota informa ainda que a força aérea estabelecerá um comitê para investigar por que o acidente aconteceu e examinar a escala dos danos. O jato estava participando de exercícios de tiro real conjuntos junto ao Exército.

A Força Aérea pediu desculpas por causar danos civis e expressou esperanças por uma rápida recuperação dos feridos além de oferecer ativamente indenização e outras medidas necessárias para as vítimas.

O comunicado não detalhou onde o acidente aconteceu, mas a mídia sul-coreana relatou que as bombas foram lançadas em Pocheon, uma cidade perto da fronteira com a Coreia do Norte.

A agência de notícias Yonhap relatou que cinco civis e dois soldados ficaram feridos. A agência disse que as condições de dois dos feridos eram sérias, mas não fatais.

A afirmação de Donald Trump, em seu discurso ao Congresso, na terça-feira, 4, de que a Groenlândia será dos EUA "de uma forma ou de outra", foi criticada ontem pelos líderes políticos groenlandeses. Naaja Nathanielsen, ministra de Recursos Naturais e Justiça da ilha, que pertence à Dinamarca, disse que as falas mostram uma "falta de respeito" com as pessoas.

O premiê Mute Egede voltou a dizer que a ilha não está à venda. "Os americanos e seu presidente deveriam entender isso", disse. De acordo com uma pesquisa encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske, em janeiro, 85% dos groenlandeses não querem que a Groenlândia faça parte dos EUA.

A Suprema Corte dos EUA rejeitou nesta quarta-feira, 5, o pedido de Donald Trump para congelar US$ 2 bilhões em ajuda externa, parte dos esforços do governo para cortar gastos. Foi a primeira grande decisão do tribunal contra a Casa Branca desde a volta do presidente ao poder. Isso ocorreu apesar de Trump ter indicado três dos nove juízes, formando uma maioria conservadora de 6 a 3.

Ontem, o recurso de Trump foi negado por 5 votos a 4 - os conservadores John Roberts e Amy Coney Barrett se juntaram às três magistradas progressistas para manter a decisão de uma instância inferior exigindo que o governo fizesse pagamentos em contratos que já foram concluídos, invalidando o decreto assinado em 20 de janeiro, que suspendia a ajuda internacional por 90 dias.

Na decisão, a Suprema Corte determina que o juiz federal Amir Ali, que ordenou o restabelecimento dos pagamentos pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e pelo Departamento de Estado, esclareça "quais obrigações o governo deve cumprir".

"Um único juiz de um tribunal distrital, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder irrestrito de obrigar o governo dos EUA a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", argumentou o conservador Samuel Alito, na declaração dissidente, assinada pela minoria. "A resposta a essa pergunta deveria ser um enfático 'não', mas a maioria deste tribunal, aparentemente, pensa o contrário. Estou chocado."

Cortes de gastos

O governo suspendeu a ajuda externa no dia da posse de Trump. Beneficiários e ONGs entraram com duas ações judiciais contestando o congelamento dos fundos, alegando inconstitucionalidade - as dotações orçamentárias são um poder do Congresso e cabe ao Executivo apenas cumpri-las.

Os grupos que contestaram o governo argumentaram que os fundos congelados causariam uma série de crises, ameaçando cuidados médicos essenciais ao redor do mundo, deixando alimentos apodrecendo em armazéns, arruinando negócios, colocando em risco a propagação de doenças e causando instabilidade política.

"É devastador o impacto dessa conduta ilegal em empresas grandes e pequenas, forçadas a encerrar seus programas e demitir funcionários; em crianças famintas ao redor do mundo que ficarão sem nada; em populações ao redor do mundo enfrentando doenças mortais; e em nossa ordem constitucional", escreveram os advogados do Global Health Council, organização que representa grupos de saúde, em um dos processos.

O juiz Amir Ali, do Tribunal Distrital Federal em Washington, nomeado pelo presidente Joe Biden, emitiu uma ordem de restrição temporária, em 13 de fevereiro, proibindo funcionários do governo de suspender os pagamentos alocados antes de Trump assumir o cargo. Na decisão, ele disse que o governo não ofereceu nenhuma explicação para a suspensão total da ajuda que o Congresso havia determinado.

A Casa Branca alegou que tinha o direito de analisar caso a caso as doações e contratos de ajuda e interromper ou aprovar os gastos. Em uma decisão de 25 de fevereiro, o juiz Ali ordenou que o governo pagasse US$ 1,5 bilhão em trabalhos de ajuda já concluídos. Ele estabeleceu um prazo até meia-noite do dia seguinte. Em resposta, o Departamento de Justiça entrou com um recurso de emergência na Suprema Corte, alegando que o juiz havia excedido sua autoridade - argumento rejeitado ontem.

Campanha

O presidente está decidido a cortar gastos do governo federal com a ajuda do homem mais rico do mundo e maior doador de sua campanha, Elon Musk. Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da Usaid, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países e é responsável por mais de 40% da ajuda humanitária mundial.

Em decreto assinado em 20 de janeiro, Trump suspendeu temporariamente milhares de programas para avaliar se eles estão "totalmente alinhados com a política externa do presidente dos EUA". No passado, ele já disse que a Usaid é "administrada por lunáticos radicais", enquanto Musk descreveu a agência como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.