STF anula decisões de Bretas na Operação E$quema S; caso vai para Justiça do Rio

Política
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A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal declarou a incompetência do juízo da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro para processar e julgar ações penais da Operação E$quema S - investigação sobre suposto tráfico de influência e desvios de R$ 151 milhões do sistema S do Rio de Janeiro.

Em sessão realizada na tarde desta terça-feira, 10, os ministros concederam, por maioria, um habeas corpus de ofício declarando a nulidade das decisões proferidas pelo juiz Marcelo Bretas no caso, determinando a remessa dos autos à Justiça fluminense. Caberá à Justiça estadual processar as ações, podendo eventualmente decidir sobre o envio de partes da investigação à Justiça Federal do Distrito Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça.

A Operação E$quema S fez buscas contra advogados conhecidos, entre eles Frederick Wassef, que defende a família Bolsonaro, Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que representam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ana Tereza Basilio, que defende o ex-governador do Rio Wilson Witzel. Quando fase ostensiva da investigação foi aberta, Bretas recebeu denúncia contra 26 pessoas por supostos crimes de organização criminosa, estelionato, corrupção (ativa e passiva), peculato, tráfico de influência e exploração de prestígio.

No julgamento, os ministros retomaram a discussão sobre uma reclamação impetrada na corte pelos conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal, de São Paulo, de Alagoas e do Rio de Janeiro questionavam o ato de Bretas, de homologar a delação de Orlando Santos Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ. - que acabou sendo julgada improcedente.

O entendimento da Segunda Turma do STF sobre o caso foi o de que as entidades do Sistema S não estão sujeitas à competência da Justiça Federal, pois são pessoas jurídicas de direito privado com recursos próprios, que não integram os bens ou o patrimônio da União.

A OAB alegava 'usurpação de competência' do STF, em razão de trechos da colaboração de Diniz envolverem pessoas que possuem foro por prerrogativa de função no Supremo. Ao Ministério Público Federal, o delator citou supostas relações suspeitas entre os advogados denunciados e Ministros do STJ, além de supostos crimes envolvendo Ministros do Tribunal de Contas da União.

As informações prestadas por Diniz serviram como base para a fase ostensiva da investigação, defralagada em setembro para cumprir mandados de busca e apreensão em empresas, escritórios e residências de advogados no Distrito Federal e em cinco Estados.

A argumentação da OAB levou o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, a deferir liminar, em outubro do ano passado, suspendendo todos os processos e medidas cautelares relacionados à 'E$quema S' em tramitação na no juízo da Lava Jato fluminense. No entanto, após analisar a integra do acordo de Diniz, Gilmar não viu provas de houve a investigação de autoridades com foro por prerrogativa de função e dessa forma a competência do caso não seria atraída para o Supremo.

Em voto apresentado em abril, o decano considerou que a Justiça Federal não tinha competência para processar crimes envolvendo as entidades integrantes do 'sistema S', conforme jurisprudência da Corte. Gilmar não viu no caso, 'afetação a qualquer bem, serviço ou interesse da União' e por isso votou por tirar os processos relacionados à investigação da 7ª Vara Federal Criminal. Na ocasião, o ministro ainda defendeu a anulação das buscas cumpridas em setembro de 2020, por entender que as medidas 'buscaram pescar provas' contra advogados já denunciados e 'possíveis novos investigados'.

O julgamento foi retomado nesta terça-feira, 10, com o voto do ministro Kassio Nunes Marques, que havia pedido mais tempo para analisar o caso. Kassio acompanho o entendimento de Gilmar apontando que os acordos de colaboração homologados não implicam direta ou indiretamente autoridades com prerrogativa de foro no STF. O ministro ainda indicou que na sua visão, as buscas cumpridas nos escritórios de advogados foram 'amplas e desarrazoadas'.

O ministro Ricardo Lewandowski também seguiu o entendimento de Kassio e de Gilmar. Ficou vencido o ministro Edson Fachin, que rejeitou a ação por falta de legitimidade dos autores e inadequação da reclamação.

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Ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo disse nesta terça-feira, 25, que o presidente Donald Trump, após ouvir teorias, concluiu que os déficits bilaterais são ruins.

"Ele teve pessoas conversando com ele, ouviu todas as diferentes teorias e, no final, concluiu que déficits comerciais menores, bilaterais com as nações, seriam melhores para os Estados Unidos da América", disse o ex-secretário ao participar nesta terça-feira da CEO Conference, evento anual realizado pelo Banco BTG Pactual. Então ele irá nessa direção", disse Pompeo. "Não há dúvida sobre isso. Existem ideias compensatórias, certamente até dentro da administração", complementou o ex-secretário de Estado.

Para ele, Trump, durante os próximos quatro anos, irá abordar quase todos os países que tenham um déficit comercial material ou excedente comercial com os Estados Unidos, na perspectiva desse país, e procurará corrigi-lo através de alguns meios, sejam tarifas ou a redução de subsídios.

Comércio Norte-Sul

Na avaliação do ex-secretário, a criação de comércio "é realmente algo incrivelmente valioso". Ele disse ter falado sobre o comércio Norte-Sul quando era secretário, e no quanto a iniciativa faz a diferença. "Espero que o secretário Marco Rubio consiga, já que todos dizem que ele é o primeiro secretário de Estado de língua espanhola", afirmou.

Ele acrescentou que está feliz com isso, porque Rubio conhece a região e se preocupa com ela, assim como o presidente Trump.

Segundo ele, o comércio dos Estados Unidos com o México não é bom nem para um país, nem para o outro. "Espero que continue encontrando espaço para fazer o que fez nos primeiros dias. Que venha até a região, ouça, escute, envolva-se de maneira real. E então espero que possamos conseguir que o investimento do setor privado americano venha e faça parte disso. Na verdade, eu vejo isso", disse.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, espera a assinatura de acordo sobre minerais com a Ucrânia logo, disse a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, em coletiva nesta terça-feira, 25, na Casa Branca, citando que não houve novidades em relação ao que o mandatário afirmou na véspera sobre as negociações sobre o tema.

"Um bom acordo significa que os dois lados deixam a mesa um pouco infelizes", disse Levitt, em resposta a uma pergunta sobre se as negociações para a paz na Ucrânia demandarão algum tipo de concessão do lado russo. Em encontro com Trump na véspera, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse, na segunda-feira, que a paz não pode significar rendição da Ucrânia.

Leavitt comentou ainda que o presidente está trabalhando em conjunto com o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk. "DOGE se mostrou bem sucedido em tornar o Executivo mais produtivo", salientou.

Leavitt disse que o pedido para que funcionários públicos listem cinco atividades que fizeram na semana passada em um e-mail para seus chefes serve para confirmar que estão executando o trabalho para o qual são pagos com dinheiro dos contribuintes. Musk ameaçou demitir funcionários que não prestarem conta de suas atividades.

A secretária afirmou ainda que o time de imprensa da Casa Branca definirá quem terá acesso aos briefings e coletivas com o presidente.

O comentário foi feito à luz do impedimento a um jornalista da Associated Press para que tivesse acesso a evento na Casa Branca após agência de notícias se recusar a usar o nome "Golfo da América" no lugar do Golfo do México.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira, 25, que o mundo testemunha um processo de desglobalização, políticas protecionistas, fragmentação comercial, barreiras não econômicas e a reconfiguração das cadeias de suprimentos ameaçam aprofundar as desigualdades globais. Ele fez a citação durante pronunciamento em inglês a sherpas dos 11 membros do Brics, que se reúnem nesta terça-feira e na quarta-feira, 26, em Brasília, conforme áudio obtido pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Os sherpas são os negociadores dos membros do bloco. O embaixador não cita em nenhum momento os Estados Unidos ou o presidente norte-americano, Donald Trump.

Para o chanceler, o Brics deve resistir a essa fragmentação e defender um sistema de comércio multilateral aberto, justo e equilibrado, que atenda às necessidades do Sul Global e promova uma ordem econômica multilateral genuinamente multilateral.

"Um aspecto fundamental dessa transformação é a reforma da arquitetura financeira", defendeu o ministro brasileiro. "O sistema existente foi projetado para uma era diferente e muitas vezes falhou em abordar as realidades enfrentadas pelas nações em desenvolvimento", continuou.

Banco dos Brics

Vieira também defendeu que o bloco continue a promover mecanismos financeiros alternativos, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês, mais conhecido como Banco dos Brics).

A instituição, segundo o chanceler, desempenha um papel vital no financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. "A resposta mais eficaz à crise do multilateralismo é mais multilateralismo."