Governo age para controlar comissão do orçamento

Política
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Após a polêmica do orçamento secreto, o governo do presidente Jair Bolsonaro age para ter o controle da Comissão Mista de Orçamento (CMO) no Congresso. O colegiado, responsável por definir as regras e o montante das verbas federais para o próximo ano, período de eleições municipais, deve ser instalado nesta quarta-feira, 7, em meio a uma disputa no Senado para o comando da comissão. Um dos nomes cotados para o cargo é o líder do governo no Legislativo, senador Eduardo Gomes (MDB-TO). Ele disputa a indicação com a senadora Rose de Freitas (MDB-ES).

Revelado pelo Estadão, o orçamento secreto é uma tática montada pelo governo Bolsonaro em 2020 para beneficiar deputados federais e senadores com a indicação da destinação de dinheiro das emendas de relator-geral (também chamadas RP9) em troca de apoio no Congresso. Ao todo, as emendas de relator somaram R$ 20,1 bilhões no orçamento do ano passado.

Enquanto o governo tenta emplacar Gomes como presidente da comissão, dois deputados beneficiados pela estratégia do governo devem atuar como relatores, definindo a destinação das verbas federais de 2022, ano de eleições. Juscelino Filho (DEM-MA) é o favorito para assumir a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Hugo Leal (PSD-RJ) será indicado como relator-geral da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022.

A escolha dos relatores ocorre num momento em que Bolsonaro precisa manter seu apoio no Congresso. O presidente é alvo de inquérito por prevaricação na compra de vacinas e tem visto crescer os atos de rua pedindo o seu impeachment. Os dois deputados que devem dar as cartas nas discussões do Orçamento são aliados do governo e próximos ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Na LDO, os parlamentares querem incluir um dispositivo para garantir a indicação das emendas de relator. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pretende aprovar o projeto até semana que vem. Já na Lei Orçamentária Anual os congressistas estabelecem os valores e o destino dos recursos federais.

Juscelino Filho foi responsável por definir, no ano passado, a destinação de R$ 40 milhões em verbas das emendas de relator-geral vinculadas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Ele indicou recursos para a pavimentação de estradas e construção de pontes no Maranhão, seu reduto eleitoral. Procurado pela reportagem, Juscelino não quis se manifestar sobre o assunto.

Hugo Leal, por sua vez, foi o padrinho de R$ 1,7 milhão empenhado (reservado no orçamento) em obras tocadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, entre elas pavimentação em Itaperuna e construção de um armazém em Teresópolis, ambas no Rio, Estado do deputado. Se ele for efetivamente indicado como relator-geral do Orçamento, será responsável por definir no projeto o montante dessas emendas (RP9) em 2022.

Leal confirmou a autoria das indicações no ano passado, mas nega participação em um "orçamento secreto".

Transparência

De acordo com técnicos do Congresso e do Tribunal de Contas da União (TCU), o modelo adotado na modalidade que ficou conhecida como orçamento secreto cria problemas como a falta de transparência sobre a autoria dessas indicações e de critérios objetivos para distribuição das emendas de relator.

Na quarta-feira passada, o plenário do TCU aprovou as contas do governo Bolsonaro em 2020, mas impôs justamente essas ressalvas à ausência de critérios para o repasse das verbas do orçamento secreto. "A dinâmica é o diálogo, por isso é 'Parlamento'. Se a metodologia de distribuição dos recursos necessitar de aperfeiçoamento, com certeza serei um canal para esta adequação. Mas nunca (isso ocorrerá) da minha cabeça ou de forma exclusiva", afirmou Leal.

Num contraponto à atuação do governo, a senadora Rose de Freitas, cotada para presidir a CMO, tem destacado em conversas reservadas a necessidade de diminuir o poder do relator-geral e aprovar um orçamento factível com a realidade fiscal do País. Rose se somou a uma ala do Congresso que tenta limitar o tamanho das verbas no próximo ano para não dar um "cheque" à campanha de Bolsonaro pelo segundo mandato. A posição da senadora tem irritado partidos do Centrão, que são os mais atuantes na votação da LDO e do Orçamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.