Covaxin repete roteiro já investigado

Política
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Pressão de autoridades do Ministério da Saúde, pedido de pagamento antecipado, recusa de servidor em assinar documentos e ingerência externa. Os elementos que fizeram parte do processo de compra da vacina indiana Covaxin, segundo apura a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, não são inéditos na negociação entre a pasta e empresas de Francisco Maximiano, o sócio da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato hoje alvo de investigação.

Em 2017, uma compra de medicamentos de alto custo contra doenças raras da Global Gestão em Saúde, outra empresa de Maximiano, virou alvo do Ministério Público Federal, que a denunciou por participação em um esquema de desvio de recursos públicos. Na ocasião, a Saúde pagou a ele R$ 19,9 milhões antecipadamente pelos remédios, que nunca foram entregues.

Em depoimentos, servidores da pasta relataram suspeitas na aquisição dos remédios, e pontos em comum com o caso da Covaxin, como pedido de pagamento antecipado dos R$ 19,9 milhões à Global; pressão de nome ligado ao Centrão para fazer o pagamento; recusa de um servidor em assinar o pagamento antecipado; ingerência de Maximiano a um servidor do ministério, via e-mails; participação de Thiago Fernandes da Costa, que foi coordenador de Compra por Determinação Judicial da pasta, hoje assessor do Departamento de Imunização de Doenças Transmissíveis.

Cinco anos depois, o chefe da área de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou um roteiro semelhante. Em depoimento à CPI, no dia 25, ele disse ter sofrido "pressões atípicas" para acelerar a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin por R$ 1,6 bilhão - entre eles, Roberto Ferreira Dias, nome ligado ao Centrão e que, até a semana passada, comandava o Departamento de Logística.

Segundo Luis Ricardo, uma fatura que previa pagamento antecipado chegou a ser enviada ao seu setor, mas ele se recusou a assinar e acionou seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF). Documentos entregues pelos irmão à CPI indicaram ainda a participação de Thiago Fernandes na compra da Covaxin. Ele é réu na ação por improbidade administrativa pelo pagamento à Global.

Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR) foi ministro da Saúde entre 2016 e 2018, quando o negócio com a Global foi fechado. A citação a Barros é outro ponto de convergência entre os dois casos. À CPI, Miranda disse que levou as suspeitas ao presidente Jair Bolsonaro em março. Na ocasião, segundo o parlamentar, Bolsonaro se referiu às denúncias como "mais um rolo" de Barros.

Apesar dos pontos em comum, servidores da pasta apontam algumas diferenças entre os casos. No contrato da Global, havia decisão judicial que determinava a compra, o que foi usado como justificativa para autorizar o pagamento antecipado. No caso da Covaxin, havia demanda emergencial, em modalidade criada por lei específica e, até o momento, não houve pagamento.

A defesa de Thiago Fernandes afirmou ele não participou das supostas irregularidades. Procurado, Maximiano não se manifestou. A reportagem não localizou Barros nesta terça-feira, 6. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.