Bolsonaro vai palestrar em evento de organização associada ao ataque ao Capitólio

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ex-presidente Jair Bolsonaro irá palestrar em um evento, em Miami, realizado por uma organização nos Estados Unidos associada ao ataque ao Capitólio, promovido por uma turba de apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021 para tentar impedir a certificação da eleição de Joe Biden. A Turning Point USA, que promoverá evento com Bolsonaro na sexta-feira, 3, foi fundada pelo americano Charlie Kirk, apontado nos EUA como parte da engrenagem que ajudou a financiar o comício de Trump que precedeu a invasão do Congresso americano.

Aos 29 anos, Kirk é um dos agitadores políticos da extrema direita americana mais bem sucedidos. Além de aparecer em listas dos perfis com maior capacidade de influência na disseminação de desinformação, ele arrecada dinheiro de doadores para manter as operações de suas organizações, a Turning Point USA e a Turning Point Action - a segunda é um braço político da primeira. Em 2020, ele foi um dos responsáveis pela disseminação da teoria de que houve fraude nas eleições americanas e, em 6 de janeiro de 2021, apoiou a realização do ato em Washington com Trump.

Através das redes sociais, ele encorajou as pessoas a participarem do comício de Trump naquela data - depois do qual os presentes marcharam até o Congresso americano e invadiram o prédio, na tentativa de impedir a realização de sessão que confirmava a vitória de Biden. Em seu programa de rádio, no mesmo dia, chegou a dizer que a data seria "o mais importante dia que irá determinar o futuro da República". Também ajudou a disseminar a informação falsa de que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, tinha poderes para unilateralmente descartar a certificação da eleição.

Investigações conduzidas nos EUA, no entanto, apontam uma questão mais grave: o possível envolvimento de Kirk com a teia de financiamento do ato. A Turning Point Action foi listada em um site que promoveu o evento como uma das envolvidas na organização. Kirk chegou a publicar, também em conta nas redes sociais, que havia pago 80 ônibus que levariam americanos de diferentes regiões do país a Washington, para "lutar pelo presidente". A publicação foi apagada depois da invasão do Capitólio e as informações mais recentes, segundo a imprensa americana, apontam que o número estava superestimado e que Kirk pode estar por trás do financiamento de sete ônibus, responsáveis por levar 350 ativistas à capital americana.

Uma reportagem de dezembro do jornal Washington Post revelou que "grupos sob a direção" de Kirk receberam US$ 1,25 milhão e que o dinheiro estava destinado a financiar atividades de protesto em 6 de janeiro. Um dos pagamentos, segundo o jornal, foi para Kimberly Guilfoyle, noiva do filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr, de quem Kirk é próximo. A Turning Point Action, ainda segundo o Washington Post, pagou US$ 60 mil para Guilfoyle participar do comício pró-Trump do dia 6, no qual o ex-presidente convocou seus apoiadores a "lutarem como o inferno".

Chamado a depor perante o comitê do Congresso americano que investigou o ataque golpista, Kirk invocou seu direito de permanecer calado e não respondeu aos legisladores nem mesmo qual é sua idade. Os parlamentares finalizaram o trabalho de investigação e recomendaram à Justiça que Trump seja acusado por insurreição. As investigações conduzidas pela Justiça americana sobre o ataque ao Capitólio ainda estão em andamento.

O evento com Bolsonaro foi divulgado por Kirk em suas redes sociais e também por Carlos Bolsonaro. "O Brasil se tornou um campo de batalha fundamental no confronto global entre o poder do povo e a tirania de uma máquina globalista corrupta", escreveu Kirk no Twitter, após anunciar o evento com o ex-presidente do Brasil.

Kirk é próximo da família Trump e foi o responsável pela abertura da convenção republicana de 2020, que confirmou o ex-presidente como candidato republicano à reeleição. Reportagem do jornal Washington Post revelou que a Turning Point USA montou uma estrutura doméstica em Phoenix, no Arizona, de recrutamento de jovens pagos para amplificar alcance de mensagens conservadoras e de informação falsa nas redes sociais. "Misturando, combinando e torcendo os fatos, Kirk veio para exemplificar uma nova geração de agitador político que floresceu desde a eleição de 2016, caminhando na linha entre a opinião conservadora dominante e a desinformação completa", descreveu o jornal The New York Times.

Investigado no Brasil por possível incitação aos atos golpistas do último dia 8 de janeiro, durante os quais o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e o Palácio do Planalto foram invadidos e depredados, Bolsonaro não tem data para voltar dos Estados Unidos, para onde viajou dois dias antes do fim de seu mandato. Bolsonaro deu entrada no processo para trocar de visto nos Estados Unidos e permanecer no país na condição de turista, segundo o escritório de advocacia AG Immigration, responsável pela condução do caso. Fora da Presidência e com o fim do prazo para uso do visto oficial concedido a chefes de Estado, o brasileiro agora quer permanecer na Flórida com visto de turista, que pode dar direito a mais seis meses de estadia no país.

Em outra categoria

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, tentou e falhou três vezes em se tornar presidente. Agora, mesmo com sua popularidade em alta, pode ser impedida de participar de uma eleição para liderar a França se for considerada culpada de desvio de fundos na segunda-feira, 31.

Ela classificou o julgamento como sua "morte política". Le Pen e outros 24 oficiais do partido Reagrupamento Nacional são acusados de terem usado dinheiro destinado a auxiliares do Parlamento Europeu (cerca de R$ 27 milhões) para, em vez disso, pagar funcionários da legenda entre 2004 e 2016, violando as regras do bloco.

Entre as punições previstas em caso de condenação, ela pode ser proibida de concorrer a cargos públicos por cinco anos. Se a líder da extrema direita francesa recorrer, será automaticamente concedido novo julgamento, mas provavelmente será realizado em 2026, apenas meses antes da eleição prevista para 2027.

Alguns políticos influentes do país expressaram o temor de que tal impedimento possa prejudicar a democracia francesa ao alimentar a suspeita de que a decisão é tendenciosa contra as crescentes forças da extrema direita. "Madame Le Pen deve ser combatida nas urnas, e não em outro lugar", escreveu Gérald Darmanin, ex-ministro do Interior de centro-direita, no X, em novembro. Ele agora é o ministro da Justiça.

Força de Le Pen

Le Pen direcionou seu partido anti-imigração de suas raízes antissemitas para o mainstream. Hoje, é a maior legenda individual na Assembleia Nacional, com 123 cadeiras.

Agora legisladora na Assembleia Nacional, Le Pen já se posicionou como candidata para suceder o presidente Emmanuel Macron. Ela foi derrotada por ele duas vezes no segundo turno.

Em 2022, Macron venceu o pleito com 58,5% dos votos contra 41,5% de Le Pen. Esta foi a melhor pontuação da extrema direita francesa em uma candidatura presidencial.

A inelegibilidade "teria o efeito de me privar de ser uma candidata presidencial", ela alegou. durante o julgamento. "Por trás disso, há 11 milhões de pessoas que votaram no movimento que represento. Então, amanhã, potencialmente, milhões e milhões de franceses se verão privados de seu candidato na eleição". (Com agências internacionais).

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu neste domingo, 30, que o grupo terrorista Hamas se desarme. Caso os terroristas aceitem a demanda, os líderes do Hamas poderão deixar a Faixa de Gaza. Israel retomou seus bombardeios aéreos e sua ofensiva terrestre no enclave palestino no dia 17 de março, após uma frágil trégua de dois meses.

"Com relação ao Hamas em Gaza, a pressão militar funciona. Podemos ver que rachaduras estão começando a aparecer nas exigências do grupo nas negociações", declarou Netanyahu no início de uma reunião de gabinete. "O Hamas deve entregar suas armas. Seus líderes então poderão sair do território".

As declarações de Netanyahu coincidem com a tentativa dos países mediadores - Egito, Catar e Estados Unidos - de voltar a negociar um cessar-fogo e garantir a libertação dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza.

Nova proposta

Um oficial do gabinete político do grupo terrorista Hamas afirmou no sábado, 29, que o grupo aceitou nova proposta de cessar-fogo apresentada por mediadores do Egito. Israel recebeu o texto e enviou uma contraproposta em coordenação com os Estados Unidos.

Segundo a proposta, o grupo terrorista Hamas deve libertar cinco reféns israelenses vivos, em troca de 50 dias de trégua e a libertação de prisioneiros palestinos. Corpos de reféns de Israel também seriam devolvidos durante a trégua.

Ainda há 59 reféns israelenses no cativeiro do Hamas. Israel acredita que apenas 24 estejam vivos, mas deseja a volta dos corpos dos sequestrados para que os familiares enterrem propriamente seus entes queridos.

Por meio de relatos de reféns libertados, famílias de pelo menos 13 sequestrados receberam informações de que seus parentes estão vivos desde o início do cessar-fogo em janeiro. Alguns reféns apareceram em vídeos publicados pelo Hamas, como Evyatar David e Guy Gilboa-Dalal, levados à "cerimônia" de libertação dos outros sequestrados durante a primeira fase da trégua, em sinal claro de tortura psicológica.

O grupo terrorista também publicou um vídeo de despedida dos irmãos argentinos Eitan e Yair Horn antes da libertação de Yair no dia 15 de fevereiro. O Estadão entrevistou o pai dos argentinos, Itzik Horn, para uma reportagem especial de um ano da guerra entre Israel e Hamas.

O conflito começou no dia 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1,2 mil pessoas. Naquele dia, 251 israelenses foram sequestrados pelo grupo terrorista. Após o ataque, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza que deixou mais de 50 mil mortos no enclave palestino, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas.

Netanyahu desafia ordem do TPI

O primeiro-ministro de Israel anunciou neste domingo que irá viajar para a Hungria, no dia 2 de abril. A viagem irá desafiar uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Netanyahu por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.

Durante a visita, o primeiro-ministro de Israel deve se reunir com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e outras altas autoridades húngaras. Ele retornará a Israel no dia 6 de abril.

A Hungria assinou o Estatuto de Roma, o tratado internacional que criou o TPI, em 1999 e o ratificou dois anos depois, durante o primeiro mandato de Orban. No entanto, Budapeste nunca promulgou a convenção associada ao Estatuto de Roma, por razões de conformidade com sua Constituição. Por isso, alega não ser obrigada a cumprir as decisões do TPI. (Com agências internacionais).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a comentar sobre a possibilidade de tentar um terceiro mandato em 2030, o que é proibido pela Constituição americana. Em entrevista à NBC News, o republicano disse que "há métodos para fazer isso", sem esclarecer quais seriam.

Trump disse não estar "brincando" ao abordar a possibilidade de concorrer a mais um mandato presidencial, mas reforçou que "é muito cedo para pensar sobre isso". O presidente americano afirmou que há "muita gente querendo que ele tente ser presidente pela terceira vez. "Mas eu basicamente digo a eles que temos um longo caminho a percorrer, ainda é muito cedo", acrescentou.

A 22ª Emenda da Constituição dos EUA proíbe que uma pessoa ocupe a cadeira presidencial por três vezes, mesmo que não sejam consecutivas. Trump já presidiu os EUA no seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, antes de retornar à Casa Branca neste ano.