Com chefia esvaziada, Ibama quer mexer em regras para remoção de servidores

Política
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No momento em que está com seu presidente e diretores afastados, alvos de investigações pela Polícia Federal, o Ibama decidiu revisar as regras de remoção de seus funcionários em todo o País. Entre os funcionários do órgão responsável por fiscalizar o meio ambiente, o receio é de que a medida implique em perseguição de servidores e mais pressão dentro da autarquia, que é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.

A iniciativa para implantar uma "nova política de remoção no âmbito do Ibama" partiu da Chefia do Serviço de Carreira, Recrutamento e Seleção do órgão federal. No último dia 27 de maio, quando a diretoria do Ibama e seu presidente, Eduardo Fortunato Bim, já tinha sido afastado do cargo, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, uma nota técnica foi emitida pelo órgão, a respeito das mudanças nas regras de remoção.

A solicitação surpreendeu a maior parte dos servidores, uma vez que a instrução normativa que estabelece as regras de remoção do órgão é razoavelmente recente, editada em 2017, e contempla uma série de condições para que o servidor possa ser enviado para trabalhar em diferentes locais do País.

O documento, ao qual a reportagem teve acesso, lembra que a remoção do funcionário pode ser provocada por pedido do próprio servidor ou "de ofício", pela própria administração pública, desde que comprovada a sua real necessidade técnica e atendidos diversos requisitos. Na prática, isso significa que os motivos que levam à remoção compulsória devem ser apenas técnicos e administrativos. Remover um servidor por conflitos pessoais ou divergência de ideias, por exemplo, é um ato ilegal e nulo, que pode ser objeto de ação judicial.

Essa situação já é conhecida no Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que também está ligado ao MMA. Em 2019, o oceanógrafo José Martins da Silva Júnior, teve que recorrer à Justiça Federal de Brasília para suspender sua remoção da área de proteção ambiental de Fernando de Noronha, onde trabalhava há 30 anos, para a Floresta Nacional de Negreiros, no sertão pernambucano.

Martins, que tem formação de mestrado e doutorado na área de oceanografia e trabalha com pesquisa e proteção de mamíferos aquáticos, foi surpreendido com a informação de que teria de deixar Noronha. A notificação ocorreu dias depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer, em julho daquele ano, que o preço das visitações era caro e que as coisas tinham que mudar por ali.

Quando soube que seria removido para o sertão de Pernambuco, Martins tentou argumentar, por meio de um processo administrativo, que não tinha qualquer conhecimento sobre a nova unidade de conservação. Ainda assim, o presidente do ICMBio manteve a sua remoção compulsória. A situação só foi revertida por meio de ação judicial.

O receio, agora, é que mudanças no processo de remoção passem a fragilizar as regras sobre os servidores. A forma como o processo passou a ser feito no Ibama também chama a atenção. Não há sequer uma justificativa na nota técnica que aponte a necessidade de se fazer alterações no regimento de 2017, nem apontamentos sobre o que, especificamente, se pretende mudar.

Até o ano passado, o Ibama contava apenas com 591 agentes ambientais para enfrentar o avanço do crime ambiental, e isso não só na Amazônia, mas em todo o País. Esse quadro de agentes é 55% inferior ao que o instituto detinha dez anos atrás. Em 2010, eram 1.311 fiscais em atuação. O órgão tem uma carência crônica de novas contratações e realização de meio de concurso público, devido ao número crescente de aposentados ano após ano, sem renovação do quadro. Não há previsão, porém, de realização de concursos.

Hoje, a presidência do Ibama é tocada interinamente por Luis Carlos Hiromi Nagao. Tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo, Hiromi foi nomeado diretor de Planejamento, Administração e Logística do Ibama em agosto de 2019, pelo ministro Ricardo Salles.

Com os afastamentos de diretores e coordenadores do órgão ambiental, alvos da Operação Akuanduba, o Ibama está acéfalo em diversas áreas. Além de Eduardo Bim, foram afastados Wagner Tadeu Matiota, superintendente de Apuração de Infrações Ambientais; Olímpio Ferreira Magalhães, diretor de Proteção Ambiental, João Pessoa Riograndense Moreira Junior, diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas; Rafael Freire De Macedo, coordenador-geral de Monitoramento do Uso da Biodiversidade e Comércio Exterior; Leslie Nelson Jardim Tavares, Coordenador de Operações de Fiscalização; André Heleno Azevedo Silveira , Coordenador de Inteligência de Fiscalização; e Artur Vallinoto Bastos, analista ambiental.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

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Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

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Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

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"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

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A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.