Ameaças à sociedade civil saltam 256%, aponta estudo

Política
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Entre janeiro e fevereiro de 2019, os dois primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, o Palácio do Planalto discutia uma mudança nos critérios do repasse de verbas públicas a organizações não governamentais (ONGs). Foi a primeira vez que entidades da sociedade civil entraram em alerta para uma possível restrição à sua atividade. A ideia foi contornada após uma reunião do então ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, com representantes de três ONGs.

Desde então, o trabalho de entidades independentes tem ficado mais difícil. Um monitoramento do Instituto Igarapé a ser divulgado nesta sexta-feira (13) aponta que a sociedade civil tem sido alvo de ameaças cada vez mais frequentes. A entidade contabilizou 406 ataques à independência dos Poderes, a direitos civis e à liberdade de expressão entre abril e junho deste ano. No primeiro levantamento, entre outubro e dezembro de 2020, o instituo havia identificado 114 situações desse tipo, portanto houve um aumento de 256%.

O monitoramento é focado em ameaças ao chamado "espaço cívico" na sociedade. Segundo o instituto, são pressões para restringir a atuação de universidades, órgãos técnicos do governo, ONGs e da imprensa independente. Os casos compilados no levantamento incluem censura, intimidação e assédio contra profissionais, restrições de financiamento e campanhas de desinformação.

"Não existe democracia sem espaço cívico forte, sem atuação da sociedade civil", diz a cientista política Ilona Szabó, presidente do Igarapé. "Existiam pessoas no governo que, independentemente de posições, estavam abertas ao diálogo, e essas pessoas foram defenestradas", diz Ilona, usando como exemplo a demissão do general Santos Cruz.

As modalidades de ameaça ao espaço cívico vão do abuso de autoridade às campanhas oficiais de desinformação. Casos em que há oferta de privilégios em troca de apoio, por exemplo, são classificados como "cooptação". Nessa categoria estão propostas como o "pacote de bondades'' do presidente Jair Bolsonaro para policiais militares, que inclui medidas como facilidade de acesso a crédito imobiliário e uma nova lei orgânica que esvazia o poder dos governadores sobre as forças.

Outra categoria é o "jogo duro constitucional", que é o uso indevido de cargos públicos para forçar a interpretação de leis até o limite para beneficiar grupos políticos. São situações como as tentativas de adiar a instauração de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e a redução da transparência sobre os gastos públicos.

"O devido processo legal já é bastante lento por natureza, e em algumas instituições vemos que há pessoas em cargos-chave cooptadas, há um claro aparelhamento do Estado", diz a pesquisadora Renata Giannini.

O estudo também identificou um aumento da reação das instituições às ameaças. "Temos alguns antídotos, estamos testando, e acho que é um momento de inflexão", diz Ilona. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Departamento do Tesouro americano confirmou nesta quarta-feira, 30, a assinatura de um acordo para estabelecer o Fundo de Investimento para a Reconstrução da Ucrânia.

"Esta parceria econômica posiciona nossos dois países para trabalhar em colaboração e investir juntos para garantir que nossos ativos, talentos e capacidades mútuos possam acelerar a recuperação econômica da Ucrânia", diz o comunicado do departamento americano.

"Como disse o Presidente, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido. Este acordo sinaliza claramente à Rússia que o Governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo", afirma o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, no comunicado.

"E para deixar claro, nenhum Estado ou pessoa que financiou ou forneceu a máquina de guerra russa poderá se beneficiar da reconstrução da Ucrânia", pontua Bessent.

O Tesouro disse que tanto os Estados Unidos quanto o governo da Ucrânia estão ansiosos para operacionalizar rapidamente a parceria econômica histórica para os povos ucraniano e americano.

O acordo concederá aos EUA acesso privilegiado a novos projetos de investimento para desenvolver os recursos naturais ucranianos, incluindo alumínio, grafite, petróleo e gás natural, segundo informou a Bloomberg.

Acordo ocorre após semanas de negociações e tensões entre Washington e Kiev. Em 28 de fevereiro, o presidente e vice-presidente dos EUA, Donald Trump e JD Vance, discutiram, publicamente e em tom muito duro, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma transmissão ao vivo do Salão Oval da Casa Branca. O encontro frustrou a expectativa de assinatura de um acordo na ocasião. Após a discussão, o presidente ucraniano deixou o local.

No último fim de semana, em encontro paralelo ao funeral do papa Francisco, em Roma, Trump e Zelensky tiveram uma reunião.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), Elon Musk, "pode ficar o quanto quiser no governo" e que ele "tem ajudado o país de maneira tremenda, mas quer voltar para casa, para seus carros" na Tesla.

As declarações foram feitas durante uma reunião de gabinete com a equipe do governo republicano.

Trump também afirmou que Musk tem feito "sacrifícios" pelo país e voltou a agradecer ao CEO da Tesla. "Esse cara tem sido tratado de maneira muito maldosa ultimamente. Mas saiba que os americanos estão do seu lado", declarou.

Musk, por sua vez, agradeceu a Trump, mas não comentou se continuará à frente do Doge.

O Paquistão afirmou nesta quarta-feira, 30, que possui "informações confiáveis" de que a Índia planeja realizar um ataque militar no país nas próximas 24 a 36 horas "sob o pretexto de alegações infundadas e inventadas de envolvimento" e prometeu responder "com muita veemência".

Não houve comentários imediatos de autoridades indianas, mas representantes do governo da Índia disseram que o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, "deu total liberdade operacional às forças armadas para decidir sobre o modo, os alvos e o momento da resposta da Índia ao massacre de Pahalgam".

A tensões entre Índia e Paquistão têm aumentado, após um ataque mortal a turistas na Caxemira - região que é dividida entre Índia e Paquistão e reivindicada por ambos em sua totalidade - na semana passada. O lado indiano busca punir o Paquistão e acusa-o de apoiar o ataque em Pahalgam, o que o lado paquistanês nega.