Câmara acelera votação da nova lei de improbidade

Política
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Em acordo com líderes partidários na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), pautou para a semana que vem a votação em plenário do polêmico projeto que afrouxa a Lei de Improbidade Administrativa, usada para punir práticas como o nepotismo. A decisão foi tomada sem que se conheça a versão final do texto, ainda não apresentada pelo relator, Carlos Zarattini (PT-SP), e atropela a comissão especial que analisa a proposta desde 2019.

A primeira versão do texto do relator, apresentada no fim do ano passado, foi criticada por entidades que atuam na área de transparência, agentes de órgãos de investigação e até por integrantes do governo, que apontaram possíveis prejuízos no combate à corrupção no País.

Entre as principais alterações propostas por Zarattini está a exclusão do artigo 11 da lei - o dispositivo prevê punições a práticas que afrontem os princípios da administração pública, como o nepotismo, a "carteirada" e até a "furada de fila" da vacinação. Segundo a proposta, apenas condutas que gerem enriquecimento ilícito ou prejuízo aos cofres públicos poderiam ser alvo de processos contra prefeitos e demais gestores.

Zarattini disse ao Estadão que ainda deve apresentar um novo parecer até o início da próxima semana. "Tivemos várias críticas e sugestões e estamos preparando modificações", afirmou. Questionado, ele não respondeu se devolverá o artigo 11 ao texto ou incluirá a possibilidade de punir agentes públicos que violarem os princípios da administração pública.

O autor do projeto, deputado Roberto de Lucena (Podemos-SP), disse ter estranhado o avanço da medida e a ideia de se pautar o texto, na semana que vem, diretamente no plenário, sem que ainda sejam conhecidas as alterações no projeto. É nas comissões especiais que as propostas passam por discussões mais aprofundadas, incluindo a realização de audiências com representantes da sociedade civil.

"Como pode ser isso se não temos ainda o texto publicado com as adequações feitas pelo relator para conhecimento dos parlamentares e da sociedade? É um absurdo. Precisamos ter acesso ao texto do substitutivo e ver o que tem ali. Aliás, por que esse substitutivo não será votado primeiro na comissão especial?", questionou Lucena.

Para o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), presidente da comissão criada em 2019, ainda na gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Casa, o projeto é "controverso", e pular etapas levanta dúvidas sobre a intenção dos parlamentares. "Você não conhecer o texto numa matéria pode aumentar o grau de resistência ou mesmo de incompreensão. Votar na comissão, primeiro, seria importante até do ponto de vista simbólico de que se cumpriu todas as etapas." Ao todo, a comissão comandada por Alencar fez 12 reuniões entre agosto e novembro de 2019, ainda antes da pandemia. Desde então, não se reuniu mais.

Para a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), as mudanças propostas são "substanciais" e precisam de ampla discussão: "O encaminhamento direto para o plenário ensejará uma aprovação de afogadilho e afetará o debate do tema, o que pode representar uma grande ameaça ao combate à corrupção".

'Engessa'

O presidente Jair Bolsonaro apoia a proposta sob o argumento de que a legislação atual "engessa" a atuação de prefeitos, que, segundo ele, deixam de agir em determinados momentos com receio de serem processados. Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR) é um dos principais articuladores para a votação do projeto. Em entrevista ao Estadão, em fevereiro, ele defendeu o fim da punição ao nepotismo, prática de políticos contratarem os próprios parentes para trabalhar no serviço público. "O relatório é o que está no site (a primeira versão do texto de Zarattini). Não tem grandes mudanças. Vai ao plenário. Deve votar na semana que vem", disse Barros ontem.

Segundo o entendimento dos que defendem a mudança na legislação, é preciso evitar casos como a cassação ou a perda de direitos políticos de um prefeito pelo fato de prestar contas fora do prazo, por exemplo.

Em março, o Estadão mostrou que pareceres dos ministérios da Justiça e da Casa Civil sobre o projeto que altera a lei demonstram preocupação de integrantes do governo com prejuízos ao combate à corrupção no País caso a medida seja aprovada. "O texto revoga dispositivos importantes para o combate à improbidade e vai de encontro à finalidade do PL (projeto de lei), que é a de conferir maior eficácia ao combate à corrupção e à malversação dos recursos públicos", diz o relatório da Casa Civil, que recomenda alterações em 44 pontos da primeira versão do texto apresentado por Zarattini.

Outra mudança polêmica prevista no primeiro relatório do petista é a que impede a demissão de agentes públicos, em casos de mudança de cargo. Por exemplo, se um deputado federal, hoje, for condenado em ação de improbidade administrativa, por atos que praticou quando era prefeito, não perderia a função pública.

A Lei de Improbidade estabelece a "perda da função pública" como uma das penas possíveis a condenados nas ações civis de improbidade. Vinte anos depois, a interpretação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) está consolidada no sentido de que não importa o cargo ocupado pelo réu; ele será cassado no fim do processo caso essa pena seja aplicada. Zarattini não informou se essas mudanças serão mantidas na versão final.

O diretor executivo da Transparência Brasil, Manoel Galdino, criticou as alterações propostas e a falta de discussão do texto. "O processo foi pouco transparente e com escasso debate com a sociedade civil e órgãos de controle, já que não houve audiências públicas para debater o substitutivo", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.